Fotografia | Com FCMS | 09/01/2024 11h00

Profissionais da fotografia de MS falam sobre o encanto e desafios da profissão

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O Dia Nacional do Fotógrafo foi estabelecido em 8 de janeiro de 1840 no Brasil, mesmo dia em que a primeira câmera fotográfica, denominada daguerreótipo, chegou em território brasileiro. Esse equipamento foi inventado por Louis Jacques Mandé Daguérre e usado no Brasil pela primeira vez por D. Pedro II. A Fundação de Cultura presta uma homenagem a estes valiosos profissionais com um registro da profissão feito por dois fotógrafos de Mato Grosso do Sul.

Marithê do Céu formou-se em Jornalismo em 2012 e começou a fotografar no seu primeiro estágio, em 2009, em que ela tinha que voltar com o texto e fotos das matérias, e desde então não parou mais. “Como na época eu não sabia fotografar, comecei a me dedicar muito para entregar fotos tão boas quanto os textos. Fui completamente autodidata, pedia dicas e tirava dúvidas com os meus colegas fotógrafos durante as pautas na rua e assim fui me aprimorando”.

“Depois de formada eu já tinha minha câmera fotográfica como amuleto e a carregava sempre comigo, pois já amava fotografar shows, espetáculos de dança, teatro e circo que eu ía. Depois de formada eu trabalhei com fotojornalismo e iniciei os estudos para ser fotógrafa de partos. Larguei a redação e fui para as salas de parto fotografar vidas chegando ao mundo e a cada parto eu renascia e saía com vontade de fazer aquilo a vida toda. Porém, quando a pandemia chegou eu tive que refazer toda a minha rota profissional porquê era proibido entrar nos hospitais. Foi quando eu voltei para o fotojornalismo e pós pandemia quando os eventos culturais voltaram a acontecer eu me vi registrando os maiores shows e acontecimentos culturais do Estado. Foi assim que eu tive minha primeira contratação nacional pelo Baiana System, assim que minha fotografia do Olodum virou outdoor em Salvador, assim que minhas fotos estampam jornais, revistas e sites do Brasil inteiro”.

“Eu sempre falo que a fotografia pra mim é um portal que me dá o poder de registrar aquele momento único e que faz quem a vê voltar para aquele instante ou se sentir presente no momento. Eu sempre procuro captar a energia de cada coisa que fotografo, as cores vibrantes do céu e dos palcos, a Lua e o pôr do sol, os sorrisos… A fotografia me salva todos os dias e o que eu quero é fazer as pessoas sentirem vontade de morar nas fotos que eu faço.

Para quem está começando, Marithê aconselha que “o melhor equipamento é o olhar que vem de dentro”. “Porque quem está começando fica muito preocupado em ter as melhores câmera e lente e deixa de lado o olhar. O maior desafio do fotógrafo é eternizar o que vemos com os olhos e faz nosso coração ficar quentinho”.

Luiz Felipe Mendes é campo-grandense mas viveu a vida toda no interior de Mato Grosso do Sul, em Aquidauana, Dois Irmãos do Buriti. A natureza do interior sempre o fascinou muito, e acabou levando Luiz Felipe para a fotografia. “Eu sempre passeei muito aos finais de semana com meus pais na região que hoje é a Estrada Parque de Piraputanga, que hoje tem toda essa infraestrutura mas que na época era uma estradinha de difícil acesso e pouco utilizada. Íamos para outras regiões próximas a Aquidauana também e essa natureza sempre me encantou. A Serra de Maracaju eu tenho um encantamento grande por ela e conforme os anos foram passando eu resolvi fazer biologia por conta dessa natureza exuberante que a gente tem aqui em Mato Groso do Sul. E a fotografia sempre fez parte da minha vida porque o meu avô sempre teve um contato muito próximo com a fotografia, de descendência alemã, ele sempre ia para fora do Brasil e trazia câmeras, eu tive toda a minha infância registrada, meu avô gostava muito de fotografia e juntaram essas duas coisas. Quando eu entrei para Biologia eu comecei a fazer aula de campo, naquela época não era tão comum ir para o Pantanal, o Pantanal não tinha essa visibilidade que tem hoje e embora não faça muito tempo, entrei na faculdade em 2011, e o Pantanal era mais para o público de fora. Eu comprei uma câmera para foto das aulas de campo, tirar fotos dos animais, para usar na faculdade e para compartilhar com meus familiares, e a fotografia foi tomando cada vez mais amplitude na minha vida, me formei em Biologia, trabalhei uma época na área, com docência também, mas todo o dinheiro que sobrava eu investia em fotografia”.

“Um dia eu tive a oportunidade de sair da docência e fui para a fotografia profissionalmente. E depois na fotografia eu recebi uma proposta para ir para a cinegrafia e tem toda uma conexão o vídeo também, e hoje eu trabalho como produtor audiovisual já faz seis anos tanto com fotografia como com a parte de vídeo. O meu foco sempre foi a natureza, embora de vez em quando saia um ensaio, uns retratos, mas a natureza sempre me encantou e meu propósito maior é mostrar as belezas de Mato Grosso do Sul, o quão belo é o nosso Estado. Uma fotografia encanta, porque muitas pessoas não têm um olhar atento para ver os detalhes de um bicho, de uma paisagem, e a fotografia pronta ela já traz esses detalhes e proporciona o encantamento mais fácil. Eu faço muito material para as pousadas no Pantanal de Mato Grosso do Sul, alguns serviços fora do Estado também, já fiz rota Bioceânica, para uma agência que vai operar o turismo entre o deserto e Pantanal, acompanho os médicos do Pantanal, que é uma expedição que sai de Corumbá e vai até Cuiabá fazendo atendimento, trabalho para alguns institutos que trabalham no Pantanal tanto na área de conservação quanto na questão cultural e também faço produções para empresas e TVs de fora”.

“Vejo a fotografia como uma ferramenta de conservação e de mostrar para as pessoas as nossas belezas, de propagar isso de uma forma muito grande ainda mais nessa era digital. E gosto muito de valorizar e de registrar a cultura pantaneira porque o Pantanal é uma paisagem fantástica, tem uma biodiversidade incrível e tem uma sazonalidade muito grande, tem o período de cheia, de seca, mas quem guarda toda essa história, quem preserva o Pantanal tanto em memória quanto identidade, em questões culturais, é o povo pantaneiro, seja o ribeirinho, o indígena, seja a pessoa que trabalha com a lida do gado, a comitiva, então embora eu registre muito natureza eu sempre gosto de colocar nos meus trabalhos a cultura pantaneira no meio justamente para valorizar os nossos elementos culturais sul-mato-grossenses como também para dar essa identidade para o Pantanal”.

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