Personalidade | G1 | 17/02/2017 10h45

Raquel Anderson

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Poetisa de MS que ganhou concurso nacional lança livro ao lado de artistas

Mulheres "petrificadas". Cada uma reagiu de uma maneira: uma foi para trás do balcão e ficou a observá-lo, já a outra falava demais, a terceira o abraçava e daí por diante. Assim como a memória da infância pantaneira, da escritora Raquel Anderson, de 51 anos, ganhou novos ares, também o poema de Mato Grosso do Sul foi entregue na mão de muitos artistas, entre eles Chico Buarque. Acompanhada de amigas, ela saiu de Campo Grande e passou pelo Rio, São Paulo e ainda pretende levar a cultura regional de MS para outras cidades.

As apreciadoras do cantor já são fãs há décadas e, por meio de grupos nas redes socias, o acompanham. Um deles é o "raparigas do Chico". E, com o livro, Raquel tinha a intenção de lhe entregar um exemplar. "Eu ganhei muito mais do que isso, pois conheci ele, sua filha, seus amigos e conversamos sobre o que mais nos dá prazer: afinidades culturais", comentou.

Ao total, dez mulheres participam da viagem. "A amizade entre essas mulheres, de diversas cidades do Brasil e estrangeiras, começou em 2014. Todas temos gostos semelhantes e amor pelo genial artista brasileiro Chico Buarque. Nós decidimos então estreitar essa amizade e combinamos de assistir a participação dele no show da Mangueira, além de lançar o meu livro no Rio de Janeiro", comentou ao G1 a escritora.

Encontro com o fã

Esta semana, o passeio seguiu a um campo de futebol no Recreio dos Bandeirantes. "Seguimos para lá e, quando chegamos, encontramos um portão entreaberto. Todas pensando na melhor estratégia, porém, quando o encontro aconteceu, tudo caiu por água abaixo. As fotos não ficaram boas, não falei nada do que tinha planejado, mas ao menos o encontro aconteceu", afirmou.

A escritora relata que todas as meninas tiveram "uma postura discreta e elegante". "Ficamos no primeiro banco da arquibancada, próximo ao campo e, permanecemos mudar por um tempo. "Voltei na minha infância e me lembrei da felicidade que eu sentia quando esperava na fila do circo, na hora de entregar a lembrança da escola no dia das mães, na emoção de abrir a caixa de presente com uma boneca dentro, na alegria da primeira bicicleta, na empolgação de levar a florzinha na mão para a professora, sei que minhas amigas sentiram emoções fortíssimas, haviam expressões que as palavras não darão conta de traduzir....", falou.

Quando o encontro ocorreu, Raquel conta que ele foi educado e permaneceu um tempo no vestiário, para se arrumar, antes de conversar com as fãs. "Voltou de cabelo molhado e barba feita. Nós contamos a ele sobre as raparigas do Chico, que nos rendeu uma risada gostosa. Também falei do Pantanal, do meu livro, da cultura pantaneira que eu estava ali representando e ele nos ouvia atentamente, com sorrisos e concordância. Minha amiga disse que ele a salvou a vuiuvez, entre outras coisas", emendou.

Logo após, Raquel expressou em palavras todo a explosão de sentimentos. "Sabemos das entrelinhas de suas canções, sobre os contextos que ele compôs, cantou, escreveu. Destrinchamos suas letras, bebemos delas, diariamente, conversamos a respeito, lemos tudo, ouvimos muito, cantamos juntos, gravamos áudios e mais áudios, desejamos bom dia e boa noite com suas canções, trabalhamos, juntamos dinheiro, fazemos combinados e mais combinados, nos presenteamos com fotos, xícaras, livros, discos, camisetas, toda forma de amor. Extraímos desse homem o elo valiosíssimo da vida, a amizade!", escreveu.

Homem pantaneiro

Horas depois, o lançamento do livro e a entrega para pessoas como a filha do Chico, Silvia Buarque, o ator Antônio Pitanga e Jurandyr da Feira, que teve inúmeras canções gravadas por Luiz Gonzaga. "O livro fala sobre homens pantaneiros, que viveram no Pantanal há mais de 50 anos, quando ainda não havia o advento da tecnologia. Esses homens aprendiam com a lua, tinham uma capacidade grandiosa de contemplação e até um medicina própria, vivendo de raízes extraídas das matas. Além disso, eram homens que estabeleciam uma relação visceral com a natureza", ressaltou.

Ainda conforme a escritora, são homens de autenticidade e simplicidade grandiosa, entre eles o Oswaldão. "Este personagem principal é o meu pai, por ser uma referência imediata e eu tento mostrar os trejeitos, linguajar e maneira de ser, como ele foi e todos esses homens. O que eles nos deixam, uma delicadeza extraída de maneira simples. Já na página 63 está o poema menina de trancinhas, que ganhou o concurso nacional e está no livro Poesia de Maria, de Maria Bethânia", disse.

Fã de Música Popular Brasileira (MPB), ela ficou sabendo do concurso e se inscreveu pela web, sendo selecionada com mais 25 brasileiros. “Eu me considero uma leitora compulsiva e grande ouvinte de MPB. No caso da Maria Bethânia, sou muito fã dela como intérprete e a considero uma das maiores declamadoras universais. Neste ano de 2016, ela completa 50 anos de carreira e 70 anos de idade e, em razão disso, muitos eventos culturais estão fazendo homenagens a ela”, comentou na ocasião.

Com tanto sucesso, Raquel ressalta que pretende somente divulgar Mato Grosso do Sul para todo o Brasil. Na próxima semana, a escritora viaja para São Paulo e afirma ter outros percursos, antes de retornar para a capital sul-mato-grossense.

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