Aldeia e favela são a mesma coisa, diz rappers guarani kaiowá
O grupo é mais conhecido em São Paulo do que em Mato Grosso do Sul. Com exceções de reportagens factuais, o Brô MC’s só recebeu destaque em jornais regionais quando foi atração na posse da presidente Dilma Roussef, em janeiro. Mais do que qualidade musical, o grupo é importante pelo que representa e diferente porque pela primeira vez colocou o ritmo dos negros dos EUA na língua dos guarani kaiowá. A batida do rap é igual, mas as letras falam de preconceito contra os índios e miséria nas aldeias. “Aldeia é como favela. O que muda é que lá eles usam fuzil e aqui é facão”, compara Kelvin, um dos compositores das rimas. “Muita gente acha que o índio é como se fosse um lixo”, emenda. O fim do preconceito, para ele, começa pelo reconhecimento do trabalho do grupo. “A gente já é reconhecido nas grandes cidades, só que em algumas cidades daqui a gente não é reconhecido.” Na relação de conquistas dos últimos 2 anos estão 30 apresentações dentro e fora do Estado, só no ano passado. O grupo passou pelo Sesc Belenzinho em São Paulo, abriu show de Milton Nascimento e Nação Zumbi em Campo Grande e esteve nos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, além de Brasília e Minas Gerais. Kelvin, Bruno, Clemerson e Charlie moram nas aldeias Jaguapirú e Bororó em Dourados e depois de uma oficina ministrada pela Cufa (Central Única das Favelas de Dourados), em 2009, lançaram o primeiro CD. “Em três meses produzimos, gravamos, e lançamos”, lembra Bruno. Downloads das músicas na internet já passaram de 25 mil acessos, mas um dos momentos mais comemorados foi quando o clipe foi exibido pela MTV, no espaço dedicado ao hip hop. Kelvin diz que, “lá fora”, as pessoas ao mesmo tempo em que estranham, admiram o grupo porque o guarani não é uma língua conhecida. “Isto serve de incentivo para as pessoas entenderem e admirarem está língua que é tão nobre e importante para nós”. Eles têm entre 17 a 20 anos, com uma vida bem parecida com a de quem vive na cidade. Charlie trabalha na construção civil e Kelvin em uma empresa de saneamento. “Alguns lugares que a gente chega tem preconceito. Por exemplo, a gente tava esperando para cantar, ai de repente vem os alunos já falando: aqui não é a usina! Eles acham que só porque a gente é índio a gente vai ta trabalhando na usina”, reclama Clemerson. O coordenador da Cufa e produtor do grupo, Higor Lobo, conta que os sons dos instrumentos usados - bumbo, tacho, violão e teclado - são gravados em estúdio, mas os ensaios são ao ar livre mesmo, na aldeia. Ele conta que “agora há possibilidade do grupo tocar no Paraguai.Queremos mostrar o nosso trabalho para o país todo”. O primeiro CD, feito de forma caseira, foi completamente vendido durante uma apresentação no Festival Conexão Hip Hop, em Dourados. Os próprios integrantes do grupo continuam oferecendo o trabalho e agora o Brô MC’s programa o lançamento do segundo CD, para o começo do ano que vem em Cuiabá (MT). “As músicas serão gravadas no estúdio Inca, em parceria com a Cufa de MT. por meio do Selo Toda a vida,” explica Higor. Sobre a música ser tão distante da cultura indígena, Kelvin diz que “não é por que a gente ta cantando rap que a gente ta deixando nossa cultura, a nossa cara, a nossa pele e o nosso sangue já mostram que a gente é índio mesmo, por ai a gente é reconhecido de longe como índio mesmo”. O grupo já ganhou do MinC (Ministério da Cultura) o prêmio Preto Ghóez, dedicado ao hip-hop e agora quer respeito. “Já tem crianças cantando a nossa música. Tem gente que acha que ser índio não é ser gente, aos poucos estamos mudando esse pensamento com o nosso rap”. Da Redação/Com Campo Grande News
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