Poesia | Da Assessoria | 18/05/2020 12h41

Poema na Quarentena MS entra na 2ª fase com mais 14 poetas

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Depois do sucesso da primeira fase do projeto (realizado entre os últimos dias 6 e 14), o Poema na Quarentena MS entra em sua segunda fase com mais 14 poetas. Agora, 28 poetas sul-mato-grossenses se revezarão em duplas que, diariamente, a partir do próximo dia 20, levarão a poesia para as redes sociais com o objetivo de amenizar o isolamento social e promover a cultura.

O projeto, que surgiu de um papo entre os poetas Victor Barone e Fábio Gondim, pode ser acessado no Facebook a partir da hashtag #poemanaquarentenams.

“O formato do projeto é muito democrático. Um poeta diz o poema de outro em um ciclo que se repete durante duas semanas, semeando as redes sociais com poesia. Agora, esta segunda fase, cada dupla dirá seu poemas em um determinado dia”, explica Barone.

Além de oferecer um momento de arte com os poemas, o projeto incentiva a leitura, inspira e distrai aqueles que estão presos em casa. “Quando a solidão toma conta, e o medo assume as ruas, é preciso ter a chance de viajar em si e no outro, não há maior necessidade da poesia que em momentos como esse. Só a poesia é capaz de acalentar a pandemia da solidão”, diz a atriz Ligia Prieto, que também participa do projeto.

Para Fabio Gondim, a relevância de eventos como este se traduz no fortalecimento íntimo, de cada um, nestes tempos atípicos. “Tanto quem oferta quanto quem recebe o conteúdo são beneficiados. E a poesia, a arte em geral em momentos adversos, é dos melhores remédios”, afirma.

Ted Hughes, um dos maiores poetas do século XX, em suas anotações feitas durante o Festival Internacional de Poesia em 1967 disse: “A poesia é uma língua universal que todos podemos atingir.” Para o produtor cultural Vini Willyan, outro poeta que participa do projeto, o Poema na Quarentena MS é uma oportunidade de se colocar mais próximos uns dos outros. “E também uma iniciativa muito bonita, considerando o momento de isolamento”, reflete.

Para o poeta e filósofo Elias Borges, a quarentena provocada pela covid-19 nos mostra que pouco sabemos sobre o amanhã. “Se viessem me pedir um conselho como filósofo, eu diria para escutarem as orientações dos médicos. É o mais sensato. No filme ‘Desconstruindo Harry’, quando brinca com a pertinência da ciência, Woody Allen diz: ‘entre o papa e o ar-condicionado, fico com o ar-condicionado’. Não cabe à filosofia dar conselhos, no máximo sugerir. Ela mesmo diz não saber de nada. E em muitos momentos ela sugeriu a poesia”, afirma.

Martin Heidegger, filósofo e poeta, disse que o humano é um ser-para-a-morte, e que a poesia é o local mais originário do homem. “Ele propôs uma ruptura com a metafísica e uma aproximação ou regresso às ‘coisa mesmas’. O projeto ‘Poema na Quarentena MS’ é bem isso, uma reunião de poetas que não tem a menor vontade de oferecer novas perspectivas para a compreensão do sujeito, mas estão sempre escrevendo e sinalizando para a infinitude de tudo. Talvez desfrutar novamente da experiência original do pensamento com a poesia, algo que perdemos com o tempo, já seja uma meta bastante ambiciosa”, finaliza.

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