Cruzeiro se inspira em sonho de infância na busca do tetra no Carnaval campo-grandense
Um sonho de infância. Assim o presidente da escola de samba Unidos do Cruzeiro, Alex Guedes, define o enredo que a agremiação levará para a avenida este ano em busca do quarto título no Carnaval campo-grandense. No ano passado, a agremiação ficou em terceiro. Com “O sonho de uma criança no picadeiro das emoções. Respeitável público, o Cruzeiro apresenta ‘O Circo’”, samba enredo composto por Wagner Coelho “Bororó”, a Cruzeiro realiza o “sonho de infância” do presidente da escola. “Toda criança sonha em ser algo. Meu sonho era ser dono de circo”, conta Alex, que, em sua “viagem”, distribuía as funções no circo entre os membros de sua família, que realizavam o espetáculo. A mãe fazia as guloseimas que eram vendidas para o público. A avó ficava na bilheteria. “O samba não cita os nomes, mas tem mãe, pai, avó... Ela, aliás, ficou emocionada quando ouviu a homenagem”, conta. Fanático pela arte circense, Alex conta que não perdia um único espetáculo que passava por Campo Grande quando criança. “Eu ia em todos, desde os de bairro até os maiores. Todos mesmo”, garante. Com 30 anos de história, a Unidos do Cruzeiro foi campeã do carnaval por três vezes. Nas últimas 12 edições esteve entre as três melhores. Para buscar o quarto título, a escola, que será a penúltima a desfilar no último dia de folia, leva para a avenida 300 componentes, divididos em sete alas e conta ainda com três carros alegóricos. Ajuda da comunidade - Hoje, para se manter, a Unidos do Cruzeiro conta, principalmente, com o apoio da comunidade. Mestre-sala da escola há cinco anos, o operador comercial Roberto Matos, de 32 anos, convive com a rotina dentro do barracão há 15. “A comunidade é muito presente aqui. Não pedimos dinheiro, sempre fazemos eventos para arrecadar fundos para os desfiles. Vendemos cerveja, pastel...”, conta Robertinho, que “estaria mentindo se dissesse que gosta de ser mestre-sala”. Seu negócio é, na verdade, cantar. “Campo Grande não tem tradição no carnaval. Quem é [mestre-sala], é porque tem dom e sabe dançar. A gente se esforça por amor a escola. Já tenho uma história aqui”, conta o cantor. Robertinho defende ainda uma melhor formação para mestres-salas em Campo Grande. “Não posso entregar [o posto] para um pior”, brinca. Em família - Já o posto de porta-bandeira na Unidos do Cruzeiro pertence a família Guedes. A atual, Mary Ellen, herdou a vaga da avó. Ela, que começou como porta-bandeira mirim, está há quatro anos no posto principal. “Antes, só conseguia ser [porta-bandeira] mirim. Depois, me apeguei e não larguei mais”, conta. Mary Ellen trabalha como atendente de uma loja de pipocas em um shopping de Campo Grande. Além disso, cursa o terceiro ano do ensino médio e precisa se desdobrar para comparecer aos ensaios. “Ensaio durante a tarde e aos finais de semana, quando tem tempo”, diz. “Nasci no carnaval. Não tinha como fugir disso”, conclui. Fôlego – O cansaço será grande, porém, a vontade de desfilar é maior. Elizângela Ribeiro Martinhos, de 29 anos, é outra que terá que se desdobrar no segundo dia de carnaval. Ela vai abrir o desfile como porta-bandeira da Deixa Falar e volta a avenida depois, com a Unidos do Cruzeiro, agora como rainha da bateria. “Tem um intervalo de duas escolas entre uma e outra. Dá tempo de descansar, respirar um pouco. Na Deixa Falar cansa menos, mas na Unidos é samba mesmo, sem parar”, conta. A rainha já perdeu cinco quilos para o carnaval. Até sábado, quando entra na avenida, quer perder outros três. Além disso, deve perder mais dois quilos nos dois desfiles. “Vou desaparecer”, brinca Elizângela, que ainda dá a receita de como ser uma boa rainha. “Tem que ter muita simpatia, fazer uma apresentação legal, pois é a rainha que conduz a bateria, o coração da escola”, aconselha a rainha, que garante que haverá uma surpresa para o público este ano. “Mas não posso falar qual”, finaliza. Da Redação/Com Campo Grande News
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