Verba Pública | Da redação/com Correio do Estado | 20/04/2014 01h06

Juliana Zorzo fala sobre projetos da Fundac

Compartilhe:

Campo Grande (MS) - Juliana Zorzo assumiu a Fundação Municipal de Cultura (Fundac) no início de abril. Com perfil mais ligado à administração, a vereadora do Partido Social Cristão afirma que o ponto mais importante no momento é “colocar a casa em ordem e definir estratégias para gerir a fundação”.

Entre suas expectativas estão a de democratizar ainda mais o acesso à cultura, com projetos que atinjam todas as regiões da Capital. Uma de seus primeiros sucessos foi a liberação de R$ 7 milhões que serão utilizados na construção de dois Centros de Artes e Esportes Unificados, nos bairros Noroeste e Parque do Sol.

Ela também pretende tirar a Fundac do endereço atual no centro da Capital para utilizar como sede o prédio da prefeitura localizado na Esplanada Ferroviária. “Gastamos R$ 6,8 mil com aluguel. Esse valor poderia ser revertido em ações culturais”, aponta.

Em entrevista ao Correio do Estado, Juliana descreveu mais a situação cultural na cidade e quais serão suas ações para melhorá-la.

Houveram críticas por você não ter um histórico de militância pela causa cultural. Gostaria de saber qual é a sua relação com a cultura e o que te levou à presidência da Fundac?

Eu sempre fui uma pessoa muito interessada pela cultura de outros países e pelas artes em geral. Fui convidada pelo Prefeito Gilmar Olarte a assumir a pasta. Apesar de não viver da cultura, eu sou empresária e tenho uma visão de gestora. O meu objetivo é fazer com que a cultura chegue a todos os campo-grandenses. Queremos construir um projeto consolidado, que não viva apenas de eventos.

Quais foram os primeiros passos desde que assumiu?


Encontramos contas atrasadas, problemas com contratos, esse primeiro momento nos serviu a organizar a casa e fazer um planejamento prévio. Conseguimos destravar uma verba de R$ 7 milhões do Governo Federal para a construção de dois Centros de Artes e Esportes Unificados.

Com a aprovação do 1% para a Fundac, cerca de R$ 26 milhões serão destinados à pasta. Como isso será utilizado?

Esse 1% é para tudo. Nós já temos um custo operacional alto porque nós tomamos conta da sede, além de 180 funcionários. A Morada dos Baís, o Horto Florestal, entre outros espaços, são de nossa responsabilidade. O único fundo que não sai do 1% é o Fmic, todos os outros estão inclusos nesse valor. No entanto, trata-se de uma dotação orçamentária, ou seja, nós não temos esse valor em conta, ele é uma previsão. Contudo, nós nos deparamos em um momento complicado na arrecadação, que diminuiu muito esse ano.

Nesta semana houveram reuniões com o Colegiado de Audiovisual. Ficou acordado que a Fundac daria contrapartida de R$ 180 mil ao projeto da Ancine para produção de curtas-metragens. 

Isso já foi levado ao gabinete do prefeito. Eles nos deram um sinal positivo em relação aos R$ 180 mil. A viabilidade desse orçamento está tramitando na Prefeitura. É algo muito interessante porque para cada R$ 1 oferecido pela Prefeitura, outros R$ 2 vem do Governo Federal. Não podemos perder esse investimento. Ainda não sabemos se vamos conseguir colocar todo esse valor, pode acontecer de ser um pouco menos.

A Orquestra Sinfônica enfrenta diversos problemas, como falta de músicos e estrutura adequada. Como você pretendem resolvê-los?Primeiramente, estivemos junto ao prefeiro e conversamos sobre o acerto de contas que estão em atraso. O aluguel do prédio da banda e da orquestra está sem pagamento há um ano e três meses. Além disso, o local não é adequado para esse tipo de atividade, precisamos de salas amplas que possibilitem que todos ensaiem juntos. Pretendemos convocar músicos que tenham passado no último concurso. Atualmente, a orquestra tem oito concursados e oito contratados.

Quais projetos serão mantidos em sua gestão?

Estamos cuidando do Arraial de Santo Antônio que acontecerá na Praça do Papa. A Noite da Seresta e a Quinta Gospel também serão mantidos. A Quinta-Feira na Orla permanece. O que é de casa terá continuidade. Claro que alguns projetos que não são mais tão adequados ou que não atendem uma determinada região serão revistos. Temos boas expectativas. O Prefeito Gilmar Olarte faz questão de que tudo seja construído com os agentes da cultura e que o grande beneficiado seja o público.

Em relação às estruturas da cultura, como ficam o Centro de Belas Artes?Retomando os trabalhos na próxima semana, vamos conversar com Semy Ferraz em relação ao espaço. Uma promessa que tivemos é de que o Deputado Federal Fábio Trad irá nos ajudar a finalizar a primeira etapa. Precisamos finalizar a obra e mobiliar o espaço, o que poderá ser feito a partir de emenda parlamentar. Posteriormente, teremos de terminar as outras etapas do centro.

E o Teatro do Paço Municipal?

Eu fui visitar o espaço na semana passada. A elétrica precisa ser refeita, tubulação de ar, são diversos detalhes. É uma demanda da Câmara Setorial de Teatro. Nós não queremos perder nenhum espaço.

Com a realização da Quinta Gospel, levantou-se uma polêmica sobre a relação entre religião e cultura.Toda a música gospel, por lei em Campo Grande, é considerada manifestação cultural. Nós vamos tratar o gospel de acordo com a procura que ele tem. Todos os setores serão tratados dessa maneira. Atendemos todas as pessoas sem distinção alguma. Inclusive, recebemos o Julio Valcanaia, presidente da Diversidade Sexual da OAB-MS, que veio conversar conosco. Não estamos aqui para discriminar, mas para fazer o papel do poder público. 

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS