Destaques | Jeozadaque | 24/07/2009 15h31

Américo Calheiros fala sobre a verba de R$ 2 milhões

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Mais de R$ 2 milhões de reais foram repassados para a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) que serão empregados em capacitações, kits, e outras ações. Para explicar mais sobre o assunto o presidente da FCMS, Américo Calheiros, falou com exclusividade ao site de cultura regional “Ensaio Geral”. Há 30 anos trabalhando com a cultura, o presidente da FCMS também falou sobre como a cultura regional vem sido divulgada pelo Brasil, o Plano Municipal de Cultura, os novos projetos, como é administrar a FCMS, o apoio da mídia à cultura e outros assuntos. Confira. Ensaio Geral: A cultura ajuda a desenvolver a economia do Estado, quanto a contribuição que cultura regional tem contribuído para este desenvolvimento? Américo Calheiros: Uma das preocupações do Ministério da Cultura é aferir qual a contribuição que a cultura dá para o PIB do Brasil, calcula-se, por meio de alguns levantamentos, que gira em torno de 6% de contribuição. A cultura tem uma contribuição muito importante dento do PIB brasileiro, movimenta em torno de 28 bilhões por ano dentro do mercado formal e informal. Após a instalação do Sistema Nacional do Cultura saberemos com precisão qual a participação formal da cultura dentro no PIB nacional. EG: Como está a divulgação da cultura do Estado pelo Brasil? AC: Eu acho que nós estamos muito bem em relação ao panorama nacional. Porque quando se fala em cultura a nível nacional imediatamente se lembra do eixo Rio São Paulo, por causa da tradição e dos anos de estrada que estes dois Estados tem em seus históricos, que se destacam não só apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Hoje, Mato Grosso do Sul, Campo Grande, em relação a outros Estados já surpreende pessoas que vem aqui, porque existe uma vida cultural organizada, um calendário cultural, manifestações que estão sendo organizadas com evidência. Hoje, dentro da UFMS, já existem vários pesquisadores que estão evidenciando manifestações culturais que existentes dentro do nosso Estado. Essas manifestações culturais não estão concentradas apenas na Capital, mas também nos demais municípios. Através de parcerias com as prefeituras temos levado oficinas, circuitos, apresentações e outras atrações culturais para todo o Estado. EG: Como o senhor está analisando a elaboração do Plano Municipal de Cultural de Campo Grande? AC: Desde 2005 que o Ministério da Cultura vem trabalhando por todo o Brasil com levantamentos de propostas, acolhendo por parte dos artistas de todas as comunidades, propostas para a elaboração do Plano Nacional de Cultura, e eu, como já estava na presidência da Fundação Municipal de Cultura (Fundac), tive a oportunidade de participar, em parceria com o Ministério da Cultura de momentos como este aqui em Campo Grande nos levantamentos dessas propostas. No ano passado, já com na FCMS, também com a parceria da Ministério da Cultura demos continuidade a este trabalho congregando todas as cidades do interior do Estado. Então todo o trabalho que já vem sendo realizado foi elencado em um documento, este documento foi ajustado e hoje representa uma proposta da criação do primeiro Plano Nacional da Cultura Brasileira. O documento oficial deverá entrar em votação agora no segundo semestre no Congresso Nacional. Aprovado este plano, aí nós iremos convocar a sociedade para que nós façamos a adequação do plano estadual com o plano nacional e também estar orientando os municípios do interior do Estado para que construa o seus planos municipais de cultura em consonância com o plano nacional. EG: O que os sul-mato-grossenses podem esperar de novos projetos até o final do ano? AC: Olha nós queremos dar andamento ao nosso calendário, realizá-lo dentro das nossas possibilidades e quanto aos projetos temos aí a capacitação para artistas, arte-educadores e professores que atuam no campo arte e da cultura com um recurso de mais de R$ 1 milhão de reais que foram liberados pelo Ministério da Cultura através de emendas e de um trabalho muito sincronizado que fizemos com a senadora Marisa Serrano. Foi depositado, na semana passada, na conta da FCMS, mais de R$ 1 milhão e 600 mil reais para o projeto de capacitação dos artistas, a compra de 13 kits de bandas e fanfarras em 13 municípios do Estado e mais um recurso na ordem de 400 mil reais para a recuperação do Centro Cultural José Octávio Guizzo, que no ano que vem estará completando 25 anos de existência. E em contrapartida mais de R$ 300 mil reais da parte do governo. Isso vai englobar recursos de mais de R$ 2 milhões e 51 mil reais que serão investidos na cultura do Estado elevando o nosso fazer cultural e a nossa arte. EG: O que o senhor pode nos adiantar sobre esses cursos? AC: Nós temos programado, para ainda este ano, sete oficinas que colocam em evidência a importância do museu, sendo cinco em Campo Grande e duas pelo interior do Estado. Nós terminamos agora, na semana passada, a oficina de museu e cidadania, teremos ainda mais duas, sendo que uma em Corumbá e a outra ainda estamos resolvendo em qual cidade, e mais quatro que serão realizadas aqui na Capital com diversos temas como: Museu e turismo, Museu e capacitação, entre outros. E nós estamos preocupados em investir na capacitação, porque temos que formar, nas distintas áreas que compõem a cultura, pessoas capazes de gerenciar, desenvolver, planejar e dar vida a todos estes segmentos culturais. Nossa última capacitação contou com a presença de cerca de 50 pessoas, então a procura é boa e os resultados tem sido ótimo. EG: O que o senhor tem a dizer dos artistas sul-mato-grossenses que tem se destacado fora do Estado? AC: Eu acho que o destaque desses nossos artistas é conseqüência, primeiramente, de cada um, ou de cada grupo, que não espera, vai a luta e faz acontecer. Segundo, do próprio desenvolvimento do Estado em todos os níveis, porque a cultura ela não vai sozinha, vai junto com as demais áreas. Então, à medida que o Estado vem crescendo é natural que a cultura acompanhe também este desenvolvimento. Nós temos recebido diversos artistas de outros Estados, porque Mato Grosso do Sul foi formado assim e é natural que haja esta troca de experiências, este verdade intercâmbio de artistas. EG: Desde que o senhor está à frente a da FCMS, como analisa o desenvolvimento da cultura regional? AC: Bom, eu estou há dois anos a frente da FCMS, e acho que mais do que falar em cultura regional tem que falar em cultura universal e na manifestação de cada local, e como a comunidade sul-mato-grossense se coloca nessa área da cultura. Ela vem se colocando com muita força, decisão, espírito de busca e de pesquisa, buscando a qualidade, seja na música, dança, teatro e em tantas outras, procurando encontrar a linguagem que mais expresse a nossa forma de ser e de estar aqui. Os resultados têm sido prósperos e positivos. Nós estamos conseguindo sair de um obscurantismo que já dominou esta área há décadas atrás. EG: Este trabalho não é fácil, qual a maior dificuldade que o senhor encontra em administrar a FCMS? AC: Eu acho que o grande desafio é você trabalhar com recursos limitados por conta do momento atual, suplantando-se isso, a gente procura superar com criatividade, busca de parcerias, iniciativa, trabalho de equipe, indo a luta, porque também não se pode esperar que as coisas caiam do céu. EG: Quanto ao museu de Três Lagoas, o senhor já sabe nos dizer quando ele ficará pronto? AC: Nós estamos participando dessa empreitada através de orientação técnica, o Cassiano que é o responsável e coordenador pelo arquivo público estadual tem acompanhado passo-a-passo, com a orientação da gerência de patrimônio cultural, que tem sua responsabilidade, e desde o ano passado a FCMS tomou para si essa responsabilidade junto à prefeitura de Três Lagoas e o departamento de cultura da cidade. A senadora Marisa Serrano conseguiu destinar uma verba de mais de R$ 300 mil reais para a viabilização do museu e a prefeitura de Três Lagoas também entrará com uma contrapartida. E talvez até o início do próximo ano já tenhamos mais um museu em nosso Estado EG: Aqui em Campo Grande, e na região, nós não temos observado um veículo de comunicação voltado inteiramente para a cultura como o site “Ensaio Geral”. O senhor acha que falta apoio da mídia para a cultura local e regional? AC: Eu quero parabenizar vocês do site “Ensaio Geral” por esta iniciativa, porque também não é fácil buscar todas as informações, correr atrás disso e abrir espaço, pois todo o pioneirismo tem um preço, mas, como eu, que já estou na cultura há 30 anos, já passei por períodos que em que a gente não tinha uma linha, nem um órgão e nem uma voz a favor da cultura, acho que hoje nós já crescemos bastante. Pelo menos nós temos, na grande maioria dos jornais, um espaço na imprensa escrita, um espaço dedicado a cultura em alguns um espaço maior, nas TVs e nas rádios também, claro que nós sempre precisamos de mais espaço, sempre é bom, até porque o artista e a cultura sobrevivem da divulgação e se tudo aquilo que for feito não for de conhecimento da população, dificilmente será prestigiado e é muito frustrante para a o artista idealizar um projeto, colocar aquilo na prática e depois não ter a presença e o prestígio do público. Então sempre que a imprensa puder ajudar a divulgar, enfocando tudo que está acontecendo, ela prestará um serviço para o desenvolvimento da cultura do Estado, e também, ao desenvolvimento da cidadania. EG: Sabemos que o senhor já publicou algumas obras e trabalhos culturais, podemos esperar alguma novidade ainda este ano? AC: A única coisa que eu tenho feito, ainda, é escrever. Porque, escrever é um ato solitário então nos momentos vagos que eu tenho sempre escrevo, mas, confesso a você que tenho escrito muito pouco depois que entrei aqui na FCMS, porque realmente há uma sobre carga muito grande de trabalho, demanda, viagens, e não é fácil. Como nós estamos dentro um setor que nós gostamos, porque eu só trabalho com o que eu gosto, naquilo que eu me realizo e que eu me sinto bem, estou aí com um livro à vista que talvez será lançado até o final do ano. Ensaio Geral: Para finalizar deixa um recado para todos os artistas sul-mato-grossenses. Américo Calheiros: Eu acredito na força dos nossos artistas, na capacidade criativa, de resolução, de encaminhamento e de conquista de espaço que nossos artistas têm demonstrado nessa trajetória chamada “31 Anos de Mato Grosso do Sul”, nós, na medida do possível, temos procurado contribuir com este desenvolvimento e queremos cada vez mais, buscando e buscando parcerias, recursos e possibilidades, melhorar o nosso cenário cultural e artístico sul-mato-grossense fazer a nossa parte, dentro daquilo que nos cabe e dentro daquilo que nos é possível. Foto: Exclusiva Por Luciana Navarro

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