Exposição | Da Redação/Com O Progresso | 31/08/2015 16h40

Sesc apresenta mostra permanente de Lídia Baís

Compartilhe:

(Foto: Reprodução/Internet)

VEJA MAIS

Uma das mais emblemáticas das artistas plásticas de Mato Grosso do Sul, Lídia Trindade Baís, ganhou nova dimensão, a partir da cessão da Morada do Baís para a administração regional do Serviço Social do Comércio (Sesc), com a complementação de mais obras de sua autoria agregadas ao Museu Lídia Baís, que vinha funcionando naquele espaço, construído pelo pioneiro Bernardo Franco Baís, pai da talentosa e pragmática produtora de artes. Além de Lídia, a Morada dos Baís mantém exposições permanentes de Jorapimo e Conceição dos Bugres.

Parte de suas obras, produzidas desde que a artista era jovem, pode ser apreciada naquele espaço cultural durante o horário comercial e nas oportunidades em que o Sesc abre o espaço para eventos culturais, como apresentações de teatro, música e as tradicionais contações de histórias aos sábados, no projeto “Lídia e Outras Histórias na Morada dos Baís”, idealizado por Tatiana Veda.

Além da pintura mural, em que retrata uma das paisagens que provavelmente conheceu em suas muitas viagens pelo país e exterior, uma paisagem marinha, tendo o farol com teto imitando uma cabana indígena, uma jovem cavaleira com sua lança montada em um tordilho, que se salvou de um incêndio que quase destruiu o prédio em 1974.

Na concepção de Tatiana Veda, que encanta o público nas tarde de sábado, com histórias da própria artista, Lídia “nasceu antes da energia elétrica, antes do carro, antes do asfalto, quando a mulher nem votava, na virada do século, em 22 de abril de 1900, no pequeno vilarejo de Campo Grande, andou pelo mundo, freqüentou diversos internatos, pintou mais de 90 quadros, escreveu, desenhou e, como musicista, tocava seis instrumentos e gravou mais de 50 músicas. Foi uma artista de grande coração”, afirma a também artista, educadora e contadora de histórias.

Um dos mais destacados artistas plásticos do Estado, Jonir Figueiredo, que se inspira nas artes rupestres de mais de 6 mil anos no Pantanal e em outras regiões do território sul-mato-grossense, descreve Lídia Baís como uma “visionária” e recentemente fez uma homenagem à pioneira das artes plásticas do Estado, produzindo uma tela com inspiração em um trabalho da artista com a Bandeira Brasileira destacando Lídia como a “estrela” superior do pavilhão nacional, simbolizando a criação do novo estado, que seria Mato Grosso do Sul.

Outros consagrados artistas, como Paulo Rigotti; o escritor Paulo Nolasco dos Santos, Raquel Naveira e Nelly Martins descreveram Lídia Baís como uma grande descoberta das artes plásticas de Mato Grosso do Sul, uma vez que suas obras somente passaram a ser conhecidas e disponibilizadas ao público depois de sua morte, em 1985, portanto, há apenas 30 anos.

Lídia Baís também foi pioneira na defesa dos direitos da mulher no então sertão de Mato Grosso, ao atender a imposição de seus familiares que a interditaram, casando-se oficialmente no civil, porém, sem conviver com o marido e que anulou a união dois anos depois e considerada uma rebelde pela sociedade da época. “Foi artista e missionária e a luz que iluminou Campo Grande em seu nascedouro”, afirma Tatiana Veda.

Além da pintura mural e de telas como Nossa Senhora e os Anjinhos, as duas obras sobre a Última Ceia de Nosso Senhor Jesus Cristo e Retratos de Família, o público poderá conhecer o quarto de Lídia Baís, com sua cama minúscula, seus objetos pessoais e instrumentos musicais. A Morada dos Baís fica na Avenida Afonso Pena, centro de Campo Grande.