Oficina | Com FCMS | 23/08/2024 12h03

Oficina de bordado em folhas do cerrado encanta FIB 2024

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Com o objetivo de trazer novas técnicas de bordados, utilizando folhas de um dos maiores biomas do Mato Grosso do Sul, na manhã desta quinta-feira (22), foi realizada a oficina “Bordado em Folhas do Cerrado”, no Festival de Inverno de Bonito 2024, uma atividade que acrescenta ainda mais delicadeza à prática do bordado, dando vida para o tema deste ano, “da terra viva, nossa arte vibra”.

A oficina começa com a apresentação detalhada de todo o processo de preparação das folhas antes de receberem o bordado, desde a coleta e higienização até a secagem. São indicadas as espécies de folhas que melhor se adaptam a esses processos. Além disso, os participantes aprenderam como preservar o bordado após sua finalização. Todos receberam um material teórico em PDF, que inclui as informações abordadas na oficina e um passo a passo detalhado, necessário para concluir o bordado caso não conseguissem finalizá-lo durante a atividade.

Natural de Ivinhema, o designer responsável pela oficina, Alan Vilar, reside em Campo Grande, onde atua na área das artes visuais há mais de dez anos, participando de exposições e festivais, além de lecionar desenho, pintura e, atualmente, bordado.

Durante a pandemia, Alan expandiu sua pesquisa para explorar diferentes técnicas e suportes, incorporando o bordado em suas produções artísticas. Seu conhecimento em desenho e pintura foi fundamental para que ele desenvolvesse rapidamente técnicas como pintura de agulha e stumpwork, inicialmente aplicadas em folhas secas e, posteriormente, em outras superfícies, como folhas esqueletizadas, penas, insetos, cascas, favos, pétalas e fibras naturais.

Alan Vilar, 29 anos, desenvolve produtos com os bordados e ressalta como iniciou a técnica em folhas esqueletizadas. “Eu sempre tive esse contato com a natureza, então eu comecei a trabalhar o figurativo do bordado realista também nas folhas e, a partir disso, como eu vi que daria pra bordar na folha, pensei, então deve dar pra bordar na folha esqueletizada, que é uma folha que passa por um outro processo de preparo, onde eu retiro toda a clorofila e bordo só na nervura da folha, aí fui para a pétala, pena, favo, então eu comecei a coletar um monte de superfícies diferentes para trabalhar essa técnica”.

Inspirado pela natureza, nos desenhos dos bordados, Alan traduz a riqueza da fauna e flora brasileiras, especialmente do Pantanal sul-mato-grossense, em suas obras por meio de linhas e cores, incentivando um olhar mais atento, humano e comprometido com a sustentabilidade e preservação das belezas naturais do Brasil. A técnica de bordado utilizada é tradicional e se chama pintura de agulha, por se tratar de um bordado realista.

Sobre a quebra de paradigmas com o bordado, Alan ressalta o motivo de trazer a técnica para o Festival de Inverno de Bonito. “O bordado, por muito tempo, foi ensinado só para as mulheres. É legal trazer isso aberto para pessoas de qualquer idade e qualquer sexo. A técnica tradicional, ou bordada em folha seca, eu não sou pioneiro, porém, depois disso eu comecei a fazer em outras superfícies, têm superfícies que eu fui fazendo, que eu fui pioneiro, a partir dessa referência de outros artistas que bordavam em folha seca”.

João Paulo Martinez, 32 anos, bonitense é artista visual e tatuador. Ele explica a motivação da participação na oficina. “Eu fiquei sabendo pelas redes sociais sobre a oficina. Todo ano eu acompanho o festival e estou por aqui aprendendo uma técnica nova. Eu procuro me especializar e aproveito que essas oficinas estão acontecendo para adquirir novos conhecimentos”.

Andreia Garbin, 28 anos, moradora de Bonito e comerciante, faz bordado em chinelos e tem familiaridade com o artesanato, mas relata nunca ter bordado em uma superfície tão delicada quanto a folha seca.

“Eu fiquei sabendo da oficina pelo Instagram. Eu já tinha visto esses bordados no TikTok uma vez e falei assim: ‘nossa, mas bordado na folha é uma coisa muito diferente’. Aí quando eu vi que ia ter aqui, pensei, ‘não vou fazer’, porque é muito diferente, a gente imagina que vai pegar a folha e a folha vai quebrar tudo, mas ela é bem segura, conforme você vai bordando, vai dando mais segurança ainda para bordar”.

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