Homenagem | Jeozadaque | 08/07/2008 14h23

Dezoito anos sem "Cazuza"

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Há 18 anos, no início dos anos 90, um garoto dourado de sol da praia de Ipanema, surpreendeu o cenário musical brasileiro, o cantor “Cazuza”, idolatrado pelos jovens por sua filosofia de vida, falecia vítima de AIDS. O cantor deixou muita saudade, mas também uma vasta bagagem de “Cultura”. No aniversário de morte do cantor Cazuza, o site “Ensaio Geral” faz uma homenagem ao artista que viveu todos os dias de sua vida como se fosse o último, e contribuiu muito para o cenário cultural brasileiro. A história Agenor Miranda de Araújo Neto, o popular Cazuza, nasceu no Rio de Janeiro no dia 4 de abril de 1958. Antes de descobrir que tinha um dom para a música, foi funcionário da gravadora Som Livre, fez curso de fotografia e trabalhou em peças teatrais. Foi em um espetáculo teatral que Cazuza descobriu sua vocação. Na apresentação da peça "Pára-quedas do coração", Cazuza soltou a voz e percebeu que seu dom era a música, agora só faltava encontrar uma banda. Adepto da vida boémia, a vida de Cazuza era sexo, drogas e rock 'n' roll. Seus ídolos da música eram Jimi Hendrix, Janis Joplin e a banda Rolling Stones. Em 1981, enviado pelo cantor Léo Jaime, Cazuza foi em uma entrevista para ser o futuro vocalista de uma banda que só tocava “covers”, chamada “Barão Vermelho”. Os integrantes do grupo, Roberto Frejat, Dé, Maurício Barros e Gutti Goffi gostaram da interpretação do rapaz e o contrataram. O cantor então, mostrou ao grupo as composições que havia feito, e desde então a banda que só tocava covers passou a ter o seu próprio som. A banda se apresentava em alguns teatros e barzinhos, fazia o difícil trabalho de divulgação, até o produtor Ezequiel Dias ouvir uma fita demo do grupo. Interessado no som, mostrou a Guto Graça Mello, diretor artístico da Som Livre e juntos tiveram que convencer o pai de Cazuza, João Araújo, a lançar o próprio filho. O começo foi humilde. Uma produção barata e um disco gravado as pressas. A produção agradou tanto a classe artística, que Caetano Veloso viria a gravar futuramente "Tudo que houver nessa vida", que era a música que encabeçava o primeiro trabalho. O Brasil saía de um longo ciclo ditatorial e vivia um clima de democracia. Neste momento, Cazuza com sua atitude rebelde, assumidamente bissexual, parecia um poeta. Criava letras que falavam de dores, sofrimentos e paixões nos ritmos de baladas, como rock juvenil e blues. Essas letras causaram intenso impacto na sociedade, ainda mais quando ele respondia sem meias palavras as acusações e proibições do governo. Em 1983 a banda lançou o segundo disco "Barão Vermelho 2". Vendeu mais que o anterior, mas não passou dos 15 mil exemplares. Cazuza e Frejat estavam se consolidando como compositores e o cantor Ney Matogrosso, resolveu regravar a música "Pro dia nascer feliz". O sucesso viria um pouco mais tarde, com a música "Bete Balanço", encomendada para ser a música-título do filme de Lael Rodrigues. A aceitação foi tanta que "Bete Balanço" foi incluída no terceiro disco, "Maior Abandonado" e este vendeu mais de 60 mil cópias. Cazuza ficou conhecido como "poeta do rock brasileiro", com letras que diziam: "Raspas e restos me interessam (...) Mentiras sinceras me interessam", em "Maior Abandonado"; "Você tem exatamente três mil horas/ Pra parar de me beijar (...) Você tem exatamente um segundo/ Pra aprender a me amar", em "Por que a gente é assim?"; "A fome está em toda parte/ Mas a gente come/ Levando a vida na arte", em "Milagres". Com muita energia, ele foi superando suas limitações como cantor. Suas atitudes irreverentes e declarações espalhafatosas fizeram com que fosse reconhecido como um verdadeiro artista. A conclusão dessas ações foi que em julho de 1985, Cazuza se separava da banda Barão Vermelho, a partir de agora cada um seguiria o seu rumo. Em novembro do mesmo ano, Cazuza lança seu primeiro álbum individual, intitulado "Cazuza". O álbum trazia parcerias com Frejat, que continuou sendo seu amigo, Ezequiel Neves, Leoni e Reinaldo Arias. O público teve uma ótima aceitação da carreira solo de Cazuza. Seus shows eram bem elaborados e mostrava toda a sua irreverência. As músicas "Exagerado”, “Medieval II” e “Só as mães são felizes”, foram algumas das canções que ficaram nas paradas de sucessos das rádios brasileiras. Em 1987 Cazuza troca de gravadora, e lança o álbum “Só se for a dois” pela gravadora Polygran. Nessa época, o cantor já sabia que estava com Aids. Antes de estrear o show "Só se for a dois", havia adoecido e feito um novo exame. A confirmação da presença do vírus HIV iria transformar sua vida e sua carreira. Em outubro do mesmo ano, Cazuza foi levado pelos pais à Boston, nos Estados Unidos. Lá, passou quase dois meses, submetendo-se a um tratamento. Quando voltou ao Brasil, gravou o álbum “Ideologia”. O disco vendeu meio milhão de cópias. Na imagem da contracapa, trazia um Cazuza mais magro por causa da doença, com um lenço disfarçando a perda dos cabelos em função dos remédios. No conteúdo das canções, um conjunto de palavras que expressava a maturidade do cantor. Em 1988, Cazuza recebeu o “Prêmio Sharp de Música” como "melhor cantor pop-rock" e "melhor música pop-rock", com "Preciso dizer que te amo", composta com a colaboração de Dé e Bebel Gilberto. No segundo semestre de 1988, seu show foi dirigido pelo cantor Ney Matogrosso. Cazuza buscou valorizar o texto no show, pontuado pela palavra "vida", que agora ele tentava buscar. A turnê viajou todo o país e acabou virando um programa especial da tv Globo, que foi gravado em um disco. Lançado no início de 1989, a gravação especial intitulada “Cazuza ao vivo - O tempo não pára”, vendeu mais de 560 mil cópias. Pouco depois do lançamento do álbum, Cazuza reconheceu publicamente que era portador do vírus HIV. À medida que seu estado piorava, Cazuza ciente do pouco tempo que lhe restava, passou a trabalhar o mais que podia. Entrou em um processo compulsivo de composições e gravou, de fevereiro a junho de 1989, em uma cadeira de rodas, o álbum duplo “Burguesia”. Em outubro de 1989, depois de quatro meses seguindo um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza viajou novamente para Boston, onde ficou internado até março do 1990. Seu estado já era muito delicado e no dia 7 de julho de 1990 Cazuza não resiste mais aos tratamentos e falece. O enterro aconteceu no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Cazuza foi sepultado próximo de outros astros da música brasileira como, Carmen Miranda, Ary Barroso, Francisco Alves e Clara Nunes.  

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