Manchete | Jeozadaque | 30/09/2009 16h39

Em outubro Sila Passarelli é a artista convidada para expor no projeto "Arte e Cores no Paço"

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silaNesta segunda-feira (05/10), o projeto “Arte e Cores no Paço” recebe as obras da artista plástica “Sila Passarelli”. Veja as fotos em nossa galeria. Aos 80 anos, completados no dia 13 de setembro, a artista é uma enciclopédia viva das artes plásticas. Natural de Campo Grande, Sila se interessou pela pintura aos 15 anos, e com o apoio da mãe começou a ter aulas com “Elga Barone” e mais tarde com “Ignês Corrêa da Costa”. Um dos quadros que marcou a carreira da artista foi o de uma criança de mãos juntas, que ficou exposta na loja “Casa Moderna”, em 1950, “Quando eu coloquei o quadro em exposição, as pessoas se interessaram pela pintura e começaram a fazer aulas. Aí começou a surgir diversas exposições”, disse a artista em entrevista exclusiva ao site de cultura regional “Ensaio Geral”. Apesar da idade, Sila se mostrou bem disposta, e com muita simpatia relatou fatos marcantes de sua carreira além de nos contar outras peculiaridades. Para pintar uma tela, a artista revelou que costuma ouvir música clássica e um quadro médio pode ficar pronto em apenas duas horas, “Eu costumo pintar ouvindo música clássica, para dar mais inspiração. Dependendo do quadro e da inspiração, dentro de umas duas horas já está pronto”, diz a artista. O amor a arte fez Sila lecionar aulas de artes plásticas durante 35 anos, e com o aperfeiçoamento da pintura de seus alunos a artista fazia questão de organizar uma exposição, “Sempre quando eu ia realizar uma exposição, eu sempre apresentava os quadros das minhas alunas junto, para que elas pudessem apresentar sua arte e ver como era uma mostra de arte”, diz Sila. Por causa de uma doença, quase que Sila desiste da pintura, mas o amor a arte falou mais alto e a artista encontrou uma outra maneira de seguir a carreira, “Eu tive uma doença que me impossibilitou de pintar com pincel, como eu gosto muito de pintar, gosto da arte, comecei a usar a espátula para criar as telas”, diz a artista ao exibir um dos belos quadros de flores pendurado em sua sala. As obras de Sila já foram vistas em diversos locais da Capital, e um de seus quadros faz parte do acervo do Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (Marco). A artista também já realizou exposições em Cuiabá, São Paulo, Rio de Janeiro, Ponta Porã, entre outras cidade do Brasil. Para Sila, a arte de pintar é algo que a faz viajar e a inspiração brota de uma forte emoção, seja ela boa ou ruim. Hoje a artista já não pinta com a mesma intensidade de alguns anos atrás, mas continua com suas obras e sua arte, “Quando eu comecei a pintar, eu pintava porque gostava, nunca pensei que um dia as pessoas me teriam como referência e eu fico muito feliz. Hoje eu pinto o que eu quero e por amor a arte. A pintura é a vida”, finaliza a artista. As peças que Sila Passarelli irá expor no Paço Municipal durante o mês de outubro, fazem parte de seu acervo pessoal e foram criadas ao longo de sua carreira. A abertura da exposição será realizada nesta segunda-feira (05/10), a partir das 9:00 horas. A entrada é gratuita. A outra face de Sila Passarelli Quem pensa que Sila Passarelli pinta apenas em tela se engana, além das artes plásticas, a artista também trabalha com outra arte, a pintura em porcelana. A artista foi uma das precursoras da arte na Capital, “Eu fui para o Rio de Janeiro e trouxe a técnica da pintura em porcelana para Campo Grande. Ninguém conhecia esse trabalho aqui”, diz Sila. Em um ateliê, nos fundos de sua casa, Sila trabalha tanto com a porcelana quanto com as telas. É em um pequeno álbum de fotos que a artista guarda alguns dos registros de seus trabalhos em porcelana, “Aqui é um banheiro que eu fiz”, diz a artista ao mostrar uma parede de azulejos coberta por ramos de rosa, “Naquela época eu pintava fundo de piscina, banheiro e cozinha. Eu pintava a porcelana em casa, como se fosse um mosaico gigante, aí acompanha o pedreiro na hora de assenta as peças”, relembra a artista. Sila ainda nos conta que na época em que começou a trabalhar com a porcelana teve que pedir permissão para utilizar o formo que aquece as peças, “Naquela época a cidade ainda era pequena e a energia era racionada, como eu trabalhava com a porcelana e o formo puxa muita energia, fiz uma carta pedindo permissão para utilizar o forno”. Para que as peças saiam perfeitas, o forno deve esquentar as peças a 800 °C durante um determinado tempo. No início, além das grandes pinturas, Sila pintava jogos de jantar, xícaras e potes, hoje a artista confecciona apenas pratos de enfeite, bandejas e dizeres, pois a pintura em porcelana requer mais dedicação e tempo do que a pintura em tela, “Para trabalhar com a porcelana é preciso paciência, a mãe tem que ser mais leve, às vezes tem que levar ao formo antes de terminar, isso se ela não rachar com a temperatura ou criar bolhas”, diz a artista. Quem quiser contemplar uma das obras de Sila Passareli em porcelana, basta ir até a Igreja  São João Bosco e contemplar as imagens dos ladrilhos. Texto e Foto: Luciana Navarro

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