Vida e obra de Alzira E viram documentário
Alzira E, cantora, compositora e instrumentista, que atravessa e transfigura gerações na música contemporânea brasileira, é personagem de Aquilo que Eu Nunca Perdi, documentário de Marina Thomé, contemplado pelo Rumos Itaú Cultural 2017-2018 e produzido pelo Estúdio CRUA. O filme estreia no 22º BAFICI - Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente, que acontece entre 17 e 28 de março, com exibição nos dias 18, 19 e 23. Nele, Alzira, com 40 anos de carreira, se mostra ser à frente do seu tempo, fazendo parte de um pequeno grupo internacional de mulheres que, agora com mais de 60 anos, são reconhecidas como poetisas, feministas e líderes de bandas de rock, como Patti Smith e algumas outras.
A narrativa de Aquilo que Eu Nunca Perdi segue uma cronologia não-linear, criando a estrutura formal de um mosaico que retrata a personalidade magnética e colaborativa de Alzira E, por meio de uma colagem de imagens de arquivo e videoarte. A artista parece uma força da natureza em imagens capturadas no Pantanal, pelo rio Paraguai, e se confunde com elas. “Alzira é um rio contínuo, que pode passar por paisagens frequentes e mesmo assim renovar suas águas. Há algo ali que a gente não consegue pegar, que lhe faz rio”, diz o cantor, compositor e poeta Tiganá Santana no documentário.
As transformações e múltiplas facetas da artista podem ser vistas pelos olhos atentos do público até mesmo no ato de mudar seu nome artístico de Alzira Espíndola para Alzira E. “Aquela não era mais eu e não é mais a que o público conheceu nos anos 1980, 1990”, conta. “Formou-se uma ideia de que eu era a Alzirinha que cantava suave, delicado. Agora eu canto porrada e só recebo carinho.”
Aquilo que Eu Nunca Perdi foi o mote para que Alzira abrisse baús repletos de fitas MDs, VHSs e K7s com gravações caseiras inéditas, feitas junto com personalidades da música e da poesia brasileira, e também proporcionou à artista compor obras contemporâneas a partir de bases iniciadas há décadas – tudo presente no documentário. As inúmeras parcerias com Itamar Assumpção, por exemplo, dão uma camada experimental para o filme, com colagem de cenas oníricas e intensas, inspiradas no imaginário presente nas músicas da artista.
O registro documental feito com os parceiros desses 40 anos de trajetória, por sua vez, mostra histórias de como são e eram concebidas essas composições – já aconteceram até via fax –, além de processos de criação de músicas específicas, revelando uma cena musical particular, realizada de um modo cooperativo de criação e de estar no mundo. Neste sentido, participam do documentário artistas como Almir Sater, Luhli, Lucina, Arrigo Barnabé, Benjamim Taubkin e Alice Ruiz, assim como Humberto, Geraldo, Tetê, Celito e Jerry Espíndola, irmãos de Alzira.
Família
O documentário mostra a sua relação com as filhas Iara Rennó e Luz Marina, cantoras e compositoras como ela, e busca delinear estes dois arquétipos – o da mãe e o da profissional. Relembra, também, o início de sua carreira, acompanhada pela memória da mãe, que costumava cantar para os filhos na infância.
Inspirada pelos irmãos, Alzira teve sua trajetória construída ao lado deles, a partir da década de 1970, com o grupo LuzAzul, que anos depois virou Tetê e o Lírio Selvagem. Como ela mesma afirma: profissão e família, em sua vida, andam juntos, um complementando o outro.
A casa da artista é, também, locação-chave em Aquilo que Eu Nunca Perdi, com seus objetos e o baú de memórias. Lá, Alzira já costurou muitos figurinos para seus shows, ofício que aprendeu com Alba, sua mãe, que costurava roupas finas para a sociedade de Campo Grande.
A sua relação com São Paulo – que aparece tanto em imagens de arquivo quanto atuais – também está presente e é cenário para os comentários autobiográficos. Foi em 1984, já com quatro filhos e a convite de Almir Sater, que decidiu migrar sozinha para a cidade, onde iniciou a carreira de compositora urbana, inventiva e roqueira, se tornando referência na cena local. Até hoje, sua casa na capital paulista é um refúgio para músicos e compositores de várias gerações.
O filme ainda apresenta ensaios e performances do primeiro disco do álbum Corte, lançado em 2017, quando Alzira tinha 60 anos. As filmagens também contemplam ensaios e gravações de Recuerdos, disco realizado em parceria com Tetê Espíndola, com participação especial de Ney Matogrosso, lançado em 2019 pelo Selo Sesc.
Sobre o Rumos Itaú Cultural
Um dos maiores editais privados de financiamento de projetos culturais do país, o Programa Rumos, é realizado pelo Itaú Cultural desde 1997, fomentando a produção artística e cultural brasileira. A iniciativa recebeu mais de 75,8 mil inscrições desde a sua primeira edição, vindos de todos os estados do país e do exterior. Destes, foram contempladas 1,5 mil propostas nas cinco regiões brasileiras, que receberam o apoio do instituto para o desenvolvimento dos projetos selecionados nas mais diversas áreas de expressão ou de pesquisa.
Os trabalhos resultantes da seleção de todas as edições foram vistos por mais de 7 milhões de pessoas em todo o país. Além disso, mais de mil emissoras de rádio e televisão parceiras divulgaram os trabalhos selecionados.
Na edição de 2019-2020, os 11.246 projetos inscritos foram examinados, em uma primeira fase seletiva, por uma comissão composta por 40 avaliadores contratados pelo instituto entre as mais diversas áreas de atuação e regiões do país. Em seguida, passaram por um profundo processo de avaliação e análise por uma Comissão de Seleção multidisciplinar, formada por 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo gestores da própria instituição. Foram selecionados 92 projetos.
SERVIÇO:
Rumos Itaú Cultural 2017-2018
22º BAFICI - Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente
Entre os dias 17 e 28 de março
Aquilo que eu nunca perdi
De Marina Thomé
Dia 18 de março, às 17h
Presencial/ local: Museo de Arte Hispanoamericano Isaac Fernández Blanco
Online: https://cutt.ly/TzTybvn (disponível por 72h)
Dia 19 de março, às 22h
Presencial/ local: El Cultural San Martín 2
Dia 23 de março, às 19h
Presencial/ local: Club Lucero
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