Museu | Com FCMS | 23/05/2024 13h26

Semana Nacional dos Museus 2024 foi encerrada com Sarau

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A 22ª. Semana Nacional de Museus realizou um sarau de encerramento como parte da programação. Com o tema “Museus, Educação e Pesquisa“,em Mato Grosso do Sul, as ações foram sendo organizadas pelo Sistema Estadual de Museus de MS, que integra a Gerência de Patrimônio Histórico e Cultural da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. O evento aqui no Estado foi realizado em parceria com a Sectur, SED e Iphan. A Semana Nacional de Museus é uma temporada cultural coordenada pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) e acontece todo ano em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio).

Presente no Sarau, a coordenadora do Sistema Estadual de Museus de MS, Cristiane Freire, falou um pouco sobre as ações realizadas durante o evento: “Nós tivemos várias cidades realizando ações, as ações foram super diversas, a gente teve um ciclo de palestras sobre educação museal, a gente teve a realização de exposições, encontros, pinturas ao vivo como a gente está vendo aqui hoje, feiras, uma noite no museu, que é um projeto de Maracaju incrível, as escolas e universidades dentro de um museu para ouvir sobre as histórias da cidade de Maracaju, do museu, a gente teve ações em Costa Rica, em Corumbá, e nós tivemos muitas pessoas interessadas em fazer mais coisas no ano que vem, mesmo aqui em Campo Grande e nas outras cidades que participaram de todas as ações”.

Cristiane Freire afirma que o Sistema está realizando um mapeamento dos museus em Mato Grosso do Sul. “Nós temos cadastrados hoje uma média entre 60 e 75 museus, mas nem todos eles estão funcionando plenamente, alguns por reforma, outros que estão sendo remodelados, ou museus que não existem mais mas eles continuam cadastrados no site do Ibram, então a gente tem uma realidade que está sendo mapeada. Mais adiante, daqui a alguns meses a gente vai ter um mapa mais acertado para dizer quantos são, o que eles têm, o que oferecem para população”.

Para Cristiane, a Semana dos Museus se encerra com um saldo positivo. “Muitas pessoas costumam dizer de um modo pejorativo ‘isso aqui é coisa de museu’, e a minha ideia é que as pessoas possam dizer daqui pra frente ‘nossa que bacana, isso aqui é coisa de museu’, que os museus estejam cada vez mais fazendo parte do cotidiano da comunidade, que a comunidade se aproprie dessa realidade de tudo que eles podem oferecer. A gente vai encerrar a 22ª Semana de Museus de Mato Grosso do Sul com um saldo extremamente positivo, nós estamos muito felizes, tanto na adesão dos museus e espaços de memória na sua participação como também na participação da população em cada evento que foi oferecido, em cada momento que foi ofertado, cada oportunidade de descobrir o que que é coisa de museu”.

O diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Eduardo Mendes, esteve presente no sarau de encerramento e afirmou que é necessário ter um olhar de preservação para o nosso patrimônio histórico. “A gente precisa olhar com olhos de preservação, porque muitas coisas estão se perdendo, a nossa cultura vai se esvaindo por conta da não preservação dos museus e também do patrimônio público em geral, histórico. Então estar aqui hoje na 22ª Semana, num local icônico, muito próximo à estação ferroviária, na Praça do Trem, fazendo esse movimento com feira, com esses grafites e pinturas nos muros faz com que a gente olhe melhor para este lado da cidade e que a gente comece a pensar melhor com relação à nossa preservação. E terminarmos no Dia Internacional dos Museus com sarau, com música, com arte, com artes visuais, com artesanato, é tudo de melhor para esta semana que a gente viveu aqui a 22ª Semana Nacional dos Museus”.

O secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, disse que a Semana dos Museus é uma ação muito importante da Fundação de Cultura, do Governo do Estado. ”A gente segue uma determinação do governador Eduardo Riedel de olhar de forma muito especial para a nossa história, e a preservação e o estímulo ao cuidado com nossos museus é muito importante. A Fundação de Cultura está de parabéns de proporcionar este evento que além de diversas atrações, também agregar o artesanato, a música, traz essa discussão sobre a importância dos museus de Mato Grosso do Sul”.

O sarau contou com a presença de vários dirigentes de museus e de instituições ligadas ao patrimônio histórico. Uma delas é Laura Roseli Pael Duarte, diretora do Museu de Arqueologia da UFMS, que falou um pouco sobre as atividades realizadas pelo MuArq durante a Semana dos Museus: “Nós tivemos muitas atividades, palestras, oficinas, a inauguração dentro do museu de uma sala verde da UFMS, que trabalha com a educação ambiental, então foi uma semana cheia de atividades. A gente começa a história, como a arqueologia, que fala sobre a ocupação humana, sítios mais antigos de ocupação humana foi 12 mil anos, então eu falo que a gente começa a história de Mato Grosso do Sul, então a importância dele é enorme aqui para a nossa população. O museu dissemina as informações de aprendizagem, ele leva a comunidade, a sua cultura, a sua história, nós trabalhamos com educação patrimonial fortemente com crianças, adolescentes, grupos de idosos, com a comunidade mesmo, que às vezes tem ainda receio de ir ao museu, de ser um local que não é visitável, e o museu faz esse papel hoje de chamar a comunidade”.

Carlos Eduardo da Costa Campos, professor de História e Arqueologia da UFMS e coordenador do laboratório Atrium, responsável pelo acervo de numismática e trabalha com arqueologia clássica, falou que a sua instituição participa anualmente da Semana Nacional de Museus promovendo atividades. “Nós temos o museu itinerante, onde nós fazemos exposições sobre o acervo de numismática do Museu Histórico Nacional, que nós temos o acordo de cooperação com eles, e também com o nosso próprio acervo, onde a gente apresenta nossas réplicas, as moedas do Museu Histórico Nacional, que fica no Rio de Janeiro, bem como o nosso acervo de moedas da antiguidade grega e romana, que nós temos moedas originais no laboratório que servem de estudo para os alunos de graduação. O museu ele é o principal vetor de transformação cultural, é com ele que a gente consegue elaborar ensino, pesquisa, extensão, interação social, democratização do conhecimento. Ele une todas as esferas da sociedade nesse espaço e também no diálogo que ele promove”.

Leandro Mendonça Barbosa, coordenador do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro Seção Mato Grosso do Sul, afirmou que os museus abrem múltiplas possibilidades de análise, de estudo e de salvaguarda da memória do patrimônio: “O Fórum reúne dezenas de entidades desde a Antropologia, até a Arqueologia, passando por Arquitetura, História, Geografia. Eu acho que o museu é síntese de todos esses campos, o museu abre múltiplas possibilidades de análise, de estudo e de salvaguarda da memória do patrimônio, então uma semana de museus só vem a acrescentar uma discussão que é essencial atualmente no país, que é a proteção do nosso patrimônio, é a proteção da nossa memória, e essa semana contribui muito para a gente pensar o museu como algo vivo. Tanto se fala aquele velho jargão, quem gosta de passado é museu, mas não, o museu é presente, o museu está vivo, e existem inúmeras possibilidades de se pensar um museu, um museu itinerante, um museu de memória, um museu de artefatos, casas e centros culturais que podem abrigar museus, então a Semana de Museus contribui muito para Mato Grosso do Sul que é um Estado que tem muita memória”.

Durante o sarau, foi realizado o projeto Memórias do Trecho, em que foram pintados os muros do entorno do Museu de Arte Urbana (Muau) com histórias retratadas sobre a ferrovia. À frente do projeto, Guido José dos Reis Júnior Drummond, coordenador do Muau: “O Muau é um ecomuseu que nasce dentro de uma comunidade, voltado para a comunidade, então nós temos que trazer aquilo que tem significado e que faz sentido para quem está no nosso entorno. E aqui onde nós estamos, o complexo ferroviário, é disso que nós temos que falar, é isso que as pessoas viveram, é isso que elas trouxeram para a cidade. O projeto Memórias do Trecho foi uma provocação que a gente fez aos artistas para ouvirem a história, uma boa memória, uma história alegre, uma história feliz, um acontecimento importante na vida da pessoa, e transformar isso numa imagem,, e através desse projeto nós conseguimos que o Iphan, a Fundação de Cultura e a Sectur nos apoiassem, nos cedessem o muro da plataforma cultural para nós fazermos essa exposição a céu aberto, extrapolou a expectativa, tivemos muito mas muros pintados. Essa é só uma primeira fase do projeto, porque o Muau é o museu de céu aberto de Campo Grande e ele vai crescer, essa é a primeira fase de expansão, porque até então nós só tínhamos trabalhado nos muros do entorno do museu e agora nós estamos expandindo”.

João Henrique dos Santos, superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Mato Grosso do Sul, explicou que essa ação junto com o Muau, esse projeto Memórias do Trecho, foi pensado a várias mãos. “Tanto o Muau, como a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, a Sectur, a Faped, ex-ferroviários e o Iphan compôs a equipe para pensar, idealizar, e também precisou da aprovação do órgão para executar os murais.. A gente participou nessa ação em si. O Muau já é um museu de grandes novidades, e ele traz essa ousadia, ele ousou transpor os limites do próprio museu e ocupar esta área da ferrovia, isso para a gente facilita muito, essa área é a área de educação patrimonial nossa, então os alunos vêm até esse espaço para contar a história da ferrovia, e agora a gente vai ter um suporte fantástico, que é a arte, para a gente poder contar esta história, auxiliar a gente a contar essa história”.

Thalita Nogueira, artista visual, formada em Artes Visuais pela UFMS desde 2018, participou do projeto. “Para mim foi muito legal, está sendo meu primeiro mural, eu geralmente trabalho com lambe-lambe e com arte digital e aquarela, e trabalhar falando sobre o trem foi muito importante porque eu sou de São Paulo então minha relação normalmente é com metrô, então eu não vivi a era da ferrovia mas eu tenho uma saudade de algo que eu não vivi, eu vejo as imagens e eu acho que é muito interessante, muito importante, queria que tivesse sido preservado, que a gente ainda tivesse acesso, então para mim foi uma coisa assim muito legal e meio nostálgico, uma nostalgia de algo que eu não tive. Eu fiz uma figura feminina negra e ela representa o Estado de Mato Grosso do Sul, eu usei as cores da bandeira, usei o cabelo dela azul, e aí no meio do peito dela tem um coração e do coração sai o trem, como se fosse a cidade cortada pelo trem, no coração da cidade brota o trem, e aí tem uns ramos de florescer, de criação”.

Laís Rocha Oliveira, a Bejona, artista visual formada pela UFMS, também participou pintando um mural: “Estou me sentindo bem realizada, é meu terceiro mural, só que como mural coletivo é o meu primeiro, estou bem feliz podendo explorar mais as ideias, e inovando também a questão dos ferroviários, trazendo cor, vida para esse espaço que estava meio abandonado aqui. Eu geralmente faço trabalhos na rua, mesmo, de lambe, galerias também, mas mais de rua, e é a primeira vez que eu faço um trabalho coletivo pintando muro aqui. Eu estou retratando um sentimento das pessoas que é o trem como imaginário fantástico, como um sonho, algo bem surreal e imaginário que todo mundo sempre fala, peguei várias histórias e juntei esse sentimento para trazer essa lembrança boa que todo mundo tem do trem”.

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