Geral | Da Redação/Com Ministério da Cultura | 29/10/2015 17h19

Diálogo Palmares abre espaço para discussão da cultura negra

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O Diálogos Palmares com a Cultura Afro-brasileira lotou a sala Candido Portinari, na sede da Fundação Palmares no Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira (29). Entre cineastas, músicos, diretores, atores, escritores, fotógrafos, professores, coreógrafos, produtores, capoeiristas, gestores públicos e muitos outros fazedores da cultura, mais de 200 pessoas foram falar e ouvir sobre o que já é feito e o que ainda está por fazer em prol da promoção da cultura negra no Brasil. 

Após a apresentação do grupo de dança afro contemporânea Babalakina, o microfone foi aberto e cerca de 40 intervenções foram feitas, direcionando críticas, perguntas, sugestões, cumprimentos e reflexões diversas para uma mesa na qual estavam gestores públicos da Cultura dos três níveis da Federação: o ministro da Cultura, Juca Ferreira, a secretária de Cultura do estado do Rio de Janeiro, Eva Doris, o secretário de Cultura do município do Rio, Marcelo Caleiro, e o secretário de Cultura de Niterói, Artur Maia.

Ainda compuseram a mesa a presidenta da Fundação Palmares, Cida Abreu, o representante Regional do Ministério da Cultura (MinC) para o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, Adair Rocha, o presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Francisco Bosco, e o secretario de Políticas Culturais do MinC, Guilherme Varella.

As diversas falas levantaram problemas enfrentados pela população negra, aparecendo de maneira prioritária o genocídio sofrido pela sua juventude nas periferias. O aumento da intolerância religiosa no Brasil também foi tema recorrente. 

"No mês de setembro, minha casa de santo sofreu três ataques, até ser derrubada no dia 25. É revoltante o que aconteceu, mas sou uma pessoa de orixá, de muita fé, e até janeiro, mais tardar março, tenho certeza que estarei reinaugurando a minha casa de santo", relatou Edvaldo do Nascimento, o Pai Babazinho.

A mesa também ouviu muitas reivindicações para a ampliação das políticas públicas para a cultura negra nas áreas do audiovisual, teatro, capoeira, cineclubes, música, preservação da memória e bibliotecas, entre outras. Silvia de Mendonça reivindicou apoio ao terreiro Ilé Ogum Megege Asé Baru Lepé. "Fomos o primeiro terreiro do estado do Rio de Janeiro a entrar com o pedido de tombamento no Iphan. Mas ainda não conseguimos e contamos com esta fundação e este ministério", afirmou, entregando em seguida a documentação histórica de seu terreiro.

Após ouvir dezenas de intervenções feitas pelo público, o ministro Juca Ferreira afirmou que sua gestão herdou "uma Fundação Palmares sem dinheiro", mas disse ser seu compromisso reerguê-la, assim como combater as desigualdades raciais. "Muitas das demandas colocadas aqui não são da alçada do Ministério, tem coisas que são do município, tem coisas que são do estado. Mas atender a demanda da parcela negra da população é uma luta política e é importante", disse.

Juca Ferreira destacou que sempre acreditou que uma das tarefas mais importantes no Brasil é convencer a parcela não negra de que ela também tem de se engajar na luta contra o racismo. "Porque racismo e discriminação não destroem só quem sofre com isso diretamente, mas destroem toda a possibilidade de uma vida civilizada dentro de uma sociedade", concluiu, sob aplausos.

No encerramento, tanto o ministro como a presidenta da Fundação Palmares, Cida Abreu, afirmaram que os diálogos continuarão ocorrendo para que as reivindicações levantadas possam ser amadurecidas e transformadas em políticas públicas.

Protocolo de intenções - Ao final do evento, Cida Abreu, a secretaria de Cultura do estado do Rio, Eva Doris, e a secretária-executiva da Incubadora Afro-brasileira, Márcia Ferreira, assinam um protocolo de intenções para a execução das ações e políticas públicas para a cultura afro-brasileira; promoção da diversidade religiosa; metas e estratégias previstas no Plano Nacional de Cultura; e Plano Nacional de Educação e Lei nº 10.639/03.

A parceria pretende desenvolver estudos e monitoramento de políticas públicas, além de assessoria e assistência técnica para a replicação da tecnologia social de incubação de empreendimentos para o fortalecimento da economia da cultura e qualificação da gestão cultural.

Diálogo Palmares - O Diálogos Palmares com a Cultura Afro-brasileira fluminense faz parte do Programa Diálogos Palmares e tem por finalidade promover a articulação do Ministério da Cultura com artistas e fazedores da cultura afro-brasileira, a partir de suas diferentes matrizes.

O objetivo central é construir, de forma colaborativa, um amplo debate que possibilite formular diretrizes, qualificando a intervenção de todos os atores nesse processo democrático de participação social. A partir do acúmulo nas etapas, pretende-se criar o Fórum Nacional de Culturas Afro-brasileira. 

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