Projeto visa resgatar a música paraguaia que influenciou a cultura de MS
Percorrer a história de Mato Grosso do Sul é caminhar no gene cultural de países que estão em sua fronteira. Os costumes do Paraguai, por exemplo, estão diretamente ligados ao berço que forma a identidade do povo sul-mato-grossense. Entretanto, nas últimas décadas, essa raiz vem se perdendo. Atentos a esse fragmento histórico, o acordeonista Dino Rocha e o jornalista Rodrigo Teixeira se uniram para mudar esta realidade no projeto “Histórias e Músicas da Fronteira”.
O projeto teve início no mês de abril e percorreu as cidades de Sidrolândia e Bonito. Os municípios de Amambai, Ponta Porã e Dourados são os próximos destinos da dupla. Segundo o idealizador da proposta e produtor da “Histórias e Músicas da Fronteira”, Thiago Coutinho, o objetivo é destacar a história da música de fronteira, principalmente a paraguaia, e sua influência artística no Estado.
“O projeto resgata a história da polca e da guarânia e apresenta para as pessoas referências artísticas que fizeram sucesso em nosso Estado”, diz Thiago.
O evento é dividido em duas partes. A primeira sessão está sobre a responsabilidade de Rodrigo Teixeira. Pesquisador e autor dos livros “Os Pioneiros – A Origem da Música Sertaneja de MS” e “Prata da Casa – Um Marco da Cultura Sul-Mato-Grossense”, Rodrigo ministra uma palestra a respeito dos artistas que têm ligação com a música fronteiriça, dos pioneiros como Délio e Delinha, Zé Corrêa e Amambai e Amambaí aos modernistas, como Almir Sater, Paulo Simões e Geraldo Espíndola.
Considerado o rei do chamamé, ícone da música de fronteira de Mato Grosso do Sul, o sanfoneiro Dino Rocha relembra as principais músicas de sua carreira e canções ligadas à temática que embalaram as noites sul-mato-grossenses.
A música de fronteira é influenciada pela cultura do Paraguai, da Argentina e pelo rasqueado paulista. Mas o projeto destacará os gêneros paraguaios, principalmente a polca e a guarânia, estilos tradicionais do país latino-americano. Rodrigo Teixeira enxerga o “Histórias e Músicas da Fronteira” como uma oportunidade de resgatar culturalmente a história de Mato Grosso do Sul e sua ligação com a comunidade paraguaia.
Segundo Rodrigo, contudo, essa identidade está sofrendo transformação nos últimos anos e perdendo espaço nos principais meios de divulgação. “Na década de 70 e 80 nós tínhamos muitos artistas paraguaios em nossa região. Hoje a gente sofre com o soterramento da música do Paraguai para gêneros de outras tradições. Nós temos de fazer um esforço para não deixar morrer”, explica.
Outro ponto que o jornalista e pesquisador destaca é a descentralização do movimento artístico. O projeto desgarra-se da necessidade de concentrar as produções em Campo Grande e leva o evento para os municípios do interior. “Uma maneira de levar informação às demais pessoas do Estado, principalmente para jovens e crianças, renovando o público consumidor”, disse Rodrigo Teixeira.
Os músicos influentes e participantes do projeto ‘Histórias e Músicas da Fronteira’
Rodrigo Teixeira é músico, jornalista e pesquisador sul-mato-grossense. Escreveu dois livros que contam a história da música regional. O jornalista trabalhou em veículos de comunicação de São Paulo, Rio de Janeiro e Campo Grande. É mestre em comunicação pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e integrou a equipe fundadora do portal Overmundo, pioneiro em web 2.0 no país. É um dos mentores da polca-rock e já lançou cinco discos, entre eles dois com o grupo Hermanos Irmãos.
Dino Rocha é um dos ícones da música do Estado. É conhecido como o “Rei do Chamamé” e considerado um dos principais instrumentistas do Brasil na atualidade. Entre as dezenas de discos e LPs que produziu, destacam-se as músicas “Chalana de Prata” e “Gaivota Pantaneira”, seu primeiro grande sucesso e que, posteriormente, fez parte da trilha sonora da novela “Pantanal”, da extinta Rede Manchete, consagrando-o e sendo reconhecido nacional e internacionalmente.
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