Mostras abrem temporada de exposições no Marco
Colagens, esculturas, fotografias e impressões sublimáticas. Quatro mostras diversas entre si, mas associadas pela beleza artística, abrem no dia 14 de abril (terça-feira), às 19h30, no Museu de Arte Contemporânea (Marco), unidade da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, a 1ª Temporada de Exposições 2015.
“Colagens Musicais” – xilogravuras e colagens do artista plástico André de Miranda (RJ), “Comitiva Contemporânea” – cerâmicas da artista plástica Buga (MS), “Terra” – fotografias de Sebastião Salgado (MG) e “Sublimação” – impressão sublimática sobre azulejo do artista plástico Wagner Thomaz (MS) apresentarão ao público impressões de artistas reconhecidos nacionalmente.
O artista plástico carioca André de Miranda apresenta em “Colagens Musicais” os resultados de sua pesquisa e sua incessante busca pelo aprimoramento de sua linguagem: a xilogravura, utilizada durante seus quarenta anos de atividade profissional ininterrupta.
Suas obras se utilizam de trechos recortados e colados de suas próprias xilogravuras. Com naturalidade, o artista as aplica com papéis coloridos e partituras recriando provocantes sinfonias, verdadeiras composições visuais.
“De maneira pertinente, a sobreposição a um só tempo ordenada e intuitiva de pedaços irregulares de xilogravura, papéis coloridos e partes de partituras resultam em sonoras imagens nas quais podemos ouvir, tendo como pano de fundo o intenso relacionamento entre as formas em busca de uma ordenação harmônica em contínuo movimento visual”, avalia Ricardo Pereira, professor mestre em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A mostra “Comitiva Contemporânea” apresenta esculturas em argila da artista plástica Buga, de Bonito. É uma homenagem em forma de exposição à comitiva pantaneira e reflete as lembranças de seus tempos de infância no Pantanal do Nabileque.
Utilizando-se de utensílios de uso doméstico como facas, agulhas de crochê, rolos, tábua de madeira e argila que ela mesma produz, ralando e derretendo tijolos não queimados, Buga nos transporta às estradas e campos sul-mato-grossenses, nos fazendo cruzar com o trabalho árduo do comissário, do ponteiro, dos rebatedores ou dos peões de culatra, fazendo com que arte contemporânea e as tradições coexistam.
“Terra” é o título do livro publicado por Sebastião Salgado em 1997 pela Companhia das Letras, que conta com textos de José Saramago e canções de Chico Buarque. Reúne 109 fotografias em preto e branco tiradas entre 1980 e 1996 que retratam a condição de vida de trabalhadores rurais, sem terra, mendigos, grupos socialmente excluídos e marginalizados no Brasil. Foi contemplado em 1998 com o Prêmio Jabuti de literatura por melhor reportagem.
As fotografias de Sebastião Salgado em cartaz nesta 1ª Temporada do Marco narram, entre outros conflitos, o massacre de Eldorado dos Carajás (Pará, 1996), em que 155 soldados da polícia militarizada abriram fogo contra uma manifestação de camponeses em protesto aos graves problemas dos trabalhadores do campo e ao atraso legal de expropriação de terras. As fotografias fazem parte do acervo da Adufms (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em comodato com o museu.
Já “Sublimação”, impressão sublimática sobre azulejo do artista plástico Wagner Thomaz, resgata fragmentos de uma memória urbana em ruínas. A mostra permite vislumbrar quanto Campo Grande se modificou ao longo de seus 115 anos por variadas intervenções arquitetônicas.
“As poucas edificações ecléticas que ainda existem vêm dando lugar a novas paisagens, transformações impostas pela especulação imobiliária à fisionomia da cidade, que se consome em nome do progresso em um movimento contínuo de destruição e construção”, analisa Wagner.
Em sua poética, o artista tem na ruína ferramenta tanto para revelar sua escolha pela técnica quanto o caráter efêmero da vida e a relação estabelecida entre o tempo, a memória e a cidade. Os azulejos, suporte para os trabalhos, remetem à história da arquitetura e de um passado; sublimação, técnica de impressão que tende a desaparecer com o tempo. Tempo, memória e história combinados com universo sensível de criação do artista.
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