Geral | Com Observatório do Cinema | 10/07/2024 10h49

Esse faroeste da Netflix desconstrói clichês de forma única

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Podemos não ver tantos faroestes quanto em meados do século XX, mas isso não quer dizer que ótimos filmes e séries do gênero não continuem sendo lançados hoje em dia. De fato, as obras mais atuais buscam, na medida do possível, trazer novidades ao western, quebrando tradições, desconstruindo clichês e mais. Esse é o caso da ótima minissérie Godless, da Netflix.

Criada por Scott Frank, essa é uma joia rara no gênero do faroeste. A obra é conhecida por subverter clichês tradicionais e por ter uma protagonista feminina forte e complexa.

Lançada em 2017, a minissérie se passa na década de 1880, ambientada na pequena cidade de La Belle, Novo México, onde quase toda a população masculina morreu em um acidente de mineração.

A trama segue a vida dos moradores de La Belle, especialmente das mulheres que assumiram o controle da cidade, e explora como elas lidam com a ameaça de um notório fora-da-lei.

Uma das maneiras mais notáveis em que Godless subverte os clichês do faroeste é ao colocar as mulheres no centro da narrativa. Enquanto muitos faroestes tradicionais se concentram em heróis masculinos que enfrentam vilões em um mundo dominado por homens, A produção da Netflix destaca as mulheres de La Belle, que tomam as rédeas de suas próprias vidas após a perda dos homens da cidade.

Esta inversão de papéis oferece uma perspectiva fresca e poderosa, mostrando mulheres fortes, independentes e resilientes em um cenário historicamente dominado por homens.

As personagens de Godless
A protagonista, Alice Fletcher, interpretada por Michelle Dockery, a eterna Mary Crawley de Downton Abbey, é um exemplo perfeito de como a série quebra moldes.

Alice é uma viúva que vive com seu filho e sua sogra em um rancho isolado. Ela é uma personagem complexa, com um passado trágico, mas que demonstra uma força e determinação inabaláveis. A personagem além do estereótipo da “donzela em perigo”, apresentando uma mulher capaz de se defender e proteger aqueles que ama em um ambiente hostil.

Além de Alice, outras mulheres de La Belle também desempenham papéis cruciais na trama. Mary Agnes, interpretada por Merritt Wever, é a irmã do falecido prefeito e se destaca como líder da cidade. Ela desafia as expectativas da sociedade ao usar roupas masculinas e liderar com confiança. A série mostra como essas mulheres se unem para proteger sua cidade e lutar contra as ameaças externas, desafiando os papéis de gênero tradicionais do faroeste.

O vilão principal, Frank Griffin, interpretado por Jeff Daniels, também é subvertido de maneiras interessantes. Embora seja um fora-da-lei brutal e impiedoso, a série dá profundidade ao seu personagem, explorando suas motivações e a complexa relação com seu “filho” adotivo, Roy Goode. Essa humanização dos vilões é um desvio dos faroestes clássicos, onde os antagonistas muitas vezes são retratados de forma unidimensional.

Godless também subverte os clichês através de seu enredo e desenvolvimento de personagens. Em vez de seguir uma trajetória previsível, a série explora temas de redenção, vingança e sobrevivência de maneiras inesperadas. A evolução de Roy Goode, interpretado por Jack O’Connell, de um fora-da-lei procurado a um aliado relutante das mulheres de La Belle, é um exemplo de como a série desafia as expectativas do público.

Outro aspecto que distingue essa produção, é seu ritmo deliberado. Ao invés de apressar a narrativa, a série toma seu tempo para desenvolver personagens e construir tensão. Isso permite uma exploração mais profunda das relações e motivações dos personagens, criando uma experiência de visualização mais rica e envolvente.

Godless é um faroeste imperdível, que desafia e redefine seu próprio gênero. A minissérie está disponível na Netflix.

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