Projeto do FIC leva a alegria do teatro para Corguinho
A noite desta quinta-feira, 14 de outubro, foi de alegria em Corguinho. A população pôde assistir à peça “Uma moça da cidade”, do grupo Ubu, graças ao projeto “Teatro Interior”, patrocinado pelo Fundo de Investimentos Culturais da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
Os atores Anderson Bosh, Douglas Moreira e Edner Gustavo se prepararam com muita alegria para apresentar a peça, que completa 21 anos, para a população de Corguinho, na praça da cidade. “A peça conta a história da minha mãe, da minha avó, que são da Região Norte do Estado, que é onde estão os baianos. Por isso decidimos iniciar a circulação da peça no interior por esta região”, diz o dramaturgo e ator Anderson Bosh, o proponente do projeto do FIC.
“O espetáculo tem sua própria estrutura de luz, de palco, então dá para montar em qualquer lugar. A peça fala de Taboco e Boa Esperança, da região que é retratada ali, quem são as pessoas, como elas se sentem. [A história dos imigrantes baianos] é pouco explorada porque na nossa cultura sul-mato-grossense fala-se muito de chamamé, dos paraguaios, japoneses, árabes, mas não é muito falado dos baianos”.
Para Anderson, apresentar-se em Corguinho, pelo FIC, foi “absurdamente gratificante”. “Você vê o resultado do processo de pesquisa, do investimento cultural. O Governo do Estado continuou investindo, incentivando. Sem esses investimentos o projeto não acontece. As leis de incentivo à cultura é que pagam e mantém todo o trabalho”.
O produtor da circulação do espetáculo pela Região Norte, Marcelo Leite, explicou que Corguinho foi a penúltima cidade da região em que a peça circulou. “Começamos por Rio Negro, Pedro Gomes, depois Coxim, São Gabriel, Rochedo, e agora Corguinho. As pessoas curtiram muito o projeto que contempla, no período da tarde uma oficina, e à noite, o espetáculo”.
“A gente foi muito bem recebido pelo público. Pegamos um período complicado de feriados, mas mesmo assim as cidades aderiram ao projeto. A população não teria condições de ir à Capital para assistir ao espetáculo, então procuramos levar às pessoas algo que não tem na cidade delas. Teve algumas oficinas que as pessoas pensaram em montar grupos de teatro na cidade. Teve muito professor participando das oficinas. Pensamos na formação de plateia e também dos agentes que podem divulgar e contribuir com o teatro na região. Estas são as sementes que o projeto vai deixando”.
Uma das estudantes que participaram da oficina e estiveram na apresentação da peça em Corguinho foi Ana Clara Silva Costa, de 14 anos. Ela declarou que aprendeu muito na oficina: “A gente fica muito preso ao padrão e não olhamos nos olhos das pessoas para sentir o que elas estão expressando naquele momento. A gente desvia o olhar das pessoas. Achei a oficina muito interessante, teve pessoas de várias idades, da terceira idade, adolescentes. Aprendi que a gente tem várias histórias na nossa família, é tanta história, e a gente pode compartilhar com as pessoas por meio do teatro”.
Ana Clara mora deste os oito anos em Corguinho, e disse que é muito difícil vir peças de teatro para a cidade, mas quando vem ela sempre participa. “O teatro está na nossa vida e a gente nem percebe. Achei muito interessante a peça, porque fala do povo daqui, do Taboco e do Fala Verdade. Eu com certeza vou querer trabalhar com algo ligado à arte, a moda, esse é meu estilo”.
Na plateia, a professora Vanessa Fonseca disse que na região nunca foi apresentada “uma peça dessa maneira, mais próxima do público, usando o nome da nossa cidade no texto. O elenco é muito bom, achei muito legal. Aqui nunca teve algo do tipo”.
A professora de História Camila Antonia Ferreira concorda: “Achei lindo, amo muito essas coisas, eles são perfeitos. Contaram uma história da nossa cidade. Isso é bom. Para nós é muito importante, a gente mora em cidade pequena e aqui não tem esse tipo de arte. Tendo esse espetáculo aqui na praça, a gente se desloca da nossa casa, acaba sendo um ambiente mais família, é uma oportunidade de os jovens se desligarem do celular, do computador”.
Hoje, sexta-feira 15 de setembro, vai ser o último dia de circulação da peça pelo FIC na Região Norte do Estado. “Uma moça da cidade” vai ser apresentada em Fala Verdade, onde também vai ser ministrada uma oficina no período da tarde para a população da região. Mais informações sobre o projeto pelo telefone (67) 99202-0449.
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