Oficina de artesanato ocupa e profissionaliza detentas no presídio feminino de Campo Grande
Criatividade, talento e capricho são algumas palavras que ajudam a definir o resultado dos trabalhos artesanais desenvolvidos por internas do Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi” (EPFIIZ), unidade de regime fechado de Campo Grande. Por meio de técnicas de costura, tricô, crochê e bordado, são confeccionadas pelas detentas peças variadas como colchas, jogos de banheiro, tapetes, panos de prato, almofadas, entre outros.
A iniciativa representa não só uma ocupação produtiva que contribui com a rotina de disciplina na unidade penal, traz uma nova perspectiva de vida para as reeducandas, pois serve para que se aprimorem nas práticas ou mesmo aprendam uma nova profissão, que poderá garantir renda lícita quando conquistarem a liberdade.
As custodiadas são selecionadas de acordo com a aptidão para o trabalho e disciplina. Atualmente, 11 estão trabalhando no setor. Pelo serviço, elas recebem remição na pena. O dinheiro arrecadado com a venda das peças é revertido na compra de novos materiais e para ajudar na manutenção do presídio, como o custeio na fabricação dos uniformes, além de ser revertido em favor das artesãs.
No local, o conhecimento é passado de uma para o outra e, somando-se às revistas instrutivas e a força de vontade, criam-se peças únicas e carregadas de sonhos e perspectivas. A produção média gira em torno de 30 artesanatos por mês, conforme a chefe do Setor de Trabalho do estabelecimento prisional, agente penitenciária Michele Aparecida Fruhauf. “Alguns são mais complexos, possuem mais peças, e chegam a demorar uma semana para ficarem prontos, pois são cheios de detalhes”, comenta Michele.
Presa por tráfico de entorpecentes, a interna Joyce Sibanda, 40 anos, de nacionalidade sul-africana, encontrou no trabalho na oficina de artesanato uma oportunidade de buscar novos caminhos. Hoje especialista na máquina de bordar, ela conta que não tinha noção nenhuma de costura ou qualquer outra técnica. “Aqui eu aprendi a costurar e a bordar e isso me fez perceber como sou capaz de fazer coisas bonitas, e não fazer coisas erradas que podem destruir o meu futuro”, afirma. Segundo Joyce, o trabalho também ajuda a amenizar a dor da saudade da família. “Aqui o tempo passa mais rápido, não fico ansiosa”, comenta.
De acordo com a diretora do EPFIIZ, agente penitenciária Mari Jane Boleti Carrilho, a venda das peças acontece principalmente durante as feiras de artesanato, como as realizadas no Fórum de Campo Grande, por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Ministério Público, Poder Judiciário e Conselho da Comunidade.
No entanto, a dirigente explica que encomendas são abertas ao público em geral caso alguém queira adquirir trabalhos artesanais feitos pelas internas. Um portfólio com vários modelos está disponível no site da Agepen (www.agepen.ms.gov.br/artesanatos-presidios-do-ms/), onde constam também trabalhos produzidos em outros presídios da Capital. Segundo Mari Jane, as pessoas interessadas em adquirir peças do EPFIIZ podem entrar em contato com o setor de trabalho através do telefone (67) 3901-1337.
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