Geral | Da Redação/Com FCMS | 25/03/2015 17h07

Roda de Conversa do Boca de Cena exalta diálogo entre setor e poder público

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O processo de formação a partir das experiências dos artistas e da conjuntura cultural de Mato Grosso do Sul e de outras realidades foi o centro das discussões hoje de manhã (24) na roda de conversa que marcou a abertura do seminário “Teatro, Organização, Espaço e Público”, realizado pela Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação de Mato Grosso do Sul (Sectei), com organização e produção da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e do Coletivo Setorial de Teatro de Campo Grande, como parte da programação do Boca de Cena – Mostra Sul-Mato-Grossense de Teatro que acontece de 18 a 28 de março em Campo Grande.

O seminário foi aberto com a presença do Secretário de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, Athayde Nery, que ressaltou o papel decisivo do teatro na construção da cidadania. Artistas, diretores, produtores culturais e estudantes compareceram a primeira Roda de Conversa “Organização da Classe Teatral no Brasil – referências e avanços”, no espaço do Teatral Grupo de Risco que teve como debatedores Fernando Cruz (Campo Grande), diretor do Teatro Imaginário Maracangalha, representante da Rede Brasileira de Teatro de Rua e membro do Colegiado Setorial de Teatro/CG; Gil Ésper (Dourados), professor do curso de Artes Cênicas/UFGD e Luciana Romagnoli (Curitiba), jornalista e crítica de teatro.

A roda foi mediada pela secretária adjunta de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação de Mato Grosso Sul, Andréa Freire, que falou dos desafios na busca da inovação. “A organização é fundamental, a gente faz mais e erra menos. Temos que conseguir olhar diferente para a mesma coisa. Essa busca pelo empreendedorismo e inovação nos provoca diariamente na secretaria”.

Fernando Cruz começou sua explanação falando sobre a formação do Colegiado Nacional e os avanços e retrocessos obtidos nos últimos anos. “Na verdade vivemos um momento em que tudo que é deliberado não é colocado em prática; é barrado pelos gestores nacionais da nossa cultura”. Isso, para Fernando, força a busca de uma nova configuração através das redes de fortalecimento do teatro.

O professor da UFGD, Gil Ésper, trouxe para o debate a situação de Dourados. “Há uma desestruturação cultural geral por lá. A Universidade se tornou o único elo entre a cultura e a população. E não é por falta de demanda. O douradense, sempre que é convocado, demonstra seu interesse pelo teatro e todas as outras manifestações artísticas”.

Problemas recorrentes como a importância da formação de um público, a renúncia fiscal como forma de fomento a cultura, os critérios de avaliação e a corrupção  também entraram na roda de discussões.

Para Ligia Prieto, do Grupo Casa, o artista não pode contar sempre com o apoio do município ou do Estado para o patrocínio de seus espetáculos. “É preciso tomar a frente, o teatro precisa se sustentar. E essa luta não é diferente em uma ou outra região do Brasil não. As dificuldades daqui de Mato Grosso do Sul são as mesmas de qualquer outro estado brasileiro”. Opinião partilhada por Fernando Lopes Lima. “Nós temos que convencer o empresariado local de que somos necessários e não só os grandes espetáculos que vêem dos grandes centros”.

O depoimento de Marcelo Mariano, de Coxim, deu mais ânimo aos participantes da roda de conversa. No município, de apenas 30 mil habitantes, a administração municipal “abraçou” o teatro. “Eles perceberam a importância da formação teatral para a população e já estamos até fundando um grupo municipal de teatro”.

Andréa Freire fechou a primeira roda de conversa do seminário exaltando a importância do diálogo entre a classe teatral e o poder público. “Só tem sentido estarmos na Secretaria de Cultura se conseguirmos manter esse diálogo com a classe artística. Senão perde todo o sentido daquilo que trabalhamos a vida inteira. Estamos empenhados em realizar mudanças”.

O Seminário “Teatro, Organização, Espaço e Público” é aberto à participação do público em geral, com entrada franca e continua até o dia 27/3. Mais informações pelo telefone (67) 3316-9157 ou no sitewww.fundacaodecultura.com.br.

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