Cinema | Da redação | 11/10/2018 13h18

Cineasta estreia curta-metragem com desenho animado, efeitos especiais e até máquinas de brinquedo

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Você já deve ter sentido a alegria de ver algo construído por você se tornar realidade. Agora imagine como é esta sensação em uma criança. Este é o tema do filme "As Invenções de Akins", um curta-metragem escrito e dirigido pelo cineasta campo-grandense Ulísver Silva, que estreará diretamente no YouTube neste sábado (13). O patrocínio é da Prefeitura Municipal de Campo Grande, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e Fundo Municipal de Cultura e Turismo (FMIC).

O filme conta a história do pequeno Akins, filho único de mãe solteira, que resolve construir sozinho uma máquina feita de sucatas e brinquedos. Porém, a complexidade da empreitada acaba trazendo à tona uma série de inseguranças do menino que, além de sofrer com limitações materiais, sente a falta de uma figura paterna para lhe ajudar a encarar os desafios complexos da vida.

Usando de muito humor, aventura e uma pitada de fantasia, a narrativa de “As Invenções de Akins” busca mostrar para o público infantil que é possível resolver situações-problema por meio da persistência, da curiosidade e do aprendizado proveniente da tentativa e erro. "As Invenções de Akins" é inspirado na experiência pessoal do cineasta Ulísver Silva, que também é filho de mãe solteira e na infância adorava criar seus próprios brinquedos usando materiais recicláveis.

O cineasta realiza curtas-metragens desde a adolescência, porém sempre fez de forma experimental e "na raça". Desta vez, porém, realiza o que considera seu primeiro filme profissional, feito com dinheiro, bons equipamentos e uma equipe de 20 pessoas.

O ator principal, Vitor Vieira, morador das Moreninhas, começou as filmagens quando tinha 9 anos, agora já tem 10 anos. De acordo com o diretor, o ator-mirim nunca teve experiência com atuação, mas mostrou grande desembaraço nos testes de elenco e se encaixou perfeitamente no personagem.

Os outros atores do filme também são estreantes: Maria Eny, a atriz mais experiente do elenco, interpreta a mãe de Akins. Eny veio de Dourados para Campo Grande só para as filmagens e chegou a sacrificar seu aniversário para estar na Capital para participar dos testes de elenco.

Completam o elenco: Luiz Carlos Santana, músico e capoeirista, faz o pai de Akins; Henrique, ator que interpreta o amigo de Akins; João Alisson que dá vida a um marceneiro e Agenor Age, designer e dançarino que faz uma participação especial na obra.

A preparadora de elenco Nadja Mitidiero passou dois meses ensaiando os atores usando as mesmas técnicas de preparação de não-atores usadas no filme "Cidade de Deus" (2002). “Sentimos que se fizéssemos os atores decorarem as falas ia ficar muito mecânico. Então, optamos por um trabalho diferente. Nadja passou as ideias de cada diálogo e os atores improvisavam em cima disso”, revelou Ulísver.

Além do personagem Akins, há outra "personagem" que rouba a cena no filme: A Máquina de Rube Goldberg. Uma máquina feita de sucatas e brinquedos que Akins resolve construir. O diretor explica que viu a máquina pela primeira vez quando era criança ao assistir a vinheta de abertura do programa Rá Tim Bum da TV Cultura. Mais velho, quando começou a criar o roteiro do filme, percebeu que precisava inserir na história um brinquedo que fosse extraordinário visualmente, mas também desafiador para ser construído. Foi aí que veio na memória a vinheta do Rá Tim Bum e Ulísver não teve dúvidas: a máquina tinha que estar no filme.

O diretor explica que a tal máquina foi popularizada pelo cartunista americano Rube Goldberg que ficou famoso nos anos 20 por fazercartoons mostrando máquinas executando tarefas simples por meio de mecanismos cômicos. A máquina não possui um formato único, cada criador cria seus próprios mecanismos, o importante é que eles entrem em movimento por meio de uma reação em cadeia. Bastante famosa nos Estados Unidos, a Máquina de Rube Goldberg e é usada em escolas para ensinar física, química e princípios de engenharia para crianças.

No Brasil, e mesmo em Campo Grande, há professores que a usam para ensinar conceitos científicos na prática. Estes potenciais pedagógicos incentivaram ainda mais o diretor Ulísver a assimilar a máquina na narrativa do filme, tornando-o não só um filme divertido, mas também como instrumento pedagógico para os professores.

Assim que o curta-metragem for lançado, a equipe de produção exibirá o filme em escolas da rede municipal de Campo Grande e os professores poderão estimular os alunos a criarem suas máquinas como atividade complementar aos aprendizados em sala de aula. O diretor do filme já até se reuniu com professores da SEMED para articular as exibições.

“Dentro do possível, vamos acompanhar professores e seus alunos nas criações de suas máquinas e planejamos fazer um campeonato no ano que vem. Nosso objetivo é que o filme sirva não só como entretenimento, mas também como um estímulo para a garotada criar seus próprios brinquedos, exercitar sua criatividade e aprender de forma divertida conceitos científicos. Acho importante estimularmos as crianças a criar coisas com suas próprias mãos, ao invés de ficar o dia inteiro somente diante do computador” diz o cineasta.

"As Invenções de Akins" foi um filme bastante complexo na sua execução. Há cenas em live action (atores e cenários reais), mas também cenas com desenhos animados e efeitos visuais. Efeitos simples, porém que deram grande trabalho. Houve até uma empresa que foi contratada somente para criar as Máquinas de Rube Goldberg que aparecem no filme. A Oficina do Inventor, empresa incubada na Pantanal Incubadora de Empresas (PIME) da UFMS, recebeu o desafio de conceber e construir as máquinas, chegando a fabricar peças especialmente para tal.

No roteiro do filme, as máquinas são descritas de forma genérica, apenas pontuando seus aspectos dramáticos. A equipe da Oficina do Inventor teve então que criar as máquinas de forma que elas servissem as necessidades dramáticas do roteiro. Houve também uma cena com desenho animado produzida em conjunto pelo ilustrador Wanick Correa e pelo motion graphic Josué de Oliveira. Trabalho que demandou esforço logístico, pois o ilustrador mora em Campo Grande e o animador em São Paulo.

O filme contou com a valiosa contribuição da DOPE Audio Design, empresa especializada em captação de som, design de som e trilha sonora. Completam a equipe os artistas visuais Rafael Mareco e Leonardo Mareco, graffiteiros que deram um toque artístico sensacional as máquinas, maquetes e elementos gráficos que aparecem no filme. Helton Pérez, famoso filmmaker campo-grandense trouxe também sua experiência na direção de fotografia do filme.

"Foi um desafio enorme gerenciar tudo, mas graças as técnicas de gerenciamento de projetos que aprendemos, conseguimos organizar tudo" diz Ulísver. O filme contou com a assessoria de Lean Sartori, engenheiro e gestor de projetos que ajudou o time a organizar as informações, prazos e o fluxo de gastos. "Se não fossem estas técnicas, não teríamos conseguido cumprir prazos, controlar os custos e deixar o clima tranquilo para que a criatividade da equipe pudesse fluir. Creio que a classe artística vai se enriquecer muito aplicando estas técnicas em seus projetos. Não é só coisa de engenheiro, é aplicável a qualquer area" completa o diretor.

A partir do dia 15, o filme será exibido em várias escolas da rede municipal de ensino de Campo Grande. Também será exibido durante a Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, que será realizada no Palácio Popular da Cultura. O Integra UFMS será outro local de exibição, além de outros eventos. A ideia da equipe é exibir o filme no máximo de locais possíveis.

O público já pode conhecer mais sobre o filme acessando o site. O filme estará disponível no site no dia 13 de outubro e todos podem seguir as redes sociais da obra.

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