Escritora transforma experiência vivida na pandemia em versos de livro
Os 10 dias que passou internada durante a pandemia de Covid-19, lutando contra o vírus, antes da esperança trazida pelas vacinas, mudaram o jeito que a escritora Isabel Fiorese olha para a vida. Impactada pela experiência, ela diz que agora enxerga tudo de maneira diferente, e decidiu transformar esse novo olhar em versos, que foram reunidos no livro “Cálice de Versos Livres”. “Defino como um despertar, um novo tempo. Você passa a enxergar de uma forma diferente as mesmas coisas. Hoje em dia me pego pensando, mesmo diante de coisas simples: ‘Que bom que estou viva para ver isso’”, define a autora.
Esse é o terceiro livro solo de Isabel, no qual ela optou por uma poesia de versos livres e de perfil humanista. Segundo a autora, “não são versos certinhos simetricamente, não tem métrica, vou escrevendo o que vem na minha cabeça e dali nasce”. São abordados temas do cotidiano, sentimentos, relacionamentos e tudo que envolve a complexidade do ser humano. Há também crônicas com temas atuais, como a relação com as novas tecnologias e o isolamento causado pela pandemia. “Eu tenho que escrever, são coisas que ficam martelando na minha cabeça e, enquanto não escrevo, não para. É uma coisa natural, nunca tive aula de poesia. Sempre fui muito autodidata, aprendi a dirigir sozinha, a nadar sozinha, e a escrever também”, conta Isabel, que se define como “psicóloga por formação, escritora por vocação e poetisa por opção”.
Mato Grosso do Sul e Campo Grande também foram inspirações para Isabel, e o poema “Cidade dos Ipês”, que está no livro, foi lido ano passado na Assembleia Legislativa, como homenagem ao aniversário da Capital. O pós-pandemia e esse despertar para uma nova realidade são outros temas recorrentes. “Passamos a dar importância para coisas que a gente não conseguia enxergar como essenciais na vida, coisas que eram automáticas e agora conseguimos sentir. Olho pela janela e valorizo toda a paisagem que antes era morta, valorizo os sinais que a vida coloca na nossa frente o tempo inteiro e muitas vezes não temos tempo para enxergar”, explica a escritora.
“Cálice de Versos Livres” tem apresentação da escritora Rosemari Gindri e prefácio de Humberto Espíndola, imortal da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. “Pensamento curioso, inquieto, que mergulha nas próprias emoções e observa com atenção o comportamento das pessoas e o mundo à sua volta”, define Espíndola sobre a autora em um trecho do prefácio.
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