Cinema | Com FCMS | 26/06/2019 07h41

MIS realiza aula sobre Cinema Marginal com Marcos Pierry

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Aproveitando a visita a Campo Grande do crítico, professor de cinema e cineasta baiano Marcos Pierry, o Museu da Imagem e do Som e o Cine Café o convidaram para realizar uma aula sobre Cinema Marginal Brasileiro, nesta quarta-feira, dia 25 de junho, a partir das 18 horas. O tema da aula será “Cinema Marginal – A Boca, a Belair e a Bahia”.

O Cinema Marginal foi um movimento cinematográfico brasileiro que se propagou pelo país entre meados de 1968 e 1973, tendo como principais produtoras a Boca do Lixo, em São Paulo, e a Belair Filmes, no Rio de Janeiro. Surgindo de uma relação paradoxal de diálogo e ruptura com o Cinema Novo e associado ao movimento revolucionário e de guerrilha, o cinema marginal pregava a ideologia da contracultura, além de criar uma abertura de diálogo lúdico e intertextual com o classicismo narrativo hollywoodiano e as chanchadas.

Tendo uma forte relação com o tropicalismo, o cinema marginal também sofreu grande repressão e censura pela ditadura que se instaurava no Brasil devido aos seus filmes extremistas de teor sexual, violento e que seguiam a chamada estética do lixo. Dentre seus representantes mais importantes estão Rogério Sganzerla (O Bandido da Luz Vermelha, a Mulher de Todos), Júlio Bressane (Matou a Família e foi ao Cinema, O Anjo Nasceu) e Ozualdo Candeias (A Margem, A Herança).

Com o surgimento da Belair Filmes, o despojamento com a produção, realização e exibição dos filmes foi levado a um extremo. Em cerca de seis meses, a produtora lançou seis longa-metragens, além de vários vídeos feitos em super 8 dos realizadores em momentos de festas e bastidores. Sua preocupação sempre foi exclusivamente com a realização (e até mesmo nessa haviam momentos de improviso), sendo o público (e retorno financeiro) algo hipotético e praticamente irrelevante para os realizadores.

Diferente das outras produções do cinema de invenção pelo Brasil, a parte “marginal” da produtora Boca do Lixo se inseriu em uma perspectiva mais comercial, produzindo filmes baratos, ágeis e eróticos, com liberdade criativa, mas visando sempre conquistar público para obter retorno financeiro.

Em 1970, com a censura e as novas exigências do mercado, esses filmes foram se tornando cada vez mais inviáveis e consequentemente cada vez mais escassos, abrindo espaço para um novo gênero que começava a surgir; a pornochanchada.

Além dos famosos realizadores cariocas e paulistas, houve uma também relevante produção marginal entre os mineiros e baianos. Dentre eles Sylvio Lana, com A Sagrada Família; José Sette de Barros com Um Filme 100% Brasileiro; Geraldo Veloso com Perdidos e Malditos; Paulo Bastos Martins com “O Anunciador, o homem das tormentas”, André Luiz de Oliveira com “Meteorango kid, o herói intergaláctico” e Álvaro Guimarães com Caveira, my friend.

O cineasta Marcos Pierry vai falar sobre tudo isso e muito mais em sua aula aberta. Marcos é doutor pela Escola de Belas Artes da UFMG, mestre pela Escola de Comunicações e Artes da USP e graduado pela Faculdade de Comunicação da UFBA. Jornalista, professor e crítico de cinema, diretor, roteirista e produtor visual, trabalhou na Rede Minas, na TVE Bahia, na Editora Abril, no jornal O Estado de São Paulo, no jornal Agora S. Paulo, e é professor do Centro Universitário Jorge Amado.

Antes do aulão, será exibido o filme “SuperOutro” de Edgar Navarro, que completa 40 anos em 2019. Nesta comédia/drama, um louco e pobre mendigo jogado nas ruas de Salvador tenta, de todas as maneiras, libertar a si mesmo da miséria que o acompanha durante toda sua vida, realizando atos tresloucados pela cidade. Certo dia, ele decide dar uma chance para a realização de seu sonho: tentar voar pelas ruas da cidade como faria um verdadeiro super-herói.

O filme recebeu o prêmio de Melhor Média-Metragem, Melhor Diretor e o Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado em 1989. Está no ranking dos melhores filmes nacionais, tendo sido eleito o 44º melhor filme brasileiro de todos os tempos segundo a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Faz parte do grupo de cinco filmes que figuram na lista e não são longas-metragens.

Serviço: A exibição do filme “SuperOutro” e a aula do cineasta Marcos Pierry são abertas ao público e gratuitas. Acontecem nesta quarta-feira, dia 26 de junho, a partir das 18 horas, no Museu da Imagem e do Som, que fica no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania: Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559. Informações pelo telefone (67) 3316-9178.

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