Festival América do Sul | Da redação | 22/05/2018 13h31

Oficina de contação de histórias no Fasp é resultado de um anseio da comunidade Corumbaense

Compartilhe:

Começou na noite desta segunda-feira (21.5), na Casa Dr. Gabi, em Corumbá, como programação do 14º Festival América do Sul Pantanal (Fasp), a oficina de Contação de Histórias com Ciro Ferreira e Jusley Sousa. A oficina acontece como uma resposta aos anseios dos corumbaenses, que participaram das audiências públicas com o objetivo de discutir o que os moradores da cidade desejavam ver e participar no Festival.

Jusley é pedagoga e contadora de histórias desde 2010 e diz estar muito feliz com a oportunidade de ministrar a Oficina durante o Fasp. “Poder oferecer esta formação aqui em Corumbá é muito importante. Tem instituições privadas que contratam contadores de histórias e não encontram profissionais para trabalhar. Venho acompanhando o Festival desde a adolescência, participei das audiências públicas para esta 14ª edição e reivindiquei esta oficina. Eu, como Corumbaense, estou me sentindo parte do Fasp”.

Para ela, é muito especial a realização da oficina na Casa Dr. Gabi. “O doutor Gabriel Vandoni de Barros foi um grande benfeitor da nossa região. São Francisco e Dom Quixote eram as grandes paixões dele. Foi poeta, escritor, formado em Direito, membro da Academia Corumbaense de Letras, e nesta casa construiu uma biblioteca e sala de leitura, em que recebia as pessoas e emprestava seus livros. Ele construiu 27 instituições de educação infantil na cidade. O apoio dele para a educação e a cultura seguia a filosofia de Dom Quixote e São Francisco, de se doar ao próximo, de ajudar, de desapego à riqueza. Ele e sua mulher, dona Neta, não tiveram filhos, mas tinham vários afilhados e eram pessoas simples e acessíveis”.

O representante do Fórum Nacional de Contadores de Histórias e a Academia Brasileira de Contadores de Histórias, Ciro Ferreira, auxilia Jusley na oficina. “A proposta é a experimentação da contação de histórias, é essa vivência, trazer elementos para que eles possam utilizar a dinâmica onde trabalham. Contar histórias todos contam, mas quando se ministra um curso, pode se trazer informações mais pedagógicas, artísticas e lúdicas, que encantam com os detalhes”.

Ciro explica que esta oficina durante o Festival é realizada graças à Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) e à Jusley Sousa, “que queria muito isso”. “Também é importante pois traz os participantes do curso para as outras atrações do Fasp também”.

A coordenadora do Núcleo de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas da FCMS, Melly Sena, reforça que o curso nasceu a partir das sugestões das audiências públicas para o Fasp em Corumbá. “Haverá esta oficina até quarta-feira, depois o circuito com várias histórias sendo contatas em seis bibliotecas de Corumbá e Ladário, finalizando com o Encontro de Contação de Histórias no sábado, às 15 horas, no Sesc”.

Os participantes, em sua maioria, são estudantes do ensino normal médio e servidores da Casa de Acolhimento que vão aprender sobre exercícios de alongamento, aquecimento da voz, sobre os planos de atuação do contador e vivências sobre a contação de histórias.

As amigas Genise Castelo, pedagoga da Casa de Acolhimento; e Rosa Beatriz Dias, cuidadora na mesma instituição, participam com entusiasmo de todas as dinâmicas. “Decidimos fazer porque apareceu esta oportunidade para enriquecer o trabalho da gente, em que podemos contribuir um pouquinho mais com a sociedade, para ajudar nossas crianças, distraí-las enquanto estão de passagem na Casa de Acolhimento por decisão judicial. Adoramos o curso, é divertido, muito bacana. Trouxemos cadernos e caneta para ir anotando, mas não foi o caso. É tudo bem interativo, foi uma surpresa interessante”.

O estudante do ensino normal médio da EE Dr. Gabriel Vandoni de Barros, Márcio Silva de Paula, participa da oficina como uma exigência da matéria “Literatura Infantil” ministrada pela professora Crisley Olart, que serviu de tradutora de libras para esta entrevista. Márcio é deficiente auditivo e já é aposentado por conta de sua deficiência, mas decidiu cursar o normal médio “para não ficar em casa dormindo”. “Eu vou todos os dias na escola, tem muitos surdos-mudos fazendo o curso, eu quero estar dentro do grupo. Estou gostando muito da oficina, meus amigos estão aqui. Atualmente faço estágio com crianças, vou à escola, brinco com os pequenos, escrevo no quadro, eles olham e fazem silêncio. Estou muito feliz com o trabalho”.

A Oficina de Contação de Histórias acontece até quarta-feira (23.05) como programação do 14º Festival América do Sul Pantanal, em Corumbá. A Casa de Memória Dr. Gabi, local da oficina, está aberta para visitação do público em horário comercial e possui guia para visitação.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS