Semana Pra Dança leva oficina de ballet para a periferia e proporciona integração de escola de dança com projeto social
O dia ontem (17) foi de alegria para os moradores da Coophavila II. A sede da Associação de Moradores recebeu o Workshop de Ballet Clássico da Semana Pra Dança 2016, ministrado pela bailarina Selma Cantizani Azambuja Pereira, da Cia Verso (MS). O objetivo foi oferecer uma oficina para iniciantes, com os princípios fundamentais do ballet.
Como a turma de 14 alunos (12 mulheres e dois homens) era bastante diversa, com bailarinos de níveis diferentes, a turma foi dividida em duas: quem tem mais tempo de ballet ficou na barra móvel, e quem é iniciante, na barra fixa. Depois do aquecimento, uma sequência de exercícios nas barras: pés paralelos, plié, alongé… elevé, tandi, batiment, arabesque, segunda, quinta, terceira posições… a atenção de todos para acompanhar era visível. Depois, sequências em diagonal, saltos, passos de valsa e, por fim, uma série de movimentos em reverência.
Grande parte dos alunos era oriunda das aulas de ballet ministradas na Associação de Moradores do Coophavila II pelo professor Marco André. Antes de começar o workshop, ele explicou que a Associação implantou as oficinas culturais e profissionalizantes há oito anos, a princípio com o apoio da Fiems para os profissionalizantes, como corte e costura, forros de PVC e azulejistas. “Foram os próprios estudantes azulejistas que colocaram os azulejos nesta sala”, diz Marco.
As aulas de ballet começaram há quatro anos e até o ano passado a maioria era de meninos. “O quartel roubou meus alunos. No início esses meninos vieram tentando fazer da aula de ballet uma extensão da sua farra, mas aqui encontraram disciplina. Muitos mudaram de atitude, pararam de matar aula, pular muro, e trouxeram outros alunos para as aulas”, diz.
Hoje a turma é mais eclética, de crianças e adolescentes, meninos e meninas. “Você vê nos olhinhos deles a transformação pessoal e familiar. Alguns alunos hoje ajudam nas aulas e recebem um incentivo financeiro para auxiliar na compra das sapatilhas, malhas, etc. Temos três espetáculos por ano” diz, orgulhoso.
Para Marco, é motivo de orgulho receber a oficina de ballet da Semana Pra Dança no bairro. “Quando um evento como esse vem para o bairro é motivo de orgulho. É uma troca, todos têm a aprender e ensinar alguma coisa. A dança é transformadora. Ela te liberta”.
Renata Orosco Weiler, de 12 anos, participou do workshop no Coophavila II. Ela estuda ballet há um ano na Associação de Moradores. “Um dia vim, vi a aula e me interessei. Arrumei amigos, consigo me socializar melhor. Ainda essa semana pretendo assistir a espetáculos da Semana Pra Dança. Vim na oficina para aprender mais coisas”.
Eduardo Campos, de 20 anos, faz teatro e dança e participa do Cinese Cia de Dança e do Grupo Casa. Ele fez dança de salão há quatro anos mas teve que interromper as aulas. Este ano retoma as aulas de dança pelo ballet. “Comecei a ter aulas com a Selma Azambuja na escola dela. Eu vim no workshop porque moro aqui perto. Estou começando com o clássico agora, vim para testar repertório. Não conhecia aqui de verdade, gostei do espaço”.
Natália Sabio é professora de ballet e ginástica rítmica da Divisão de Esporte e Cultura da Prefeitura e dá aulas em escolas municipais. Sobre o workshop , ela disse: “Trouxe bastante conhecimento, foi muito produtivo, eu trouxe um aluno meu aqui. No nosso Estado tem poucos cursos como esse para ajudar, para contribuir com nosso trabalho. É outra metodologia”.
Segundo ela a realização da oficina no Bairro Coophavila II foi muito legal. “Eu apoio essa transição da dança andando pelos bairros. Dou aulas nas Moreninhas, no Tarumã. Essa iniciativa vai ajudar as pessoas ao redor para que vejam a dança com um olhar diferente. A comunidade vai se aproximar”, acredita.
Para a ministrante, Selma Azambuja, a experiência foi ótima. “São bailarinos de vários níveis de ballet, tentei adaptar com exercícios funcionais para todos. É muito importante essa vinda [da oficina para o bairro], de muito valor”, diz.
Os workshops da Semana Pra Dança continuam amanhã (18), com “Dramaturgia e Expressividade – A experiência em Tem Trem?”, com Jair Damasceno, preparador teatral, diretor de movimento e dramaturgia dos espetáculos do Funk-se e “Vídeo-Dance – Expressão de Rua”, com Thiago Mendes, intérprete-criador do Grupo Expressão de Rua (MS).
Todas as oficinas da Semana Pra Dança são gratuitas. Para se inscrever, basta enviar e-mail para semanapradanca@gmail.com , colocar no assunto do e-mail o nome do workshop, e inserir no corpo da mensagem o nome e telefone do interessado.
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