Documentário mostra professores da UFMS falando sobre homossexualidade
O documentário "Eu não ando só" será exibido na próxima sexta-feira (27), às 14h, na Casa da Memória Raída, em Bonito. A transmissão ocorrerá durante o Festival de Inverno que acontecerá de quinta-feira (26) a domingo (29), deste mês no município. A obra é de roteiro e direção de Mara Silvestre, e dialoga diretamente com a sociedade atual, trazendo depoimentos de professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), sobre homossexualidade, preconceito e superação.
Estruturado a partir de depoimentos de professores homossexuais dos vários campi da UFMS, o filme apresenta as memórias e os embates cotidianos de sujeitos cujas trajetórias são observadas a partir de seus desejos e da performatividade de gêneros. Em um período como este, tão marcado pela violência e pela necessidade de manutenção e ampliação dos direitos individuais e coletivos, "Eu não ando só", para Mara, é uma obra necessária.
"Tenho uma produtora independente chamada "Águas Comunicação", que está registrada na Ancine [Agência Nacional do Cinema], e venho da plataforma de televisão. Em 2015, a agência lançou um edital nacional e na região Centro-Oeste, tinha três temas sobre gênero. Ai, resolvi buscar por crianças que nasceram meninas, mas que gostavam de se vestir como menino. Foi nesse momento que uma colega me levou para uma boate LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros]", explica a diretora sobre como foi os passos iniciais do trabalho.
"Lá encontrei três grupos de extensão da UFMS, ai fui conversando com eles para pautarem o edital. Entramos com o documentário que se chamava Vidas impossíveis, o pessoal Ancine gostou, porem, não puderam ajudar porque estavam paralisados, devido à troca de governo, na época", disse.
Conforme Mara, após algum tempo, ela se reuniu com Guilherme Passamani e Tiago Duque, personagens do filme "Eu não ando só", que sugeriram a diretora, a proposta de fazer o documentário com os professores da universidade.
"A proposta foi evoluindo. Sou encantada com o elemento humano na sua democrática expressão da existência. Esse, é um projeto meu, bancado por mim. Iniciamos as filmagens em maio de 2016 e o grupo de pesquisa de extensão, foi copilando. Inicie as abordagens reais e depoimentos com os professores", contou.
"A gente levou 18 meses para fazer o filme porque entrou em um processo muito difícil. Embora o assunto LGBT já se tem muito avançado, a constituição ainda é muito frágil no que se refere a questão de gênero. Fomos formatando e enriquecendo o material. Uma conselheira da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], foi dando consultoria jurídica, porque tudo que se faz sobre documentário você tem que responder", destacou Mara.
Segundo a diretora, os personagens que estão no filme são pós-doutores e cientistas sócias. "A obra tem falas sofridas, que tentei dignificar. É um cuidado meu de direção, de dignificar a pessoa e essa capacidade intelectual. É um momento no qual muito se avançou, mas, ainda está as escuras. O documentário faz essa mostragem", afirmou.
"O guilherme fala: Não vou dizer que a gente pode ter uma felicidade infinita, porem, podemos ser felizes em vários momentos das nossas vidas, até mesmo sendo homossexual", releva Mara sobre um trecho do filme.
De acordo com a diretora, na obra, os personagens também falam sobre o abandono, preconceito e como fizeram para dar a volta por cima. "Ainda não existe um documentário dessa plataforma, não no mesmo enredo. É um trabalho inédito que mostra as lagrimas e o sofrimento das pessoas que passam por essa situação", concluiu.
Entre os personagens da obra estão os professores: Alexandre Meira de Vasconcelos, de Engenharia de Produção; Flavio Adriano Nantes, de Letras; Marcelo Victor Rosa, de Educação Física; Waldson Luciano Correa Diniz, de História; além de Guilherme e Tiago docentes do curso de Ciências Sociais. O filme foi produzido pela empresa "Águas Comunicação".
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