Poesia | Correio do Estado | 26/10/2016 07h14

Recital em Campo Grande homenageará poeta mineira

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Não basta o contemplar da poesia, a admiração dos versos vestidos de amor, fé, simplicidade e o teclar do sentimento nas coisas e acontecimentos do cotidiano; importa que o olhar do leitor não apenas divague despercebido, mas vá fundo, na alma do poeta.

Assim, com essa magnitude, o XIV Recital de poesia do Curso Arte de Dizer Castro Alves, evento que realizo anualmente, com o apoio da ASL, desta vez homenageará a reconhecida poeta mineira Adélia Prado.

Adélia Luiza Prado Freitas nasceu em 13 de dezembro de 1935 em Divinópolis, Minas Gerais, onde vive até os dias de hoje. Seus poemas têm o Tom divino e harmonioso das coisas puras e simples, que extravasam a força da palavra.

Começou a escrever seus primeiros versos após o falecimento de sua mãe, em 1950, e em 1973 forma-se em Filosofia. Para Adélia, o cotidiano é a própria condição da literatura. E assim, ela submeteu os originais de seus poemas ao crítico literário Afonso Romano de Sant’Anna, e este à apreciação de Carlos Drummond de Andrade, que sugeriu a Pedro Paulo de Sena Madureira, da Editora Imago, que publicasse o seu livro, com a indicação de seus poemas como “fenomenais”.

Dessa forma, em 1976, estreia em grande estilo para a literatura, com o livro Bagagem, lançado no RJ, com a presença de importantes intelectuais. Em 1978, lança “O coração disparado”, que foi agraciado pelo prêmio Jabuti. Com o sucesso de sua carreira, abandona o magistério e dedica-se integralmente à literatura. Dirigiu peças teatrais como o “Cara e Coragem”, na montagem de “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna e muitas outras de sua autoria.

Foi convidada a participar do Encontro Internacional de Intelectuais, em Portugal, pela Soberania dos Povos de Nossa América, além de outros. Suas obras em poesia são: Bagagem, O coração disparado, Terra de Santa Cruz, O Pelicano, A faca no peito, Oráculo de Maio, A duração do dia, Poesias Reunidas. E em prosa: Soltem os cachorros, Cacos para um vitral, Os componentes da banda, O homem da mão seca, Manuscritos de Filipa, Filandras, Quero minha mãe, Quando eu era pequena.

Acometida por crise de depressão, sentiu o silêncio dos versos por alguns anos e assim avaliou: “a aridez como uma experiência necessária”.

Homenagear Adélia Prado traz lembranças inesquecíveis. Quando da primeira “Noite Nacional da Poesia”, da UBE-MS, tive a oportunidade de conhecê-la e passar bons momentos em sua companhia, de seu esposo José Freitas e sua produtora Carminha. Homenageei-a com a poesia “Coração Mineiro”, de minha autoria, no Auditório da FIEMS e a recebi em minha casa por duas vezes. Fomos ao aeroporto acompanhá-la em sua despedida sob forte neblina do mês de junho, motivo pelo qual os voos foram cancelados. Adélia, que não é adepta a viajar de avião, ficou muito feliz, e seu esposo José e meu esposo Nelson foram à rodoviária comprar passagens de ônibus. E assim, juntamente com o grupo de poetas que foram fazer o famoso “bota-fora”, fomos juntos almoçar e depois mostrar-lhes os pontos turísticos da Cidade Morena.

No fim da tarde, já em minha casa, Adélia Prado, sentada à mesa, lia um livro, enquanto eu preparava a nossa chipa sul-mato-grossense, para diversificar do pão de queijo mineiro. No início da noite partiram e aqui ficamos enlevados pela oportunidade ímpar de tê-la em nossa companhia. Chegando a Belo Horizonte, nos ligaram muito gratos pela nossa recepção. Portanto, o XIV Recital do Curso Arte de Dizer Castro Alves fará uma justa homenagem à virtuosa poeta mineira Adélia Prado, que será realizada no dia 26 de outubro, no Auditório do Sesc/Horto, às 19h15min, com entrada franca.

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