Teatro | Da redação | 27/03/2018 14h42

Noite de homenagens marca abertura oficial da Mostra de Teatro Boca de Cena 2018

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A abertura oficial da Mostra Sul-Mato-Grossense de Teatro e Circo – Boca de Cena 2018, na noite desta segunda-feira (26.3), no teatro Dom Bosco, foi marcada por homenagens e reconhecimento ao trabalho do ator e diretor Jair Damasceno, da Cia. Teatral Ator Domingos Terra, dirigida por Beth Terras e da Família Perez, cuja história é pautada pelo Circo Real Pantanal.

Antes de serem iniciadas as celebrações, um grupo de artistas fez uma manifestação solicitando recursos para a cultura e algumas reivindicações para a área. As reivindicações foram recebidas pelo público e pelos homenageados e autoridades presentes, refletindo-se em seus discursos.

O primeiro homenageado da noite, o ator e diretor teatral Jair Damasceno, afirmou que não seria artista de teatro se não se associasse totalmente aos artistas que se manifestaram. “Iniciei meu trabalho em plena ditadura militar, fui forjado no início do meu trabalho em teatro em Campo Grande em plena ditadura. Faço teatro não para pessoas de teatro, mas pela minha vida e pelas pessoas que me acompanham há 45 anos. Meu trabalho forma atores, tenho uma estética que não é entendida por bancas examinadoras”. Jair encerrou seu discurso lendo uma mensagem de uma admiradora de seu trabalho, postada nas redes sociais.

A diretora teatral Beth Terras, da Cia. Teatral Ator Domingos Terra, agradeceu pelo reconhecimento de 39 anos de trabalho. “Ser artista não é fácil, tem que ter amor. Domingos Terras, meu avô, me inspirou a entrar no teatro. Quero agradecer a todos os meus atores, a todos os meus alunos, sem eles a Companhia Adote não existiria. Esse prêmio é muito importante, mostra o reconhecimento que a gente como artista nunca pensa que vai ter. Estar aqui hoje é um prêmio dos meus 39 anos de carreira. Muito obrigada”.

Suely Peres, representante da Família Perez, explicou que o Circo Real Pantanal surgiu há dez anos quando a família foi contemplada com sua “lona”, e contou um pouco de sua história. “Tenho 63 anos de circo, ganhei meus filhos em Campo Grande na barraca, saí do Paraná e vim para cá aos 16 anos, quando me casei com meu esposo e estamos aqui até hoje. Sou da quinta geração de família austríaca, somos uma família de circenses, sobrevivemos de bilheteria. Agradeço esta homenagem ao ‘seu’ Athayde. É uma luta, uma sobrevivência, somos sobreviventes. Agradeço pelo carinho e convido vocês para, na sexta-feira, ir ao circo, lá na Vila Popular. Muito obrigada”.

O artista Jorge de Barros, que se apresenta no dia 28 de março, com o espetáculo “Histórias e canções da nossa terra”, falou em nome da classe artística campo-grandense. “Inicio minha fala com uma pergunta: comemorar o quê? Vamos comemorar toda uma vida dos artistas de Mato Grosso do Sul, dos grupos de Três Lagoas, Corumbá, Dourados e tantos outros artistas que estarão nos espetáculos escolhidos para representar todo o teatro de Mato Grosso do Sul. Nós temos parceiros entre os artistas, o público, e também parceiros da cultura oficial, agora o Athayde, que é artista também. Vamos comemorar nossa luta, todos que lutam não só pela arte, mas pela vida. Sejam bem-vindos ao Boca de Cena 2018!”

O secretário de Estado de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, contou um pouco de sua história na área da cultura. “Aqui é o encontro e congraçamento da resistência. A gente insiste em acreditar na vida, na poesia, no teatro. Lutei contra a ditadura, fui preso três vezes e tenho na caminhada cicatrizes mas também conquistas. Construímos o Fonteatro, criamos o Plano Estadual de Cultura, que só depois de dez anos está sendo implementado. Solidarizo-me com essa manifestação, nós temos que lutar juntos. Se continuarmos lutando, havemos de ter conquistas. Hoje estamos resistindo, fazendo isso de modo que o Boca de Cena não se acabe. Acredito acima de tudo na arte, por isso estou aqui. Feliz Semana do Teatro!”.

Logo após as homenagens, entrou em cena a Cia. Teatral Ator Domingos Terra, com a peça “Que Humilhação”. Toda a solenidade e a encenação do espetáculo foram acompanhadas por tradução em Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) para fruição dos espectadores com necessidades especiais, que tiveram cadeiras reservadas no teatro. Os tradutores Bruno Ribeiro e Alex Carmona vão acompanhar todos os espetáculos da Mostra Boca de Cena 2018.

“Que Humilhação” é uma tese sobre as dimensões culturais e éticas que separam a comédia da tragédia. Composta de quatro quadros, a peça desfilou situações sem limites, entre a desgraça alheia e o divertimento dos outros. Em todas elas, a mão inadvertida ou propositada do destino, tal qual nas tragédias mais puras, fez os personagens cirandarem ao sabor das coincidências, do inesperado, dos imprevistos.

O espetáculo faz parte do repertório da Cia. Teatral Ator Domingos Terras, que completa 16 anos de trabalho em Campo Grande e marca os 39 anos de carreira da Atriz e Diretora Beth Terras, homenageada do Boca de Cena 2018. Foi muito bem recebido pelo público, que participou de algumas cenas e se divertiu com a trajetória dos personagens.

A Mostra Sul-Mato-Grossense de Teatro e Circo Boca de Cena 2018 vai até domingo, 1º de abril. Todas as apresentações são gratuitas. Mais informações com Márcio Veiga, coordenador do Núcleo de Teatro da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul pelos telefones (67) 3318-9170 ou (67) 9 9272-9770.

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