Dança | Da redação | 16/11/2016 13h27

“Rasteiras e baianadas” faz a estreia da roda de capoeira no Festival América do Sul Pantanal

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Nesta segunda-feira (15), último dia do Festival América do Sul Pantanal, o instituto Cordão de Ouro (MS) fez a estreia da roda de capoeira no Festival. A apresentação, intitulada “Rasteiras e baianadas”, aconteceu às 17 horas na rua Manoel Cavassa, no Porto Geral, e levantou o público presente com a energia poderosa do ritmo afro-brasileiro.

Sob a direção do mestre Pernambuco, com coordenação coreográfica de Nara Nazareth Lima Monteiro e arranjo musical de Alexandre Miranda, o espetáculo foi apresentado em cinco atos, em que os integrantes mostraram as peculiaridades dessa arte genuinamente brasileira.

Mestre Pernambuco veio de Cabo de Santo Agostinho (PE) e está desde 2009 em Corumbá. Ele diz que pela primeira vez a capoeira está oficialmente na programação do Fasp. “’Rasteiras e baianadas’” é um espetáculo em que, primeiro, é apresentado o babalorixá, fala sobre a vinda dos negros ao Brasil nos navios negreiros, da escravidão, passando pelo ato da libertação, da pesca do xaréu no Nordeste brasileiro e, para comemorar a colheita, é encenado o “Ato do Samba de Roda”, encerrando com a roda de capoeira.

“É de extrema importância a capoeira fazer parte do Festival, porque sofremos discriminação. Isto valoriza a capoeira, pois no Festival são sete países envolvidos e a capoeira hoje é patrimônio imaterial da humanidade”, diz Mestre Pernambuco.

Alexandre, o Xandão do Cavaco, tocou atabaque na roda de capoeira e ajudou no côro. “O papel do atabaque é tirar o som dele, como diziam os ancestrais, é fazer o som com o pandeiro e ajudar na cantiga com o berimbau”. Xandão é carioca, professor de percussão, e veio para Corumbá há quatro anos, depois de participar do Carnaval em 2011 na Império do morro, tocando cavaco, e na Imperatriz Corumbaense, como intérprete oficial. “O que me atraiu em Corumbá foi a hospitalidade do povo, é uma cidade que se igualou ao Rio de Janeiro no ritmo do samba. O carnaval daqui é muito bom”.

A menina Itiane Aparecida Gomes de Oliveira dos Santos, de 12 anos, é estudante corumbaense e está na capoeira há três anos. “Capoeira é muito bom, eu gosto de me apresentar. Dá aquela sensação de lutar e não querer nunca mais parar. Eu quero ser advogada e pretendo continuar lutando capoeira. Ela motiva a sair das drogas, afasta do roubo e faz não querer matar ninguém. A pessoa vai querer focar só na capoeira”.

Celso Casanova, motorista, morador de Corumbá, luta capoeira há 19 anos. Começou como aluno e hoje é contramestre no Cordão de Ouro. “A capoeira é esporte, cultura, lazer, dentro da capoeira a gente faz amizade, consegue envolver os alunos num processo social. Além de praticar o esporte, a gente conversa sobre temas atuais, como drogas, violência, escola, família, para envolver os alunos e saber o que está acontecendo na vida deles. A capoeira consegue envolver diferentes academias, mas tudo em harmonia. Os fundamentos da capoeira são: gentileza gera gentileza, e o respeito, com as pessoas que você convive, na escola, na sociedade. Participar do festival é uma realização, estivemos no primeiro Fasp mas não de maneira oficial. É um sonho, a capoeira está valorizada, as pessoas estão olhando com outros olhos, como uma coisa boa,” finaliza.

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