Fotografia | Da redação/com Campo Grande News | 18/05/2014 18h08

Fotógrafa quer especialização em corpos transgêneros

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Campo Grande (MS) - O interesse de Pamella Paine pela fotografia nasceu durante a graduação em Artes Visuais na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande, mas só depois de formada é que ela resolveu investir no ofício.

Em 2012, com o diploma na mão, mudou-se para São Paulo em busca de emprego, disposta a estudar para concursos, e com a ideia fixa de se tornar uma fotógrafa erótica, especialista em corpos transgêneros.

O projeto inicial era clicar travestis, revelar o mundo particular delas, saber um pouco das histórias e anseios de cada personagem, mas, apesar dos contatos e das várias tentativas, pessoalmente e pela internet, não houve retorno.

Ninguém aceitou ser fotografada, talvez porque "não estão acostumadas a ganhar nada de graça”. Se desse certo, não seria uma fotografia comum, salienta. “Eu queria trabalhar justamente essa coisa do esteriótipo. Fotografar, mas também perguntar o que elas gostam, o que sentem, como sentem prazer, que roupas preferem...” explica, ao comentar que o objetivo, desde o início, era mostrar o lado humano das pessoas.

Sem retorno, Pamella, que se apresenta como transgênero (nem travesti e nem transexual, “porque ainda não tem um diagnóstico de médico, de nada”), continua disposta a tentar, mas, agora, busca tirar o projeto do papel em Campo Grande.

O problema é que, aqui, também é difícil convencer as “meninas”. Nenhuma aceitou. O jeito, então, foi expandir a ideia com outros “personagens”. Como começou agora, Paine tem fotografado amigos mais próximos para montar o próprio portfólio.

“Tem transgêneros, héteros, bissexuais, algumas mulheres que gostam de gays. São pessoas com certa liberdade sexual”, conta, ao dizer que não quer trabalhar só com “pessoas do nicho” e nem com os “agraciados socialmente”, mas gordos, magros, peludos e por aí vai.

“A pessoa que estiver disposta a se despir para mim, como eu faria com as travestis, eu topo”, afirma. “Acho até que o heterossexual machista, homofóbico, tem algo a dizer. Também tenho que mostrar o lado dele”, completa.

Por uma questão de “sobrevivência”, Pamella aceita fazer fotos comerciais, para anúncios, por exemplo, mas garante que vai manter o padrão nu artístico, mais poético. A sessão que, nas palavras dela, pode durar um hora ou um dia (porque é um trabalho mais conceitual) custa a partir de R$ 800,00.

Esse valor inclui maquiagem e 40 fotos tratadas, disponibilizadas em arquivo digital. Pamella não trabalha com estúdio, apenas em locação externa. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail pamellayule@gmail.com ou no telefone (67) 8129-6505.

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