Nuno Ramos estreia releitura cênica de Iracema, uma Transa Amazônica

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Teatro | Com Diogo Marins | 06/08/2021 11h07

Nuno Ramos estreia releitura cênica de Iracema, uma Transa Amazônica

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Entre os dias 13 e 15 de agosto, o Sesc Avenida Paulista será palco da estreia de Iracema Fala, performance que integra o projeto A Extinção É Para Sempre, de Nuno Ramos - trabalho multilinguagem idealizado pelo artista e realizado pelo Sesc São Paulo, com apoio do Goethe-Institut. O público poderá acompanhar a performance ao vivo, de forma virtual, por meio dos canais do Instagram do Sesc Ao Vivo e YouTube do Sesc SP (sexta) e canais do Sesc Avenida Paulista (sábado e domingo).

O trabalho é uma releitura cênica de Iracema: Uma Transa Amazônica, filme de 1976 de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, que agora inverte os papéis. Quem comanda a cena é a atriz Edna de Cássia, que interpretou a protagonista do longa - a personagem é uma indígena que se esquece de suas origens e segue num percurso de prostituição, abusos e decadência.

Edna, que era adolescente quando participou da obra, chegou a vencer o prêmio de atuação no Festival de Brasília, mas nunca mais filmou. Nesta releitura, é a atriz quem dirige, interferindo, paralisando, mandando repetir, comentando - criando, em suma, sua própria versão da história.

CHAMA

O projeto A Extinção É Para Sempre está com inscrições abertas para o público participar da obra CHAMA. A obra foi criada como um monumento virtual de luto, uma chama eterna e ininterrupta em memória aos mortos que permanecerá acesa durante um ano, a obra agora está aberta a colaborações de pessoas públicas ou anônimas, artistas, coletividades ou instituições do mundo inteiro.

Por meio do formulário de inscrição disponível no site sescsp.org.br/ aextincaoeparasempre , o público opta por uma data e horário para transmitir sua chama, que pode ser produzida da forma que preferir e transmitida ao vivo pela plataforma do projeto.

A ideia dessa alternância de chamas é utilizar o fogo como um ritual e também um chamado, uma convocação geral ao luto, à pausa e à dignificação de cada perda. Como explica Nuno Ramos: "CHAMA é um memorial aos mortos". Há um fogo principal - a "chama-mãe", criada pelo artista -, que nunca se apaga, instalado no Sesc Avenida Paulista. A obra está sendo transmitida ao vivo no site do projeto desde o dia 25 de maio desse ano, no mesmo espaço virtual onde serão veiculadas as demais chamas.

A EXTINÇÃO É PARA SEMPRE

Trata-se de um projeto que une diversas linguagens artísticas e busca expressar uma resposta urgente às incertezas do presente: o momento político e social e a situação pandêmica que o mundo atravessa. O projeto multilinguagem e inédito é idealizado pelo artista, compositor, diretor e escritor Nuno Ramos e realizado pelo Sesc São Paulo, com apoio do Goethe-Institut. Organizado em sete episódios e com colaboração de nomes das artes visuais, da dança, do teatro, da música e do cinema, o laboratório teve início em janeiro de 2021 e seguirá com desdobramentos ao longo de um ano.

"Estamos vivendo um misto de queda sem fim com ataque por todos os lados. O projeto é uma tentativa de reagir, com balas múltiplas, a um ataque múltiplo, de manter a linguagem viva em vários níveis", afirma Nuno Ramos. "É também uma forma de fazer arte ‘a quente’, uma produção em movimento, que vá contra o atual estado de apatia e responda aos assuntos que percorrem o espaço público hoje - como o luto, a violência, a ameaça às instituições e a relativização da nossa história", completa.

"Em meio à imprecisão e complexidade do momento atual, realizar tal proposta, com apoio do Goethe-Institut, é matizar possibilidades para uma travessia coletiva mais acolhedora, abastecida pelas múltiplas camadas que envolvem o fazer artístico-cultural e as descobertas infindas que a arte proporciona", reflete Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo. Configurado como um laboratório artístico, o projeto tem promovido diálogos sobre as proposições com artistas de diversas origens e linguagens, como a escritora Noemi Jaffe, o cineasta Jorge Bodanzky, a diretora Tarina Quelho, a atriz Edna de Cássia, o coreógrafo Eduardo Fukushima e o encenador Antonio Araujo.

Nuno, que costuma trabalhar com diversos registros, explica que, aqui, o instinto "foi logo ir juntando muita gente". "Temos de fazer, na cultura, o que a representação política não tem conseguido fazer, que é uma abertura, uma capacidade de contaminação entre o que pareceria incongruente. Isso tudo tem de somar agora, mostrar a força que as diferenças têm quando pisam num mesmo chão", ele pontua.

Em cada um dos sete episódios, a equipe artística é reorganizada. Há participações pontuais e também um núcleo que perpassa todo o projeto. Ele é composto por Tarina Quelho, coreógrafa e diretora Tarina Quelho, o músico Romulo Fróes e os performers Allyson Amaral, Tenca e Leandro Souza. Esse grupo fixo, que nasceu de uma busca por novas parcerias, também irá ajudar a criar um diálogo entre todas as obras. "As ideias são muito diferentes entre si, mas formam um todo, e a gente vai carregando as ideias de um episódio para outro", explica Nuno.

Os três primeiros episódios, o monumento virtual CHAMA e as performances Chão-Pão e Os Desastres da Guerra podem ser vistos pelo site do projeto (sescsp.org.br/aextincaoeparasempre). Já os próximos trabalhos - Monumento, Helióptero e A Extinção É Para Sempre - seguem em desenvolvimento no laboratório artístico e seus desdobramentos públicos estarão sujeitos às possibilidades de interação que as mudanças no contexto da pandemia venham a permitir nos próximos meses.

FICHA TÉCNICA - IRACEMA FALA

Criação e direção: Nuno Ramos

Com: Edna de Cassia, Allyson Amaral, Joy Catharina, Gilda Nomacce, Giovanna Monteiro, Tenca

Sonoplastia ao vivo: Ricardo Chuí

Assistência de direção: Vicente Antunes Ramos

Direção de Arte: Eduardo Climachauska

Direção técnica: André Boll

Desenho e operação de luz: Wagner Pinto

Projeto cenográfico: William Zarella Jr.

Direção de palco: Carolina Bucek

Produção de figurino: Victoria Constantino

Criação de Figurino Edna de Cassia: Angélica Chaves

Sonoplastia e Consultoria audiovisual: Rodrigo Gava e Daniel Maia

Assistente técnica e operação de vídeo: Giovanna Kelly

Direção de filmagem: Pedro Nishi

Steadycam: Daniel Lupo

Execução cenográfica: Pará Movimentos

Assessoria jurídica: José Augusto Vieira de Aquino

Assistência de assessoria jurídica: Paula Malfatti

Produção executiva: Giovanna Monteiro, Luiza Alves e Paulo Gircys

Direção de produção: Marisa Riccitelli Sant’ana e Rachel Brumana

Gestão e Produção: Superfície de Eventos

Realização: Sesc SP

Apoio: Goethe-Institut

Trechos de diálogos apresentados neste espetáculo constam originalmente em "Iracema Uma Transa Amazônica", filme de Jorge Bodanky e Orlando Senna.

FICHA TÉCNICA DO PROJETO - A Extinção É Para Sempre

Realização: Sesc São Paulo
Apoio: Goethe-Institut
Idealização e direção artística: Nuno Ramos
Assistência de direção: Vicente Antunes Ramos
Direção de produção: Rachel Brumana
Gestão e coordenação de produção: Marisa Riccitelli Sant’ana
Assistência de produção: Giovanna Monteiro e Luiza Alves
Direção técnica: André Boll e William Zarella Jr.
Artistas convidados e performers: Romulo Fróes, Tarina Quelho, Noemi Jaffe, Edna de Cássia, Eduardo Fukushima, Antonio Araujo, Allyson Amaral, Tenca

SERVIÇO

Performance "Iracema Fala"

13/8, sexta-feira, às 20h30 nos Instagram @SescAoVivo e no YouTube do SescSP

14/8, sábado, às 20h30 nos canais do Sesc Avenida Paulista (YouTube e Instagram)

15/8, domingo, 17h nos canais do Sesc Avenida Paulista (YouTube e Instagram)

Classificação indicativa: 16 anos

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