Festival | Com Blog do Alex Fraga | 22/06/2019 07h22

Bandas surpreendem em noite de grande público no Festival Bonito Blues

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Organizar eventos culturais no Mato Grosso do Sul não é fácil, principalmente quando não há interesse dos órgãos públicos em apoiar financeiramente. Mesmo assim, os organizadores do Bonito Blues & Jazz Festival mostraram que sonhos podem ser sim realizados com muita dedicação, profissionalismo e apoio de empresas privadas. Com isso, teve início noite de ontem no CMU (Centro de Múltiplo Uso) na cidade sul-mato-grossense do ecoturismo, a sua sexta edição. O que dizer desse pontapé cultural em terras comandadas pela natureza exuberante? Sim, muita coisa boa...

Primeiro devemos elogiar os cuidados com cada detalhe pensado pelos organizadores. Esse ano é notório o crescimento do evento, onde em sua primeira noite praticamente as dependências do Centro de Múltiplo Uso ficou lotada (algo que não ocorreu em anos anteriores). A praticidade na entrada, os cuidados com a limpeza do ambiente a todo instante, palco com uma excelente estrutura, iluminação perfeita e principalmente sonorização (algo difícil em todos os eventos no Estado), lanches especiais, bebida de qualidade, mesas e sofás deram mais harmonia no ambiente que foi maravilhosamente decorado. Estrutura impecável para um público que é exigente e tem bom gosto musical.

Por volta das 22 horas subiu ao palco Gabriel Noah (músico da cidade) e a Banda Nosso Mundo. O que me surpreendeu nesta apresentação foi justamente a técnica de seus jovens músicos. A mistura do rock com o blues mexeu com o público. Comandada por Noah no vocal e guitarra (aliás, com inglês perfeito), a banda fez uma apresentação digna para um evento onde passarão até sábado, grandes talentos do gênero. Não sentiram o peso da responsabilidade e tocaram clássicos que deixaram as pessoas entusiasmadas. A banda mostrou sim que essa nova geração segue em busca da perfeição sempre inovando, além do mais, com muita tranquilidade. Gabriel Noah, Gabriel Maia, Eduardo Gimenez e João Matheus estão preparadíssimos para dar voos mais altos e em grandes movimentos culturais por todo país.

A segunda banda foi a douradense, Cizano Blues. Um detalhe curioso: após a saída da Nosso Mundo para a entrada dela, não houve nenhuma demora como normalmente ocorre em eventos. Foi tudo rápido, mostrando assim profissionalismo e preocupação com as pessoas que estavam ali para ouvir música e não aquela presenciar sempre a chatice de “acertos” de sons etc e tal. Para isso, mais uma vez os produtores foram direto no ponto crucial para um sucesso desse porte: o som. A Cizano Blues não era conhecida, já que talvez por ser de Dourados, uma cidade que ainda peca pela ausência de espaços para bandas se apresentarem. Digo sim, não era conhecida... pois agora é depois apresentação de ontem. Envolvendo com ritmo pop rock, soul music, blues e algumas releituras interessantes como de Cazuza, Rita Lee e até mesmo Alceu Valença (fantástica a mistura musical com o blues) a banda "detonou". O interessante é que todos seus integrantes cantam, o que já mostra um diferencial (algo que é difícil ver). O guitarrista e vocalista Rafael Zamorano surpreendeu com solos interessantes e com muita técnica, como também o baterista Norato Marques que tem uma pegada forte e consistente. Gustavo Bittus, baixista excelente e tem uma bela voz. Porém, a voz feminina da tecladista Géssica Mendes agradou demais. A menina canta muito e não desafina, além de tocar muito bem. Ou seja, a Cinzano Blues é uma banda completa e adorável de se ouvir.

Assim a primeira noite do Bonito Blues & Jazz Festival se encaminhou para o fechamento com o Duo paraguaio Mokõi Kure’i. Dominique Bernal e Cali Jativa são conhecidos pelo público, pois estiveram na edição anterior, mas com banda. A apresentação foi interessante. O diferencial do duo, é a chamada “polca blues”, gênero musical paraguaio mesclado com o potente e gostoso som negro americano. As releituras ficam interessantes e agradaram as pessoas. No entanto, talvez a direção musical pecou em colocar os dois para encerrar a noite, já que é muito complicado “segurar” o público com voz, violão e sax tarde da noite. Mas até que conseguiram interagir com os que ficaram até por volta das duas horas da manhã. Mas enfim, a primeira noite do Bonito Blues & Jazz Festival foi surpreendente.

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