Geral | Com Observatório do Cinema | 02/02/2024 14h02

Por que os últimos filmes da Marvel decepcionaram nas bilheterias

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Os filmes do Universo Cinematográfico Marvel já foram sinônimo de sucesso comercial. Mas os últimos lançamentos do estúdio, As Marvels e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, não demonstram toda a força de outrora.

As Marvels acabou de estrear, mas conforme as projeções já apontavam, o filme teve a pior bilheteria de estreia de todos os tempos do MCU, arrecadando US$ 47 milhões neste fim de semana nos EUA.

Além de As Marvels, apenas dois filmes na história do MCU registraram abertura inferior a US$ 60 milhões: O Incrível Hulk (US$ 55,4 milhões) e Homem-Formiga (US$ 57,2 milhões).

No mercado internacional, As Marvels também decepcionou, faturando US$ 63,3 milhões para uma bilheteria mundial de US$ 110 milhões. A Disney espera que o filme arrecade pelo menos US$ 140 milhões até o final da próxima semana.

Já Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania mal recuperou seu orçamento de US$ 200 milhões, tendo arrecadado US$ 476 milhões (via de regra, um filme precisa do dobro de seu orçamento para lucrar, visto que os gastos com marketing não estão inclusos no orçamento).

Esse fenômeno se aplica a outros filmes de super-heróis, como The Flash e Besouro Azul. O mesmo vale para franquias famosas como Velozes e Furiosos e Missão Impossível, cujas iterações mais recentes também decepcionaram.

Por que o MCU está flopando?

Com algumas exceções, se você observar os pôsteres dos filmes do MCU como um todo, há uma semelhança entre eles. O personagem principal está na frente e no centro, andando para a frente – ou, especialmente se você observar os pôsteres de Thor: Ragnarok, Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita lado a lado, a aparência é quase idêntica.

Essa semelhança se estende além do material promocional para os filmes em si: apresentar o herói, inserir o vilão, algumas partes engraçadas, encerrar o filme com uma batalha épica, repetir e, em seguida, lançar uma equipe aqui e ali.

Naturalmente, essa é uma generalização ampla, já que o MCU proporcionou alguns momentos surpreendentes, mas quando o público foi treinado para saber o que esperar, fica muito mais difícil diferenciar os filmes uns dos outros.

Isso leva diretamente à próxima questão: expectativas. A Saga do Infinito do MCU ensinou aos espectadores que os filmes trabalham juntos para chegar a um grande final, como Vingadores: Ultimato.

A Saga do Multiverso em que o MCU se encontra agora está seguindo exatamente a mesma trajetória, com vários filmes que definem Kang (Jonathan Majors) como o “novo Thanos”, que acabará com o filme de grande evento Vingadores: Guerras Secretas em 2027.

A menos que você esteja realmente interessado em todo o enredo, por que desperdiçar seu tempo e dinheiro com os filmes precursores quando você pode ver o espetáculo de todos os heróis na tela ao mesmo tempo lutando contra um inimigo comum?

A insistência de Bob Iger, CEO da Disney, é que os problemas do MCU estão nos efeitos visuais e na saturação excessiva, o que não deixa de fazer parte do problema.

Mas detalhes recentes sugerem que os problemas são ainda maiores do que grande parte das pessoas imagina.

Problemas da Marvel são mais profundos
Um artigo recente da Variety aponta para uma série de problemas com os quais a equipe da Marvel está lidando no momento.

Como parte da zelosa reestruturação da Disney feita por Iger, dois executivos foram demitidos: Isaac “Ike” Perlmutter, presidente da Marvel Entertainment, e a produtora executiva Victoria Alonso. No entanto, fontes da Variety afirmam que Alonso foi um bode expiatório e que os problemas de efeitos visuais, especificamente com a Mulher-Hulk, são evidências de um problema mais profundo.

Uma fonte disse: “Os chamados efeitos visuais ruins que vimos foram causados por roteiros mal feitos. Essa não é a Victoria. Esse é o Kevin [Feige]. E até mesmo acima de Kevin. Essas questões deveriam ser tratadas na pré-produção. A linha do tempo não está permitindo que os executivos da Marvel vejam o material.”

Um exemplo alarmante dado é que no arco original de She-Hulk, um flashback da transformação de Tatiana Maslany não aconteceu até o Episódio 8. Somente depois de ver a filmagem, os executivos da Marvel decidiram que a cena precisava acontecer no episódio piloto, o que resultou em um novo roteiro e na necessidade de adicionar mais efeitos visuais na pós-produção.

Da mesma forma, mesmo depois que programas como WandaVision já haviam começado, os efeitos finais ainda estavam sendo adicionados. A recepção sem brilho de Invasão Secreta da Marvel pareceu servir apenas como confirmação do que estava sendo dito.

O MCU está longe demais para reacender sua magia? Nem um pouco. Guardiões da Galáxia Vol. 3, foi um sucesso, provando que uma boa história – especialmente uma história direta, diferente, ainda tem o poder de atrair as pessoas.

A recente revelação do Marvel Spotlight, um selo sob a qual a Marvel Studios lançará conteúdo com foco em personagens e histórias realistas, promete que as séries de TV e os filmes serão independentes, e os espectadores não serão colocados em uma posição em que precisarão ver todas as obras do MCU para entender o que está acontecendo.

Dessa forma, o MCU está em apuros por conta da necessidade do espectador em ver excessivas obras, roteiros fracos, que não cumprem expectativas, além de problemas de efeitos visuais. A saturação entra em jogo, claro, mas há espaço para reconquistar os fãs. Basta mais cuidado e parcimônia nos lançamentos.

As Marvels está em exibição nos cinemas.

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