Turismo | Da redação | 14/02/2017 10h55

Projeto investiga as relações entre a água e o turismo em Bonito

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A cidade de Bonito (MS) é mundialmente conhecida por suas belezas naturais e já recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais relacionados ao ecoturismo. Componente importante dessa atividade é a água, conhecida por ser cristalina e propiciar flutuações com visibilidade privilegiada da fauna e flora da região. Para investigar justamente o quanto a qualidade e as características da água influenciam a atividade turística na cidade a professora Priscila Varges da Silva (CPBO/ESAN), desenvolve a pesquisa “Água e Turismo em Bonito MS”.

“O projeto é um desdobramento da minha pesquisa de doutorado onde abordei a relação da água com o turismo na bacia do rio Formoso, principal curso d’água da cidade. Quando terminei o doutorado os próprios empresários do trade turístico pediram a continuidade da pesquisa, uma vez que os resultados obtidos foram incorporados ao dia a dia e ao marketing de seus atrativos”, explica.

A professora, que fez Doutorado em Geografia na UNESP de Presidente Prudente, conta que já em 2009, quando iniciou o trabalho na UFMS no CPBO, percebeu uma grande demanda por pesquisas no local. “Os empresários, o trade, a própria comunidade percebeu que a Universidade poderia cumprir um papel importante ali, de trazer informações consolidadas que pudessem contribuir para o desenvolvimento local”, comenta. Assim, atendendo ao pedido e expandindo a pesquisa também para atrativos que não fossem diretamente ligados ao Formoso, o projeto atual foi criado.

Projeto de pesquisa

A proposta atual é verificar, de acordo com a visão dos atores envolvidos no turismo local, de que forma as características estéticas e a qualidade da água influenciam no destino turístico. De acordo com a professora a proposta é também entender, nos diferentes tipos de atividade de turismo com água, como funciona a interação do turista com essa água e classificar a forma e as diferenças em cada tipo de interação com a água, já que cada tipo de interação proporciona experiências distintas ao turista.

“Podemos supor que quando o turista faz um passeio de flutuação ele tem de imergir todo na água e assim ele utiliza todos os sentidos naquele contato com a água. Essa sensação, esse contato mais profundo pode fazer com que a importância que ele dê para a água seja diferenciada do que a importância atribuída por uma pessoa que vá ao balneário ou que vá só a uma trilha de contemplação, por exemplo”, argumenta. A pesquisa visa ainda a desvendar os usos e coberturas da terra, para que sejam conhecidas as diversas utilizações das áreas próximas aos cursos d’água, para que se possam verificar como essas atividades influenciam e/ou podem vir a influenciar a atividade turística.

O projeto foi iniciado em setembro de 2015 e tem previsão de término para setembro de 2017, mas a ideia, segundo a coordenadora, é dar continuidade. Os 18 atrativos que serão pesquisados são: os balneários Ecológico do Sol, Ilha Bonita e Municipal do Rio Formoso; Praia da Figueira; Parque Ecológico Rio Formoso; Barra do Sucuri; Reserva Ecológica Baía Bonita – Aquário Natural; Rio Sucuri Ecoturismo; Bonito Aventura; Nascente Azul; Boia Cross do Hotel Cabanas; Porto da Ilha – Ilha do Padre – Bote; Abismo Anhumas; Estância Mimosa; Ceita Core; Parque das Cachoeiras; Rio do Peixe; e a Gruta do Lago Azul.

As atividades da pesquisa serão desenvolvidas em dois momentos: o mapeamento da área de Bonito e a coleta de informações por meio de entrevistas com os turistas, guias de turismo, agentes de viagem e proprietários dos atrativos. O mapeamento já foi feito com a utilização de imagens de satélite e um programa chamado Arc Giz. O objetivo foi verificar as atividades produtivas da região. “Eu plotei os lugares onde tem turismo, para poder ver a cobertura vegetal e pude perceber, em comparação com mapeamentos anteriores, que os lugares onde há turismo foram reflorestados, depois de uma época de grande expansão da pecuária e agricultura na região.

A fase de entrevistas com os turistas, guias, agentes e empresários está prevista para fevereiro de 2017, com a participação da aluna Hevellyn Barbosa Camargo do curso de Turismo da Escola de Administração e Negócios (ESAN) na modalidade de iniciação científica. “Queremos conhecer a visão deles sobre a água. Existe uma ideia, não científica, de que se não houvesse rios tão cristalinos, se não houvesse qualidade da água em Bonito não existiria o turismo. Então vamos captar informações, os diversos olhares e interpretar o que realmente ocorre, como objetivo de compreender a importância da água na visão de cada um dos atores locais”, explica Priscila.

Resultados

O trabalho realizado até o momento já resultou em dois artigos científicos e um capítulo de livro publicados. Segundo a professora o tema ainda é pouco explorado academicamente e existe uma boa demanda por essas informações especialmente em Bonito. “As interdisciplinaridades que poderiam ser realizadas são inúmeras. Penso em continuar a pesquisa na área porque o apoio e anseio dos empresários e gestores públicos de Bonito tem sido determinantes”, finaliza.

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