Cinema | Da redação | 26/06/2017 07h16

Letras da UEMS/CG cria Cineclube para discutir cultura, política e teorias

Compartilhe:

O curso de Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) de Campo Grande iniciou neste mês de junho, o projeto “Itinerários Culturais: diálogos com o cinema”, aberto a todos os alunos e professores. O Cineclube está ligado à disciplina, Itinerários Culturais, do curso de Letras e deve certificar com quatro horas de atividades complementares os alunos que participarem.

Segundo o coordenador do projeto, professor doutor Daniel Abrão, a proposta é fazer dialogar questões culturais, políticas, teóricas, das humanidades com o cinema. “A ideia é fazer dialogar a bibliografia da disciplina com dimensões sugeridas pelo cinema, na perspectiva das relações entre arte, literatura e humanidades”, afirma Daniel, que desenvolve o projeto com a monitoria do aluno Rômulo Baena.

Os encontros serão quinzenais, às terças-feiras, das 16h30 às 18h30, no laboratório Multimídia do Curso de Letras (Sala S10 - bloco de laboratórios - 2o piso). Na próxima terça-feira (27), o filme apresentado será "Diários de Motocicleta", de Walter Sales.

Veja abaixo os temas que serão trabalhador no Cineclube

Texto: Era dos Extremos (Eric Hobsbawm)

Filme: Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos (Marcelo Masagão)

Masagão inspirado na leitura da obra Era dos Extremos, do historiador britânico Eric Hobsbawm, mostra na produção, através da montagem das imagens produzidas no século XX e da música composta por Wim Mertens, o período de contrastes entre um mundo que se envolve em dois grandes conflitos internacionais, a banalização da violência, o desenvolvimento tecnológico, a esperança e a loucura das pessoas.

Texto: A Invenção das Tradições (Eric Hobsbawm)

Filme: Barravento (Glauber Rocha)*

A história de Barravento é a de um grupo de pescadores pobres de uma região da Bahia. Um deles, já tendo vivido na cidade, esforça-se em livrá-los de suas velhas crenças e de sua escravidão, usando para isso os meios mais diabólicos. A presença do mar, considerado uma divindade, a música, a dança, as cerimônias e os sacrifícios rituais são os elementos essenciais dessa narrativa.

*Ou O Pagador de Promessas (Anselmo Duarte)

Texto: O Artesanato em Mato Grosso do Sul (Gilberto Luiz Alves)

Filme: Conceição dos Bugres (Cândido Alberto da Fonseca)

Gravado em 1980, o documentário Conceição dos Bugres foi recuperado e agora pode se tornar patrimônio de Mato Grosso do Sul. Mostrando a simplicidade de umas das artistas mais famosas do Estado e a riqueza nas suas obras, o cineasta Cândido Alberto da Fonseca, de 60 anos, foi o único a fazer imagens da artesã. O curta foi gravado na casa em que Conceição vivia, na região da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande. Em 10 minutos de produção, as imagens mostram um pouco da história, a arte, as expressões e o sorriso da artista, enquanto ia esculpindo a madeira.

Texto: Formações Ideológicas na Cultura Brasileira (Alfredo Bosi)

Filme: Quanto Vale ou é Por Quilo? (Sérgio Bianchi)

Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. O filme traça um paralelo entre a vida no período da escravidão e a sociedade brasileira contemporânea, focalizando as semelhanças existentes no contexto social e econômico das duas épocas. Com muitos atores afro-brasileiros, a ação se desenrola nesses dois períodos históricos ao mesmo tempo.

Texto: A Sociedade do Espetáculo (Guy Debord)

Filme: A Sociedade do Espetáculo (Guy Debord)*

É um documentário que ressalta o aspecto de espetacularização dos feitos, em qualquer sociedade, seja ela neoliberal ou socialista. O documentário foi rodado em cima dolivro homônimo e também de Guy Dubord.

*Ou A Montanha dos Sete Abutres (Billy Wilder)

Texto: Cultura Brasileira e Culturas Brasileiras (Alfredo Bosi)

Filme: Desmundo (Alain Fresnot)*

O filme é ambientado em 1570, época em que os portugueses enviavam órfãs ao Brasil para que casassem com os colonizadores. A tentativa era minimizar o nascimento dos filhos com as índias e que os portugueses tivessem casamentos brancos e cristãos.

* Ou Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade)

Texto: Pós-Modernismo - A Lógica Cultural Do Capitalismo Tardio (Fredric Jameson)

Filme: Amarelo Manga (Cláudio Assis)

O filme Amarelo Manga e a cidade de Recife posta no filme, uma cidade-cinema que, apesar de ser construída sobre uma base concreta que é Recife propriamente, assume a forma de uma metrópole ficcional. Com a complexidade de seus personagens, o filme traz à tona questões atuais da nossa sociedade. Pessoas indecifráveis em sua insignificância, anônimos, abandonados, deixados de lado, mas que nas entranhas estão vivos compondo uma paisagem feia cujo enredo se dá na periferia da cidade.

Texto: O Universal e o Singular (Gilberto Luiz Alves)

Filme: Diários de Motocicleta (Walter Salles)*

O filme narra a expedição de 1952, inicialmente por moto, em toda a América do Sul por Guevara e seu amigo Alberto Granado de 29 anos de idade. Como a aventura, inicialmente centrada em torno de hedonismo juvenil, se desenrola, Guevara se descobre transformado por suas observações sobre a vida do campesinato indígena empobrecido. Através dos personagens que eles encontram em sua jornada continental, Guevara e Granado testemunham em primeira mão as injustiças que o rosto destituído e estão expostos a pessoas e classes sociais que eles nunca teriam encontrado de outra forma. Para sua surpresa, a estrada apresenta-lhes tanto uma imagem verdadeira e cativante da identidade latino-americana.

*A História Oficial (Luis Puenzo)

Texto: Pós-modernidade e Sociedade de Consumo (Fredric Jameson)

Filme: 1,99 - Um Supermercado Que Vende Palavras (Marcelo Masagão)

Em uma crítica à sociedade moderna, o filme concentra os acontecimentos em um mercado fictício onde pessoas robotizadas compram produtos que, na verdade, são slogans e sentimentos - nada de concreto.

Tema: Cultura Popular vs. Cultura Erudita

Filme: O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sganzerla)

O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, dialoga com a cultura de massas e problematiza a cultura erudita. Embora dialogue com os meios de comunicação e com linguagens próprias do rádio, por exemplo, o faz como parte de uma atitude erudita, que procura provocar, experimentar, e que faz dele um filme que definitivamente se afasta do cinema de massas.

Tema: Arte vs. Mercado

Filme: Verdades e Mentiras (Orson Welles)

A partir da história de um pintor falsário, capaz de produzir um “Picasso” em poucos minutos, Welles brinca com os limites do verdadeiro e do falso. Grande parte do filme se ocupa em contar e investigar as verdades e mentiras por trás de um escândalo ocorrido no final dos anos 60 no mundo das artes, ou melhor, no mercado das artes, em que obras falsas produzidas pelo pintor até então desconhecido, Elmyr de Hory, teriam sido vendidas para grandes galerias de arte.

Tema: Cultura Indígena

Filme: Martírio (Vincent Carelli)*

Uma análise da violência sofrida pelo grupo Guarani Kaiowá, uma das maiores populações indígenas do Brasil nos dias de hoje e que habita as terras do centro-oeste brasileiro, entrando constantemente em conflito com as forças de repressão e opressão organizadas pelos latifundiários, pecuaristas e fazendeiros locais, que desejam exterminar os índios e tomar as terras para si.

VEJA MAIS
Compartilhe:

PARCEIROS