Circo | Jeozadaque | 29/01/2010 10h48

Nos Bastidores da Arte: Anderson Lima

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Anderson Lima1Há muitos anos na estrada do teatro sul-mato-grossense, o ator e produtor Anderson Lima foi convidado pelo Ensaio Geral para falar sobre o novo projeto do Flor&Espinho em união com o Grupo Teatro Fúria. Leia. Ensaio Geral: Como é o trabalho do Flor&Espinho? Anderson Lima: O teatro Flor&Espinho, foi montado com o objetivo de trabalhar teatro de grupo que é diferente de teatro de elenco. No teatro de elenco você tem o projeto aprovado e vai atrás de atores pra desenvolver aquele projeto, normalmente essa prática acontece que, no final acabou o projeto esvazia, o espetáculo acaba, a gente tem muita experiência assim aqui no Mato Grosso do Sul, são pouquíssimos os grupos que trabalham com teatro de rua. A gente teve o incentivo do FIC vários anos nos espetáculos do estado que depois não tem continuidade e isso enfraquece muito o teatro a nível nacional. São poucos os grupos que tem um circuito nacional, que viaja, que tem reconhecimento. E o Flor&Espinho tenta andar na contramão, definir uma linguagem e um jeito de fazer teatro que seja um teatro autoral, a gente não trabalha com dramaturgia clássica. A gente desde o início pensa sempre em fazer um teatro que seja antenado, ligado com as problemáticas contemporâneas, que seja um teatro de agora que foi feito especialmente pra gente e não se desligar das questões políticas, tanto na esfera municipal, estadual quanto na federal. Ensaio Geral: O Flor&Espinho tem outros parceiros além do grupo Fúria? Anderson Lima: Então, nós desenvolvemos vários projetos sempre em parceria com outros grupos, nós temos por exemplo um projeto em parceria com o Grupo Palco, que é o FestCamp (Festival Nacional de Teatro) e a gente fez esse festival com a idéia de derrubar um pouco as barreiras que separavam as pessoas que fazem teatro aqui, pra poder sentar e conversar, trocar idéias e experiências sem medo de competir, que é o que acontece muito no meio artístico, as pessoas tentam se afastar achando que assim o trabalho vai crescer. O festival esse ano já vai pra 4ª edição, com o apoio da Caixa denovo, da Funarte pra trazer gente de vários grupos, várias estéticas, várias linguagens diferentes pra poder oferecer e mostrar pra sociedade quais são as possibilidades de se fazer teatro. A gente faz parceria também com o grupo Circo do Mato, que é bastante atuante aqui também, a Trupe Pantalhaço que é bem nova, mais que tem o objetivo de ser informativa a respeito do próprio palhaço que vem sendo deturpado, a gente vê muito uso indevido da imagem do palhaço, que é uma coisa que a gente vai levar pra vida toda, então precisa se conhecer bastante o que é isso, existem vários cursos de formações pra que se trabalha o palhaço, esses cursos normalmente não dão qualidade pro artista mas ajudam na questão do respeito, da ideologia. Ensaio Geral: Vocês ganharam o Prêmio Miriam Muniz, da Funarte, assim como o grupo Teatral de Risco e o Grupo de Teatro Fúria, é visível uma maior aceitação do teatro sul-mato-grossense num nível nacional. Pra vocês, esse prêmio ajudou de alguma forma na prática? Anderson Lima: Olha, fazer arte sem dinheiro é impossível, então todo apoio que vem é muito importante. Pra gente do Flor&Espinho o principal disso foi que depois do prêmio nós começamos a receber mais convites a nível nacional, foi uma coisa puxando a outra, não foi só o prêmio. Começaram a ver um grupo atuante, as pessoas veêm que o grupo está fazendo projetos. Por exemplo, nós ganhamos o prêmio em 2008 e em 2009 eu fui convidado pra ser curador do prêmio, então os projetos aprovados aqui eu tive acesso lá. Acho que é a primeira vez que alguém aqui do Estado vai fazer a curadoria, então já é uma abertura, é uma saída do teatro regional pra fora. Agora, pra gente o diferencial desse prêmio foi a união dos grupos, que é algo que temos começado a ver a nível nacional, mas ainda é muito pequeno isso e o grupo Fúria (Cuiabá-MT) também ganhou esse apoio esse ano e a gente encomendou a dramaturgia deles, e aí a gente já tinha se encontrado em Brasília e outros lugares por aí, o que causou a idéia de fazer esse projeto que é bem pioneiro no estado e no Brasil. Dois grupos de teatro trabalhando num projeto só unindo os prêmios Miriam Muniz, com o do Flor&Espinho a gente vai montar o espetáculo e com o do Fúria vamos circular pelo Brasil. Ensaio Geral: Como os grupos vão seguir quando acabar a temporada de apresentações do espetáculo em conjunto? Anderson Lima: A gente inicia uma pesquisa agora e depois, mesmo separado, a gente vai dar continuidade a ela. A gente não está seguindo técnica de ninguém, nós estamos criando um trabalho original, nosso, que fale da nossa vontade, por isso estamos fazendo essa pesquisa de voz, expressão corporal, etc. Ensaio Geral: Existe algum outro projeto para os grupos esse ano? Anderson Lima: Por enquanto a dedicação é total pra esse trabalho. Vamos tentar levantar o espetáculo nesse primeiro semestre e no segundo semestre já começar com as viagens. Foto: Jéssica Machado Da Redação

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