Festival América do Sul | Da Redação/Com Notícias MS | 22/08/2015 20h58

Harpa elétrica de Leonard Jacome hipnotiza público

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Se não existe a expressão “acaso intencional”, ela pode ser inventada ao estilo Manoel de Barros para tentar explicar o que ocorreu na noite de sexta (21), na Praça Generoso Ponce, em Corumbá. Não fosse um busca aleatória, mas intencional, na internet, é provável que o nome de Leonard Jacome estivesse ausente na programação desta edição do evento e somente em outra oportunidade teríamos algumas centenas de pessoas hipnotizadas, boquiabertas e contagiadas pelos loops eletrônicos e mântricos do harpista venezuelano. Leonard foi a primeira atração musical no segundo dia do Festival América do Sul Pantanal (FASP). O músico venezuelano abriu a noite de shows que foi precedida por Geraldo Espíndola e Marcelo Loureiro e, logo em seguida, por Almir Sater.

“Estávamos auxiliando na curadoria musical do festival e começamos a buscar músicos sul-americanos que ainda fossem pouco conhecidos no Brasil. Quando ouvimos as músicas do Leonard, pensamos na hora: ‘Temos de trazer esse cara pra Corumbá”, contou o músico Márcio De Camillo. “Márcio é agora um ‘hermano musical’. Ele foi o responsável por essa integração e pela minha participação no festival. Um evento como esse só me emociona e me alegra. Corumbá é uma cidade muito bonita, com pessoas calorosas e muito amáveis. Nós, músicos, esperamos sempre oportunidades assim, de levar nossa arte a outros lugares para se integrar e aprender com outros músicos”, afirma Leonard.

Em pouco mais de uma hora de apresentação, o harpista venezuelano mostrou todo o seu virtuosismo, habilidade técnica e complexidade musical com a harpa –um instrumento que, até então, em boa parte do imaginário do público presente só era relacionado à polca paraguaia. No repertório, porém, Leonard nos trouxe clássicos da música llanera (típica da região da Venezuela e Colômbia), com interpretações jazzísticas e pontuadas com revisões harmônicas e melódicas. “Conheci o jazz com 15 anos, assistindo a um filme chamado ‘Calle 54’, com Michel Camilo, Chucho Valdez, Paquito de Rivera e outros ícones da música latina que viraram minhas referências, assim como John Coltrane, Ron Carter, Arturo Sandoval e o brasileiro Hamilton de Holanda”, enumera Leonard.

A sonoridade do trabalho do músico é ainda mais característica por conta de sua harpa elétrica, um protótipo de fibra de carbono, feito sob encomenda pela Camac, empresa de instrumentos musicais francesa, especializada em harpa. “Estou tocando há cinco anos com esse instrumento, que chamo de ‘harpa elétrica venezuelana’. Com ele, estou mesclando a música de meu país com vários elementos da música mundial, como o jazz e a música brasileira. Este projeto já me levou a vários lugares do mundo e me trouxe até aqui. No momento estou morando em Londres, onde sou patrocinado por uma escola de língua inglesa (Oaks Academy). Hoje, depois dessa apresentação, só tenho de agradecer pela oportunidade de participar de um festival dessa grandeza e importância”, finaliza o músico.

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