Frutos típicos do cerrado entram para lista da "Arca do Gosto"
Campo Grande (MS) - Pelo menos cinco alimentos típicos do Cerrado, comuns em Mato Grosso do Sul e encontrados com certa facilidade, inclusive em Campo Grande, estão na Arca do Gosto do Slow Food, organização internacional, sem fins lucrativos, que luta para que todos possam conhecer e desfrutar da boa comida.
"Trata-se de um catálogo mundial, disponível a quem tiver interesse, que identifica, localiza, descreve e divulga sabores quase esquecidos de produtos ameaçados de extinção, mas ainda vivos, com potenciais produtivos e comerciais reais”, resume a publicação.
A iniciativa existe desde 1996. Desse tempo para cá, mais de 1 mil itens, de dezenas de países, foram integrados à Arca. Do Brasil, até agora, são 28. Cinco deles são comuns no Estado. A bocaiúva é um exemplo.
O “coquinho” foi indicado pela chef de cozinha Magda Alves e recém adicionado à lista. Também conhecida como chiclete pantaneiro, chiclete de bugre, de boi, macaúba, coco-baboso, mucujá, mocujá, mocajá, macaíba, macaiúva, umbocaiúva, imbocaiá ou côco-de-espinhos, a fruta, que pode ser consumida in natura, na forma de polpa ou farinha, tem, segundo a pesquisa, “significativo valor energético, grande concentração de carboidratos e alto teor de betacaroneto, precursor da vitamina “A”.
A bocaiuva é comum em Campo Grande, mas pode ser encontrada desde o Pará até São Paulo, passando por Mato Grosso e Rio de Janeiro. Além do Brasil, ocorre na Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, nas três Guianas, no México e em toda a América Central.
A castanha de cumbaru, cuja área de produção aparece em Pirenópolis, Goiás e na região Centro-Oeste, também é tipico do cerrado sul-mato-grossense. O produto tem alto valor nutricional e, segundo a Arca, contém cerca de 26% de proteínas. Pode ser consumido inteiro ou para o preparo de receitas de doces típicos. Tem gente que mistura, inclusive, no brigadeiro .
O Arroz Nativo do Pantanal, também conhecido como Arroz do Campo, é outro alimento que faz parte da lista. Segundo o estudo, o produto - que além do Mato Grosso do Sul, pode ser encontrado no Mato Grosso, Argentina, Paraguai e Bolívia - era tradicionalmente colhido e utilizado na alimentação dos índios Guató, canoeiros do Pantanal, que vivem às margens do Rio Paraguai e não usam mais os grãos para o consumo. Eles chamavam o arroz de Machamo. Não havia plantio, somente a colheita.
Atualmente, a população que colhe é de não indígenas que moram ao longo do rio Paraguai, nas comunidades da Barra do São Lourenço e do Castelo. Das espécies silvestres Oryza latifolia Desv e Oryza glumaepatula Steud, o arroz, diz a Slow Food, “é um produto de sabor agradável, tem teor de vitaminas e proteínas mais alto do que as variedades de arroz integral encontradas no mercado”.
Tem, segundo avaliação da entidade, potencial econômico, mas nunca foi comercializado. A pesquisa está à cargo da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em parceria com a ONG ECOA.
O jatobá, que não agrada o paladar e nem o olfato de todo mundo, também foi elencado. A fruta, mais consumida na forma de farinha (para o preparado de bolos e pães, por exemplo) também por ser encontrada no Estado. Trata-se de um alimento tradicional, mas que não é tão consumido pelas gerações atuais.
De acordo com o levantamento da arca, o jatobá, é nutricionalmente relevante. “Contem proteína, vitaminas, cálcio e potássio. Em alguns casos pode-se assumir que ela chega a substituir a farinha de milho, alimento estratégico para a comunidades indígenas do Xingu”.
O pequi, um dos principais alimentos vendidos pelas mulheres indígenas, em frente ao Mercadão Municipal de Campo Grande, completa a lista de sabores regionais. A Arca descreve o produto como um fruto de sabor perfumado e único, altamente calórico, rico em vitamina A e proteínas. Para ver a lista completa, clique aqui.
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