Artista restaura Guerreiro, atração do Parque das Nações
Durante dois meses, Anor Mendes trabalhou para instalar no Parque das Nações Indígenas um “Guerreiro Guaicuru” indestrutível. Usou ferro, massa de resina e areia, uma mistura para evitar os danos do tempo. Mas não tem fórmula química que impeça o vandalismo.
Neste mês, depois de apoio do Fundo de Incentivo à Cultura, Anor voltou ao Parque para restaurar a obra que hoje é um dos símbolos de Campo Grande. Inaugurada em 2002, não foi a chuva e nem o sol que danificaram o guerreiro. As pessoas quebraram braço, punho, lança e o que puderam destruir.
“Quando cheguei para recuperar, abri e tudo por dentro estava intacto, só por fora que estava arrebentado. E olha que é uma estrutura mais forte que o concreto”, comenta Anor.
O prejuízo custou 20 mil reais, diz o artista, recursos do FIC do governo estadual. “A vantagem é que a obra não perdeu pedaços. É tão resistente que nada caiu, ficou ali trincado, dependurado.”
O alento, se é que a palavra serve, é que as agressões não foram “pessoais”, lembra. “Tem tantas obras lindas nas praças e parques desta cidade, bancos e balanços de madeira, tudo danificado”, reclama.
Desta vez Anor resolveu recorrer mais uma vez à cultura e proteger o monumento com caraguatás, uma planta pantaneira, como os índios cavaleiros da nação guaicuru.
“O caraguatá é aquela planta que parece um grande abacaxi. Faz parte do cenário guaicuru, então plantei ao lado do guerreiro para ficar mais difícil das pessoas chegarem perto”.
Ouvindo Arnor falar, parece ainda maior “judiação” mexer na obra do artista de 61 anos, também responsável por monumentos como o de João Paulo II, na Praça do Papa em Campo Grande.
“Faço tudo com muito cuidado. No caso do Parque das Nações, pesquisei o esqueleto do cavalo e reproduzi exatamente igual com ferro, para depois revestir. O mesmo eu fiz com o corpo do guerreiro”.
Contrariado, ele diz que a visitação ao guerreiro, ponto preferido para fotos dos turistas, está proibida desde o inicio da restauração e sem prazo para ser liberada. “Coloquei cadeado lá e agora, mesmo contra a vontade, acho que a gente vai ter de colocar placas dizendo para as pessoas não subirem no bicho. Parece estranho, mas é necessário”.
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