Artesanato | Da redação | 03/05/2016 14h27

Exposição no Fórum reúne artesanatos confeccionados por reeducandos

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Peças delicadas e únicas que surpreendem pela qualidade e bom gosto. Assim estão sendo definidos pelo público os trabalhos artesanais da “4ª Feira Artesão Livre” – Especial Dia das Mães, confeccionados em presídios, que estarão expostos no Fórum de Campo Grande durante toda esta semana.

Iniciada nesta segunda-feira (2), a exposição reúne para a venda, peças como tapetes, esculturas, enfeites em madeira etc., tudo confeccionado por detentos do Instituto Penal de Campo Grande, Presídio de Segurança Máxima, Centro de Triagem, Presídio de Trânsito e Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”. A ação é realizada por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Ministério Público Estadual, Conselho da Comunidade de Campo Grande, Tribunal de Justiça e Fundação Social do Trabalho (Funsat).

“Está tudo muito lindo, queria poder levar tudo para a minha casa”, afirma a analista de sistemas Rosimeire Fontoura, que não resistiu e comprou uma bandeja e um porta guardanapos da feira. Segundo ela, além da qualidade das peças adquiridas, a função social desse trabalho também é muito motivadora. “É muito gratificante saber que ao comprar um artesanato aqui – muito bem feito e que será muito útil na minha casa – estou também contribuindo para a transformação de vida dessas pessoas, pois sei que, de certa forma, estou ajudando a afastá-las o muno do crime”, declara.

Segundo a promotora de Justiça Jískia Trentin, uma das idealizadoras e organizadoras do evento, a iniciativa tem como objetivo expor à população trabalhos desenvolvidos por detentos nas unidades prisionais de regime fechado da Capital e possibilitar também que as peças sejam comercializadas, representando um sustento para as famílias dos internos, já que a renda arrecadada durante a exposição será revertida para presos que confeccionaram as peças, bem como para a confecção de novos artesanatos.

Outro fator importante que a feira pretende atingir, conforme aponta a promotora, é chamar a atenção de empresários para que se possam implantar parcerias de trabalho com o sistema penitenciário ou mesmo fazer encomendas em grande escala para presentear seus funcionários durante as comemorações corporativas. “Todas as unidades também confeccionaram portfólios que estamos apresentando a empresários com esse objetivo”, informa.

A promotora destaca ainda a dedicação e profissionalismo da equipe de agentes penitenciários para que feira se torne possível. “Existe muito empenho dos agentes penitenciários para que essa exposição seja possível, são profissionais muito dedicados e que amam o que fazem”, frisa.

De acordo com o diretor de Assistência Penitenciária da Agepen, Gilson de Assis Martins, atualmente cerca de 300 reeducandos trabalham com artesanato nos presídios de regime fechado de Campo Grane, ocupação produtiva que, além de gerar renda, garante remição de um dia na pena a cada três trabalhados. Conforme ele, tudo é monitorado pelo setor de trabalho de cada unidade prisional. “É importante proporcionarmos meios de reinserção social aos nossos custodiados e incentivar a prática do labor é muito necessária nesse sentido”, ressalta.

Novidade

Pela primeira vez, nesta 4ª edição da feira, que já faz parte do calendário de eventos da Agepen, um reeducando está confeccionando peças artesanais ao vivo durante a exposição. Everton Quinhones Ribeiro, 29 anos, atualmente em cumprimento do regime semiaberto, está pintando paisagem em azulejos e recebendo imediatamente os elogios e admiração do público que visita a feira. “Quando estava no Presídio de Trânsito fazia peças para serem expostas aqui, mas este ano foi possível eu participar e está sendo muito bom, para mim é um reconhecimento como artista.

Cumprindo pena por tráfico de entorpecentes, o reeducando garante que é na arte que está se inspirando para seguir um novo rumo em sua vida. “Quero aproveitar o meu talento, e dele tirar o meu sustento, sei fazer muita coisa no artesanato, desde crochê, peças em couro pintura, entre outras coisas, amo fazer isso e quero seguir esse caminho”, assegura.

Além do trabalho digno, também garante que quer usar a arte para ajudar a afastar crianças da criminalidade, a exemplo de um projeto desenvolvido por seu pai na área de esportes. “Ele ensina karatê para jovens do meu bairro, para que eles se afastem do crime, e acabou que eu que fui para o crime, por pura ambição, vendi minha moto e meu carro para comprar droga e fazer dinheiro, acabei preso e perdendo tudo; quero usar o meu exemplo para que outros não cometam o mesmo erro que eu, e a melhor maneira de ajudar é através da minha arte”, afirma.

A “Feira Artesão Livre” acontece até sexta-feira (6), no Átrio do Fórum de Campo Grande, das 12 às 19 horas.

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