Culinária | Da redação/com Assessoria | 08/12/2014 16h13

Chefs ousam com ingredientes regionais

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Bonito (MS) - O “13º Festival da Guavira de Bonito”, realizado pela Prefeitura Municipal de Bonito com apoio do Ministério do Turismo, fez jus ao nome ao apresentar uma programação gastronômica diversificada e para todos os gostos. Um dos exemplos, foi a oficina de gastronomia promovida pelo Senac nos dias 5 e 6 de dezembro, no Centro de Convenções de Bonito.

Com entrada gratuita, o curso era destinado a qualquer pessoa que gostasse de culinária e quisesse aprender mais sobre as iguarias do centro-oeste. Entre os pratos apresentados no dia 6 de dezembro estavam um risoto de linguiça de pequi, um rocambole de guavira e um drink com limão e guavira.

O chef autor do risoto e professor da Escola de Gastronomia do Senac, Adriano Torres, elogiou a organização do festival e ressaltou a importância de se valorizar a gastronomia regional. “A ideia é fomentar, é chamar a atenção para o produto regional, que Mato Grosso do Sul tem para oferecer, mas que o Brasil não conhece. O Brasil conhece os rios de Bonito, os peixes do Pantanal, mas não conhece a bocaiuva, a guavira, a linguiça de maracaju e inclusive, o arroz pantaneiro, que é algo extremamente saboroso, artesanal, colhido à mão, mas que quase ninguém conhece”, explica Adriano. Durante o curso, os chefs fizeram questão de homenagear uma visita ilustre: o senhor Almiro Kalm. Com 68 anos, Almiro é um grande conhecedor da guavira e saiu da cidade natal de Jardim só para acompanhar a programação do Festival da Guavira e ter aulas com os chefs do Senac. “Morei muitos anos em Bonito, mas agora estou em Jardim. Já fiz oficinas de cozinha, mas essa é a primeira vez que faço uma de gastronomia e com chefs. É muito diferente, sofisticado, estou gostando muito”, afirmou Almiro.

Durante a oficina, Almiro pediu a palavra para falar sobre as propriedades da guavira e ressaltou que a maioria das proteínas e benefícios da fruta está na casca, que a maioria das pessoas costuma jogar fora. “Comemos errado a guavira, ela tem inúmeras vitaminas, qualidades, mas tudo fica na casca, que é um pouco amarga, mas com o tempo você acostuma”, explicou.

Para o chef Adriano, ter a presença de Almiro e de um público tão diversificado torna o curso ainda mais especial. “É muito bom ter o experiente, que vive, que produz, que vende a guavira. A dona de casa que quer aprender coisas novas. A experiência de sair da sala de aula é muito boa. A cidade é muito acolhedora, a experiência é muito rica, pessoal e profissional”, explicou o chef.

Além de Adriano, a chef Vera Kraber também participou da oficina do Senac em Bonito no5 e 6 de dezembro. “Valorizar os nossos ingredientes é fundamental para que a gente marque a nossa presença e divulgação do que nós temos na terra. Ontem eu fiz uma apresentação com também com o fruto da guavira, nosso pintado e a castanha de baru”, explicou..

Drink de Guavira

Inspirado pela guavira, o sommelier Jonas Eduardo Nascimento criou durante as aulas de gastronomia um drink a base de limão siciliano e guavira. “Na verdade o drink com a guavira foi momentâneo, foi a inspiração do momento, nós temos o limão siciliano, que é o limão conhecido no mundo inteiro pelas suas características aromáticas, que é o símbolo da vida, do tempero, e juntamos com a guavira, que é o nosso fruto do cerrado. A mensagem que eu quis passar é a do requinte e da simplicidade, mas que a guavira é um fruto que não fica atrás em nada dos outros ingredientes. Nada é comparado ao sabor da guavira, é um fruto que pode rodar o mundo”, explica Jonas.

O sommelier frisa que a harmonização da cachaça com a guavira é pioneiro. “A cachaça tem características do nosso povo e merece todo o nosso respeito, como outras bebidas importadas. A cachaça é um drink de excelência, tem sua magia, tem todo o seu sincretismo, toda a sua história, tem tudo a ver com esse festival. Temos o caso da cachaça Preferida, de Bonito, que é envelhecida em Carvalho e nós usamos hoje, mas existem outras opções”, aponta.