Música | Diarionline | 04/05/2018 08h34

Grupo Skema Rio entra em nova fase e lança CD na cidade pantaneira que abraçou os músicos

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Num dos mais seletos berços do que há de melhor do samba no país, em pleno Cacique de Ramos, surgiu na década de 1990 o Grupo Skema. Desde o início, o jeito descontraído de se fazer o ritmo pelo qual o Brasil é conhecido no mundo inteiro rendeu-lhes público que buscava desde as composições de raiz até aquelas que foram sucessos em outros estilos musicais, mas que ganharam versões em samba com o trabalho do grupo.

“Por ser num lugar tradicional se apresentava ali com a gente Beth Carvalho, Fundo de Quintal, Grupo Molejo, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho e, com essa oportunidade ainda criança, tocando com eles, muitas portas se abriram para a gente tocar em várias casas de show no Rio de Janeiro até quando chegou a vontade de expandir para outros lugares: fomos para Minas, para São Paulo e, tive um amigo que veio aqui para Corumbá e me convidou. Vim por fora do grupo, gostei e chamei o restante para vir, botei uma pilha nos caras, fomos ousados na época, vendemos um carro e viemos para cá, em 2006”, contou Marquinhos Nascimento ao Diário Corumbaense sobre as origens do grupo.

A presença do Skema em Corumbá marcou os eventos de samba na cidade que logo aglutinaram ao nome o local de origem, assim, na cidade pantaneira, os músicos ficaram conhecidos como Skema Rio. Como a receptividade e o gosto do corumbaense por um bom samba não é de se negar, o grupo permaneceu por um tempo e formou laços na região.

“O pessoal abraçou rápido a gente, a imprensa, as casas de show abriram as portas, nos sentimos em casa, tanto é que casamos e tivemos filhos com pessoas daqui, fizemos muitas amizades, mas tivemos que voltar para o Rio para organizar as coisas”, lembrou Marquinhos que comanda o cavaco, instrumento essencial no samba.

Nova fase

O retorno ao Rio de Janeiro rendeu ao grupo um novo trabalho com um dos mais respeitados produtores do estilo, Wilson Prateado, responsável pelo lançamento de nomes como o cantor Bello e o grupo Exaltasamba. Com mais de 200 canções para compor apenas um CD com cinco gravações, o som do grupo agradou tanto que o repertório registrado subiu para onze. E é com o resultado desse trabalho que o grupo entra numa nova fase e decidiu voltar a Corumbá.

“Pensamos: por que não retribuir a cidade que nos abraçou? Por que não presentear os amigos da cidade que sempre nos prestigiaram? Viemos por nossa conta e a cidade novamente nos abraçou. Temos espalhado nosso CD com músicas de compositores de grupos com grande renome e estamos entrando nesse nível. Tem uma regravação de Milton Nascimento e ela tem nos aberto a porta”, avaliou Marquinhos.

A música a que ele se refere é “Travessia”, um clássico da MPB que deixa revelar uma das grandes referências do grupo e que também acaba ampliando o público em suas apresentações.

“A gente canta muito MPB, muito samba, é uma tradição nossa. A gente gosta de Milton Nascimento, Gonzaguinha, Djavan e juntando isso com pegada de Fundo de Quintal, Exaltasamba”, disse Marquinhos ao citar algumas referências que não param por aí e vão agregando também novos estilos.

“A primeira cobrança quando chegamos aqui foi incluir algumas músicas locais e, na época já incluímos João Bosco e Vinícius e grupo Tradição. O povo pedia demais Boate Azul, que não tinha nada a ver com samba, mas a gente fazia, colocava tudo no Skema”, frisou Marquinhos.

O novo CD do Grupo Skema traz ainda uma canção autoral assinada pelo trio Henrique Skema, Marquinhos Nascimento e Felipe Catatau. “Tem coisas que não dá pra entender” tem uma letra romântica, mas sem perder a pegada dançante, que é marca do grupo.

Roda de samba

As tradicionais rodas de samba lá de Cacique de Ramos onde o grupo nasceu é a forma que o Skema mais gosta de estar entre seu público. Evidentemente, o palco é um local de excelência de qualquer artista e com o grupo não é diferente, porém aquele lugar onde o samba segue solto e a interação promove encontros únicos é na roda da samba.

“O show no palco dura até 2 horas, mas a gente faz a roda de samba porque tocamos de tudo: MPB, chorinho, aquelas canções do lado B de Cartola, de Jovelina. Quem vê o grupo Skema no palco, vai nos ver dez mil vezes melhor na roda de samba”, avaliou Henrique Skema a este Diário.

“Quando nos contratavam aqui, a gente mudava toda a estrutura do som e eventos. Começamos com esse pagode no meio ali e tinha gente que falava que não ia dar certo e isso manteve o contato com os músicos daqui até hoje com o qual também aprendemos. A gente não vem competir em nada com os artistas daqui, a gente vem compartilhar, somar porque os músicos, o artista de uma forma geral tem uma trajetória sofrida, de batalhas”, comentou Marquinhos Nascimento que continua ao falar sobre a identificação com Corumbá.

“Nossa intenção é não se fixar apenas aqui, viemos dar esse pontapé inicial e lançar o CD na região: Corumbá, Campo Grande, Miranda, Cuiabá. Na verdade, queremos representar a cidade de Corumbá porque ela nos abraçou e sentimos muito que devemos algo a Corumbá, é nossa casa, sempre nos acolheu e queremos dividir. Somos os cariocas que vivem em Corumbá”, finalizou.

Grupo tem vários eventos marcados

A agenda do Skema Rio já tem vários eventos em Corumbá e região. No dia 05 de maio, eles se apresentarão numa das rodas de samba promovidas no Porto Geral; no dia seguinte, 06, já são presença confirmada em uma feijoada no restaurante Viva Bella. Além disso, o grupo gravou a apresentação realizada nesta última quinta-feira, 26 de abril, na lanchonete Puro Sabor.

“É aquele repertório com 4 a 5 horas de duração com música para fazer aquela viagem, um churrasco, romance, enfim, para se ouvir a qualquer momento”, resumiu Henrique Skema sobre o ecletismo do grupo cuja formação atual é: Marquinhos Nascimento (cavaco e vocal), Nino Swing (tantã), Henrique Skema (pandeiro e vocal), Felipe Catatau (percussão) e Fabiano Marinho (violão e vocal).

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