Filme “Chorão: Marginal Alado” é debatido por diretor e produtores

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Audiovisual | Com Thiago Nepomuceno | 08/04/2021 10h42

Filme “Chorão: Marginal Alado” é debatido por diretor e produtores

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No começo dessa semana aconteceu a coletiva virtual do filme “Chorão: Marginal Alado”, que estreia amanhã, dia 08, nos cinemas e em plataformas digitais. O diretor Felipe Novaes e os produtores Hugo Prata e Fabio Zavala responderam às perguntas dos jornalistas e debateram sobre a figura complexa do Chorão, seus altos e baixos e o que o público pode esperar da linha da narrativa.

A coletiva teve mediação de Edgard Piccoli e participação especial de Igor Kupstas, diretor da O2 Play, distribuidora do filme. Com duração de 1h20, o bate papo começou com o processo de montagem e pesquisa iniciado por Novaes em 2013, pouco tempo depois da morte do Chorão. A equipe iniciou o trabalho entrevistando pessoas ligadas ao músico e acessando imagens do Youtube e de emissoras de TV. Alguns anos depois, receberam mais de 700 fitas de arquivo pessoal, inéditas, cedidas pelo Xande, filho do Chorão. O material mudou a visão do filme, trazendo mais detalhes da vida pessoal do vocalista do Charlie Brown. 

O grupo também abordou a complexidade do músico, e suas angústias e problemas emocionais. Essa intensidade é trazida com bastante sensibilidade pela entrevista que Novaes realizou em 2013 com Champignon, ex-baixista da banda, que faleceu por suicídio sete dias depois de conversar com o diretor. 

Em que momento você pensou em produzir um filme sobre o Chorão? 

Felipe Novaes: Por ter crescido em Santos, eu sempre tive o Chorão presente na memória afetiva. Mas o momento decisivo foi o fato de essa morte mexer muito com as pessoas, trazendo pólos extremos. Ele era ou demonizado ou endeusado. Fiquei instigado a entender quem era essa pessoa. e vi muito curioso para conhecê-lo a fundo, e o que o levou a ter aquele fim. . O Chorão era uma figura muito contraditória.

Como foi feito o trabalho de reunir todas as filmagens e vídeos antigos da banda/Chorão? 

Fabio Zavala: O Felipe começou com uma busca no Youtube, onde se começou o trabalho de levantamento, além dos materiais de emissoras de televisão. Até o início de 2017, tínhamos um roteiro com mais de 600 horas de material. Num encontro com Xande, filho do Chorão, ele cedeu mais de 700 horas de material inédito, de arquivo pessoal. Aí sim transbordamos nosso expectador de um material riquíssimo. Eram imagens de bastidores, camarins, viagens entre shows. Ali você começa a delinear esses momentos onde o artista está mais desarmado. Foi bastante desafiador. 

Como foi o trabalho de retratar de forma honesta e equilibrada os dois lados mais latentes do Chorão? 

Felipe Novaes: Eu percebi logo de cara que o Chorão não era muito diferente de todos nós. Por ele ser um rockstar, a gente prestava atenção em cada passo seu. Mas esquecemos que os ídolos são normais. São pessoas, e também erram. Mergulhando nessa pesquisa, ficava muito claro que o Chorão lidava com muitas questões pessoais, e as polêmicas que ele se envolvia também mexiam com ele. Fomos percebendo que esse era o caminho. Por ser uma pessoa muito intensa e talentosa, às vezes se via com dificuldade de lidar com esses sentimentos. Tentamos trazer essa sensibilidade no documentário. 

A campanha de crowdfunding foi fundamental para realizar o filme mas, mais do que isso, dá pra dizer que ver tantas pessoas apoiando a realização desse filme serve como mais um atestado do quanto o Chorão era e é querido pelos seus fãs? 

 Felipe Novaes: Decidimos fazer o filme num esforço de guerrilha. Num primeiro momento, precisávamos de recursos para fazer uma pesquisa e captar algumas entrevistas, para começar a entender aquela pessoa que era o Chorão. Isso foi em 2013, o ano em que o crowdfunding explodiu no mundo. E nos pareceu na época um bom caminho.. Além da generosa quantia que conseguimos arrecadar, percebemos a aderência do público. Se quase 500 pessoas estão contribuindo para o projeto acontecer, fica claro que tem gente querendo ver o filme. Nos deu muito gás e ajudou a ganharmos a opinião das pessoas e da mídia. 

Vocês abordam a morte precoce de dois membros da banda, sendo pegos de surpresa pela partida do Champignon. Como foi essa entrevista? Como foi a construção dessa narrativa? 

Felipe Novaes: A morte do Chorão começa a ganhar outro patamar após o falecimento do champignon. Lógico que depois, revendo a entrevista,, as palavras tomam outras proporções, porque foi a última entrevista dele. A linha é muito tênue entre ser sensacionalista ou dramático demais, queríamos que aquelas mortes fossem um fio condutor, mas ao mesmo tempo, como você está falando de algo que já aconteceu e todo mundo já sabe, você precisa encontrar algo a mais para trazer para a conversa. É usar disso como oportunidade para falar sobre todos esses assuntos que surgiram, como o sucesso, a fama, saúde mental, uso de drogas, etc. Conversamos muito sobre como abordar isso de forma honrada, cautelosa e respeitosa. 


Quais foram os cuidados para manter uma linguagem democrática, de forma que atingisse tanto os fãs mais assíduos do Chorão quanto quem só ouvia a banda, mas não conhecia a história do vocalista? 

Hugo Prata: Foi uma das partes mais difíceis. Fazer um filme para um nicho do chorão, que é imenso, já seria ótimo, mas queríamos levar a obra para todo mundo. Ele é um “herói”, quase um personagem de ficção. Nessa hora, são escolhas que temos que fazer. 70 minutos é muito pouco para traduzir um personagem desses, e tentamos abordar os assuntos mais relevantes. Achamos que conseguimos trazer o Chorão independente da música dele. Você assiste ali a jornada de uma pessoa cheia de altos e baixos, angústias e complexidade. 

O que espera dessa nova fase de lançamento do filme?

Igor Kupstas: Quando fizemos a sessão na Mostra de Cinema de São Paulo, em 2019, foi muito importante ver como a plateia reagia. Uma das coisas que me chateia é que teremos poucas salas de cinema abertas agora em 2021. Seria, sem dúvidas, uma experiência incrível ter esse público assistindo e cantando junto. Mas esperamos trazer um pouco disso no digital, com uma série de ações para conversar com a plateia e expandir isso do coletivo para o digital. 

Sinopse:

Depoimentos, imagens inéditas de acervo pessoal e imagens de arquivo compõem o documentário de longa-metragem “Chorão: Marginal Alado", que percorre a trajetória de um dos mais importantes rockstars do país. Desde os anos 90, quando sua banda Charlie Brown Jr.  lançou o primeiro álbum e despontou nas rádios, Chorão viveu décadas intensas de sucesso nacional e internacional repletas de polêmicas, até a morte precoce, por overdose, em 2013.

Serviço:

Estreia do filme:  08 de abril nos cinemas de todo país e nas plataformas NOW, Google Play, Apple TV, Vivo Play, Looke e Youtube.

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