Artesanato | Da redação | 30/11/2016 14h02

Presídio feminino da Capital confecciona perucas para doação a mulheres com câncer

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Fazer o bem a mulheres que estão em tratamento contra o câncer está dando mais sentido à vida de internas do Estabelecimento Penal Feminino Irmã Irma Zorzi (EPFIIZ), na Capital, onde teve início esta semana um projeto de confecção de perucas. A iniciativa faz parte de uma parceria entre o Governo do Estado – por meio da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) – Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul e a Rede Feminina de Combate ao Câncer.

O projeto foi idealizado pelo juiz Albino Coimbra Neto, da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, e está sendo desenvolvido pela Agepen, por meio da Diretoria de Assistência Penitenciária e da direção da unidade, tendo como proposta prioritária o resgate da autoestima das mulheres em situação de prisão – sanando a ociosidade – e das que estão em tratamento da doença que, durante a quimioterapia, perdem o cabelo, o que, muitas vezes, traz sequelas físicas e emocionais.

“Entendemos que é uma ação muito positiva e de benefício mútuo, pois contribui diretamente com a sociedade e, ao mesmo tempo, leva ocupação produtiva e ajuda a capacitar profissionalmente nossas custodiadas, nelas incutindo também novos valores psicológicos e humanos”, defende o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa Garcia.

Para a realização dos trabalhos, foi adquirida uma máquina zig zag para costura das perucas e contratada uma instrutora, além da compra dos insumos necessários, tudo financiado com recursos provenientes do desconto de 10% do salário pago a presos que trabalham em Campo Grande.

Dez internas estão sendo qualificadas e trabalharão em uma oficina permanente, montada no presídio, para a confecção das perucas. Conforme a diretora do EPFIIZ, Mari Jane Boleti Carrilho, além da parte social, da satisfação em ajudar alguém que está passando por um momento tão difícil, o trabalho garante às detentas remição de um dia de pena a cada três de serviços prestados.

“Fazer o bem sem olhar a quem, poder ajudar sem conhecer e sem nunca ter visto é satisfatório para mim, pois alguém estará feliz usando essas perucas”, comenta a reeducanda Andreia da Silva, 32 anos, umas das que estão sendo qualificadas. Ela acredita que a participação no curso ajudará no retorno ao convívio social. “A qualificação, seja em qual área for, é muito importante, e esse curso também me faz sentir melhor comigo mesma, pois posso ajudar quem necessita”, afirma.

Segundo a instrutora do curso, Ângela Aparecida Borges Fernández que veio de Três Lagoas para passar o conhecimento às custodiadas, além do prazer em ajudar ao próximo, as reeducandas estarão preparadas para um mercado de trabalho escasso de profissionais, em que a demanda cresce a cada dia, seja pelo aumento no número de casos de câncer, seja por outras áreas, como o entretenimento ou mesmo de mulheres que compram perucas como acessórios. Ângela desenvolve trabalho semelhante de confecção de perucas no Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas.

Parte dos cabelos utilizados foi doada por algumas internas, após campanha realizada pela direção do presídio, e a outra parte oferecida pela Rede Feminina de Combate ao Câncer, que ficará responsável pela reposição do material, bem como pela correta distribuição das perucas.

“As perucas são recebidas com muita alegria, pois as pacientes elevam sua autoestima e saem de lá com muito mais confiança para continuar seu tratamento”, destaca a representante da Rede Feminina da Capital, Dirce Ramos.

O curso de qualificação das detentas para a confecção de perucas prossegue até sexta-feira (2) e na próxima semana já tem início o funcionamento efetivo da oficina de confecção, sob os cuidados da chefe do Setor de Trabalho do EPFIIZ, agente penitenciária Michele Aparecida Fruhauf.

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