Destaques | Jeozadaque | 19/08/2011 15h03

Lanterna Verde e Professora Sem Classe estream nas salas de cinema da Capital

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Nesta sexta-feira estreiam no Cinemark de Campo Grande dois filmes: Lanterna Verde e Professora Sem Classe. Veja abaixo a crítica dos dois filmes, segundo o site Omelete feita por Érico Borgo: Lanterna Verde | Crítica Altos e baixos na estreia do herói galáctico da DC Comics De todos os personagens do primeiro escalão da DC Comics, o Lanterna Verde é o que tem o universo mais complexo. O super-herói, afinal, age ao lado de outros 3.600 defensores da paz na galáxia, a Tropa dos Lanternas Verdes. O escopo permite desde interações sociais na Terra até guerras espaciais entre milhares de combatentes, divididos entre facções multicoloridas que representam espectros cromáticos e emocionais. Na adaptação dessa vastidão às telas, o filme Lanterna Verde (Green Lantern, 2011) é extremamente bem-sucedido. O planeta Oa, o lar dos Guardiões da Galáxia (os criadores da Tropa), é imaginativo e detalhado, assim como seus ocupantes. No cinema, os Lanternas surgem em toda a sua variedade e alguns deles recebem bom espaço de tela, especialmente Tomar-Re e Kilowog, heróis criados por CGI através de dublês por captura de movimentos e dublados por Geoffrey Rush e Michael Duncan Clarke. Outro dos mais importantes personagens da série, Sinestro (Mark Strong), ganha vida através de uma elaborada maquiagem que o transforma em uma cópia perfeita dos traços do brasileiro Ivan Reis, ilustrador que trabalha há anos com a DC nos quadrinhos. Strong entrega ao personagem a dualidade e a nobreza que o ator já demonstrou mais de uma vez no cinema, especializando-se em vilões fortes e carismáticos. Melhor ainda é Peter Sarsgaard, o Hector Hammond, que se entrega ao personagem com vontade, o tornando de longe o mais real do filme. Pena que lhe sobre tão pouco a fazer no terceiro ato, mais focado em outro vilão, o Paralax. Mas se no design, na qualidade da computação gráfica, na adaptação da mitologia do personagem e na seleção de elenco o longa agrada, o mesmo não pode se dizer da história. Preocupados com a complexidade do universo que deveriam apresentar e em como torná-la mais palatável ao grande público (a abrangência é a maior preocupação do cinema comercial hoje), os produtores optaram pelo caminho da adequação formulaica da narrativa. Não seria um problema grave se isso fosse realizado impecavelmente, mas Hal Jordan, o personagem central, que guia toda a história, carece de lógica. O herói é apresentado como o melhor piloto de provas da Ferris Aeronáutica, um que desafia a todo instante seus medos - tema central do filme -, mas a memória do pai, morto em um acidente durante um teste, é a barreira entre Hal e o que ele pode se tornar, o homem que pode ser. O problema é que isso é trabalhado com mão extremamente pesada pelo roteiro. Os conflitos de Hal ficam apenas na superfície e não fazem muito sentido (por que ele não teme voar até perder o controle mas tem medo de puxar a alavanca do assento ejetor?), e o diretor Martin Campbell, que deixou claro estar ali pelo tamanho do cheque (leia em nossa entrevista) e não tem qualquer afinidade com a obra original, nada faz como cineasta para mudar isso. O texto cria as situações de conflito para resolvê-las com falatório. Hal Jordan deixa a Tropa em Oa de maneira um tanto inexplicada e incoerente com sua apresentação e, ao invés de aprender lições sobre amadurecimento e responsabilidade a seguir (cadê o assassino do Tio Ben quando precisamos dele?), simplesmente ouve da ex-namorada, Carol Ferris (Blake Lively), em uma sequência tediosa, o que precisa para seguir adiante. Sermão de auto-ajuda super-heróica. Essa solução é repetida algumas vezes, com a obviedade do discurso sobrepujando-se aos recursos do cinema. Vilões adoram explicar seus planos, mas em Lanterna Verde essa é uma característica do grupo (que ganha até um narrador para deixar tudo ainda mais claro). Ryan Reynolds, o intérprete de Hal, teria até sido uma boa escolha. Ele é ótimo para viver sujeitos levemente arrogantes como o personagem, que já passou por fases motivadas por esse sentimento. Mas parece que o peso da responsabilidade foi demais. A atuação de Reynolds é exagerada quando não deve e apagada quando ele precisa efetivamente assumir a responsabilidade pelo drama. Falta ao ator também o carisma necessário para levar um herói pouco conhecido ao grande público (ele passa longe de um Robert Downey Jr., afinal). Completa a lista de equívocos o grande vilão do filme, Paralax. Aposta ousada dos produtores, por tratar-se de uma entidade/criatura que nos quadrinhos foi criada para arrumar erros editoriais da série, o monstro que se alimenta de medo é cartunesco, um equívoco de design e um oponente sem personalidade. Tremendo desperdício de potencial, especialmente se considerarmos que Hammond, que foi solenemente abandonado ao final, fora tão bem construído. Se houvesse uma espécie de fusão entre ele e a massaroca superpoderosa chamada Paralax teríamos uma ameaça verdadeira, uma fusão significativa dos problemas de Hal em nível galáctico (suas obrigações para com a Tropa) e terrestre (seus demônios interiores e o drama). Seria um desvio em relação aos quadrinhos, mas nada impediria que Paralax fosse extraído de Hammond depois, algo que vai ao encontro das propriedades "infecciosas" da entidade. Recentemente, um poderoso executivo da indústria do cinema declarou que "história não importa" e que o investimento em marketing e efeitos é a força motriz de qualquer blockbuster. Se fosse mesmo o caso, Lanterna Verde teria enchido os cofres da Warner Bros. De qualquer maneira, existe o que salvar aqui. O universo está criado, há bons personagens estabelecidos e o gancho ao final é emocionante para qualquer fã. Há futuro para Lanterna Verde no cinema. Basta que um diretor mais interessado na obra original assuma o cargo. Pena que o estrago já foi feito... e não foi pequeno em termos de bilheteria. Professora Sem Classe | Crítica Cameron Diaz tenta, mas comédia falha ao não levar sua personagem a lugar algum Existe a crença na indústria de que mulheres não dão certo como protagonistas em Hollywood fora de dramas e romances. Junte a isso o fato de que as atrizes desse mercado, com raríssimas exceções, não encontram papéis adequados depois de chegarem aos 40 anos, e percebe-se a situação das mulheres no cinema mais consumido no planeta. Cameron Diaz, que justamente completa essas quatro décadas no ano que vem, parece disposta a quebrar essas barreiras. Só não dá para dizer que Professora Sem Classe (Bad Teacher, 2011) é um "papel adequado". Pelo contrário. É um dos papéis mais incorretos que já deram a uma atriz no cinema recente. Na comédia de Gene Stupnitsky e Lee Eisenberg (dupla de The Office), dirigida por Jake Kasdan, Diaz vive uma bela balzaquiana com um problemão de comportamento. Elizabeth vive atrás de jogadores de futebol ("esses malditos agora usam camisinha e as levam com eles depois") e outros milionários em busca da vida fácil de dondoca que acredita que merece. O problema é que seu mais recente golpe foi descoberto e ela tem que voltar a lecionar no extremamente amigável colégio em que detesta trabalhar. Elizabeth é desagradável, grosseira, trambiqueira, cheia de vícios e culpa seus problemas pelos seios medianos. Se fosse gigantes, um milionário não lhe escaparia. Assim, ela começa a colocar em prática golpes na escola para arrecadar os 10 mil dólares que precisa para seus peitões. A trama funciona como uma mistura inesperada de Mentes Perigosas com Papai Noel às Avessas. A novidade merece reconhecimento, especialmente pela oportunidade que traz às atrizes que já passaram da fase "gostosa-que-acompanha-o-herói". Melhor ainda é tirar um astro como Justin Timberlake de sua zona de conforto e mostrá-lo como um imbecil, ao mesmo tempo evidenciando coadjuvantes de qualidade, especialmente Lucy Punch (sensacional como a professora camarada Amy) e Phillys Smith (também de The Office).Mas ainda que Kasdan entregue algumas cenas esteticamente interessantes (Elizabeth dirigindo de ré com o cigarro na boca é um estilo só), as piadas não funcionam - o mínimo esperado de qualquer comédia - sob a sua direção. Sem elas, o comportamento perturbado dos personagens falha em fazer rir e pende ao patético. A graça poderia ter salvado a pilantra que deveríamos ter adorado, que teria funcionado como uma válvula de escape para as nossas próprias domadas personalidades do cotidiano. Sem ela, a protagonista não passa daquela pessoa insuportável do escritório, de quem todos evitam chegar perto no bebedor. Consequentemente, Elizabeth acaba perdendo terreno em seu próprio filme para os coadjuvantes. Ao final, não é o excesso de canalhice que incomoda em Professora Sem Classe, mas o que os roteiristas e o diretor escolheram fazer com ele, especialmente sua opção em mantê-lo inalterado do início ao fim. Não há graça em ver uma escrota completa durante 90 minutos. Por mais que seja divertido ver Diaz atuando dessa maneira, a novidade passa rápido. Da Redação/Com Omelete

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