Circo | Jeozadaque | 15/06/2010 09h43

De Camarote: Elânio

Compartilhe:

[caption id="attachment_20067" align="alignnone" width="300" caption=""Quero meus discos fora das gavetas""][/caption] O jornalista e músico Elânio firma-se a cada ano como um dos grandes nomes da música popular de Mato Grosso do Sul. Em 2010, comemorando 15 anos de carreira, lançou seu novo CD no Sarau dos Amigos, em Campo Grande. Em entrevista ao Ensaio Geral, Elânio fala sobre divulgação na web, como foram escolhidos os convidados especiais de seu álbum e sobre as novas bandas que vem surgindo no Estado. Ensaio Geral: Neste ano, você comemora 15 anos de carreira. Como foi seu primeiro contato com a música e quais foram suas grandes influências? Elânio: A música é uma paixão que vem da infância. Em minha família o primo Maurício Nascimento e seu pai, Francisco Nascimento, tem uma musicalidade que sempre admirei. Em minha casa eu tenho a influência artística de minha mãe, a artesã Cleusa Rodrigues da Silva, que pedia pra eu desenhar panos e vidros, onde depois ela pintava. Cresci ouvindo músicas nas rádios de Campo Grande, na adolescência fui fazer teatro e ouvia muito rock nacional dos anos 80. Segui ouvindo samba quando entrei num grupo de pagode e fui me aproximando da MPB durante este período. No Coral da UFMS tive contato com a música erudita e o canto lírico e popular. Me formei em Jornalismo e ainda trabalhei como contador de histórias, onde aprendi muitas canções infantis. Hoje estou voltando o ouvido para a música internacional. Todo este caldeirão de sons e experiências são minha grande influência como compositor e cantor. EG: Você utiliza várias ferramentas de divulgação na web (twitter, myspace, orkut), além de sua página oficial. O que esses recursos propiciaram a sua carreira artística? Não é difícil encontrar tempo para atualizar todos os perfis e páginas no meio de uma agenda tão movimentada? Elânio: É um desafio grande atualizar, mas é necessário. Eu acredito no meu trabalho e assumo com muita satisfação diversas funções, desde captador de recursos a assessor de imprensa e roadie ... (risos). A internet é uma grande aliada, porque faz meu disco ir para o mundo inteiro. Eu quero ter uma equipe de produção e divulgação, mas enquanto não posso investir nisto, eu mesmo preciso fazer. EG: Como foi o processo de gravação de seu álbum? Quanto o FIC disponibilizou de recursos para o seu projeto? Elânio: Decidi participar das oficinas de preparação de projetos do FIC e escrever o meu. Do orçamento de 25 mil, o FIC liberou 18 mil para patrocínio. Dedici apertar todos os custos e fazer o disco mesmo assim. Fui apresentado ao produtor Bruno Villa Maior, um músico de Campo Grande que está se destacando em produção de discos aqui e em São Paulo, pela Silky Noise Sound Design. Ele trouxe muita qualidade de produção e arranjos, aliadas a uma concepção pensada ao mercado do Pop e MPB do Brasil. Durante o processo aprendi muito sobre produção e técnica musical. Uma coisa é cantar na roda de violão, completamente relaxado e entre amigos. Outra é estar num estúdio, fechado, rodeado de microfones e com a ansiedade de realizar bem um sonho, a gravação do primeiro disco profissional. Eu sobrevivi e no próximo disco acho que vou encarar tudo isto com mais calma e experiência. Gostei do resultado, tive grandes lições de interpretação e autoconhecimento artístico. EG: Algumas faixas do CD contam com a participação de convidados; como foi a escolha desses músicos? Eram seus parceiros há algum tempo? Elânio: Estes músicos foram um presente maravilhoso que tive. Somente agora estou conhecendo o meio musical de nosso Estado. Todos estes parceiros surgiram através de convites do produtor Bruno Villa Maior, reconhecido como caçula da geração Pop do MS, que traz destaques como Jerry Espíndola, Filho dos Livres, Márcio de Camillo, entre outros. A idéia de interpretar uma canção de Alzira e Jerry veio do produtor, motivado a trazer uma sonoridade nova ao disco, ao mesmo tempo que fosse condizente comigo e minhas canções. “Sufocado” traz a poesia e o Pop destes dois grandes nomes da nossa música regional. Antônio Porto e Adriano Magoo, dois músicos da terra reconhecidos nacionalmente, me emocionaram bastante com a modernidade e suavidade que emprestaram a canção “Xote apaixonado”. Adriel Santos vem com força das baterias e percussões, ajudando muito com sua experiência de estúdio e de músico popular. EG: A canção “Sufocado”, de Jerry Espíndola e Alzira E., mistura alguns elementos diferentes, como o rap. Qual a importância de lançar uma música assinada por compositores tão populares em Mato Grosso do Sul, e que ao mesmo tempo, é inovadora dentro da sonoridade do seu álbum? Elânio: Esta letra tem tudo há ver com o jeito Elânio de ser. Confesso que relutei um pouco em aceitar, porque tínhamos cerca de 18 canções minhas pré selecionadas para o disco. Aos poucos, fui ouvindo e curtindo muito a composição de Jerry e Alzira. A proposta de ousar num Rap também me cativou. Depois parei para pensar no grande presente que estava recebendo, é quase que uma carta de recomendação destes dois irmãos de uma grande família musical vinda do Mato Grosso do Sul que eu admiro muito. Eles confiaram em mim e no produtor Bruno Villa Maior. EG: A campanha ‘Pirateiem o Elânio’ lançada na sua página oficial na web foi divulgada em vários sites e jornais de Campo Grande por ter um nome criativo e que brinca com a pirataria. Como foi a receptividade do público com sua idéia? Elânio: A campanha através da página www.elanio.com.br e outros portais está sendo maravilhosa! As pessoas riem do nome e entram na onda pra baixar e divulgar para os amigos. O público entende que eu sou contra a pirataria, mas a favor da divulgação gratuita na internet para os artistas que não contam com gravadora e distribuição de discos. Eu acredito muito no trabalho contínuo e por isto tive a coragem e ousadia de disponibilizar meu disco gratuitamente. Também é uma forma de respeitar o investimento público que cada cidadão contribui pelos impostos, através do Fundo de Investimentos Culturais (FIC-MS), que patrocinou este disco. EG: Como foi o lançamento de seu CD no Sarau dos Amigos? Elânio: Um dia emocionante e em casa, rodeado de amigos, familiares e do público que já começa a acompanhar a trajetória musical do Elânio. Fiquei imensamente honrado com a presença de autoridades e lideranças da Cultura, além da grande platéia que veio de todos os cantos da cidade para ver o lançamento de um CD no bairro Universitário, onde moro desde que nasci, onde iniciei minha carreia artística na Escola Estadual José Barbosa Rodrigues. Diversos músicos cantaram no clima do Sarau dos Amigos, interpretando músicas minhas também. Foi divertido e surpreendente ouvir minhas letras na voz de outros intérpretes, um momento que ainda quero ter muitas e muitas vezes. Quero meus discos e minhas composições fora das gavetas. EG: Como você vê a nova geração de bandas que estão surgindo em Campo Grande? É fã de alguma em especial? Elânio: O mercado do Pop e MPB local está aberto e em expansão. Milhares de pessoas lotam os shows do Parque das Nações Indígenas, indicando um sinal de que existe público que aprecia estilos musicais além do sertanejo. Campo tem excelentes músicos e bandas, somos um celeiro de talentos em todos os estilos musicais, que atuam em todo o país. Da minha geração destaco os cantores Marcelo Dias e Evelyn Lechuga, que tem discos recentes aí no mercado regional, inclusive gravaram músicas minhas que me surpreendem pela qualidade e interpretação. Também sou fã da banda Curimba, desde o som, a ousadia, o visual, as campanhas de divulgação, etc. No mercado comercial, admiro muito o caminho de sucesso dos sertanejos universitários como Luan Santana, Maria Cecília e Rodolfo, Victor e Vinícius, entre outros, eles estão exaltando novamente o nome de nosso Estado e de Campo Grande no mercado nacional. Isto pode favorecer outros estilos musicais também, num futuro próximo. Foto: Divulgação

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS