Edital | Jeozadaque | 12/03/2012 12h05

“Marcha das Vadias” leva a mulherada para as ruas com pedido de respeito

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A ousadia apareceu mais no nome do que na manifestação propriamente dita. A “Marcha das Vadias”, que pelo mundo exibe mulheres com a liberdade expressada em pouca roupa, em Campo Grande a primeira edição teve a maioria de calça jeans e uma ou duas com saias mais curtas ou tops. A vestimenta pode não ser o ponto principal, mas diz muito sobre o motivo do inicio do protesto em Toronto, no Canadá. Durante palestra em uma universidade, um policial sem noção soltou um conselho para lá de machista. Disse que mulheres deveriam parar de usar roupas de vadias (ou slut, em inglês) para evitar estupros. Foi a gota d’água para um desabafo feminino mundial. Em Campo Grande, na manhã deste sábado, os cartazes e os gritos de guerra diziam tudo: “Não sou vadia quero respeito. Mulher não é só bunda e peito”. Para Carla Melo, até as palavras têm pesos diferentes para homens e mulheres. “Quando chamam o homem de vadio é diferente, ele é vagabundo. Já a mulher vadia tem conotação sexual”. No frigir das ideias, o que a mulherada quer é mostrar o quanto o machismo existe e produz violência, apesar de tantas campanhas contra. Mostrar que coisas da rotina, como sair de bermuda ou saia curta em uma cidade de 40 graus a sombra, ao olhar de uma sociedade equivocada parece exibicionismo. Na Praça do Rádio Clube, representantes de entidades como a Articulação da Mulher Brasileira, regional MS, e Laboratório de Estudos sobre Violência e Sexualidade, começaram o dia com MPB e seguiram com discursos e marcha. Um dos números apresentados foi o de 281 estupros em um ano em Campo Grande o que provocou apenas 23 mandados de prisão. “Os governos têm de ter ações contra isso especificamente, a violência sexual”, reclama uma das integrantes da Articulação da Mulher, Valéria Montserra. As entidades têm propostas que devem ser repassadas ao pode público, mas antes querem debater a questão com a comunidade, o que começa pela manifestação de hoje. Um dos pontos polêmicos é a liberação do abordo. Como na época em que as mulheres queimavam sutiã em praça pública, ainda hoje esse assunto é tabu. “Quem não tem condição de ter um filho, tem de ter o direito de escolher se quer ou não ter essa criança”, defende Valéria. Yasmim Braga lembra de projeto de lei que tramita no Congresso para criar a “Bolsa Estupro”, um auxílio à mulher que engravidou após ser vítima de violência sexual. “Isso é um absurdo, o movimento é contra. A mulher tem de ter o poder de não ter esse filho”. Da Redação/Com Campo Grande News

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