Artesãos independentes farão show de obras e transformação na Capital

A percepção de que a cultura se transforma, a cada dia, em excelente negócio não nasce no Brasil. Essa visão é uma tendência mundial que vem se consolidando nos últimos tempos. Em 2012, dados divulgados pelo Banco Mundial, mostravam que a cultura ajuda a produzir cerca de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) global. No Mato Grosso do Sul o encontro entre economia e arte se dá justamente no artesanato. E, neste final de ano, a união vai acabar em show. Assim, neste natal, um grupo de artesões independentes vai expor trabalhos no armazém cultural de Campo Granede. Neles, não só existe muita beleza, mas histórias de superação.

O evento será a partir do dia 16 até 20 de dezembro, onde Campo Grande vai receber a edição natalina da feira de artes e artesanato, Art’Show Artesanal. A ação foi idealizada por artesões para criar oportunidade de expor, divulgar e vender os trabalhos que cada grupo produz. No grande hall do Armazém Cultural haverá os mais variados tipos de produtos, desde trabalhos em patchwork, cerâmica, brinquedos e até artigos de moda com sapatilhas, bolsas e chinelos.

De acordo com a coordenadora do evento, a artesã Leila Maria Pimental, mais de 100 artesões vão expor na feira. A iniciativa, que completa um ano neste natal, vem crescendo, segundo a coordenadora. “No nosso primeiro evento, o Bazar de Natal, em dezembro de 2014 Contávamos com cerca de 30 artesãos. Na terceira edição erámos 80 e agora o número volta a aumentar”, comenta.

Para Leila o sucesso do evento está relacionado a dois fatores. Em primeiro lugar, o reconhecimento comercial do artesanato. “Dificilmente, anos atrás, uma pessoa obteria os mesmos resultados que estamos obtendo. Hoje as pessoas valorizam mais um produto do artesanato, fazendo questão de comprar algo que é feito dessa forma do que um produto industrializado. A valorização do artesanato motivou os artesões”, explica Leila.

Transformação

Em segundo lugar, o artesanato é tipo de ocupação que tem transformado a vida das pessoas. Leila conta que muitos artesões encontram alento e uma forma de terapia para tratar de depressões e enfrentar doenças como o câncer. Este foi o caso do artesão Ubaldo de Souza Martins. Diagnóstico com câncer no esôfago aos 60 anos, ele atravessou por um duro tratamento contra a doença.

“Quase morri, fiquei muito mal. E durante esse tempo permaneci em casa lidando com tudo isso. Nesse período comecei a fazer artesanato para tentar tirar as coisas ruins que passagem na minha cabeça. O trabalho manual acabou me ocupando a ponto de mudar o foco da minha vida. Isso me ajudou durante o tratamento do câncer. Deu-me forças”, relembra Ubaldo.

Hoje, aos 66 anos, só o câncer ficou no passado. O artesanato permaneceu na rotina do aposentado. Seu trabalho rende por mês um complemento de renda entre R$700 à R$800. Com este dinheiro, ele completa sua aposentadoria e dá um novo sentido a sua vida, após o câncer. “O artesanato é gratificante, sem ele não sei como seria”, desabafa.

Ressaltando o aspecto transformador do artesanato, o Art’Show não vai apenas reúne histórias como essa, mas serve de vitrine para um trabalho que tem mudado a vida de muitas pessoas. Por isso, o evento ainda promove uma ação social, que pretender arrecadar brinquedos para o Centro Social Dom Boscom com 167 crianças. A doação será feita pelos próprios participantes da feira, mas o público está convidado a contribuir também na campanha.

Serviço

A feira será realizada na Av. Calógeras, número 3065, bairro Centro. Ao lado da Feira Central. A entrada é gratuita. O evento possui praça de alimentação. O horário de funcionamento nos dias 16, 17 e 18 de dezembro, das 16h às 22h. Dia 19, das 11:30h às 22h e 20 de dezembro, das 11h às 21h. Informações: (67) 8452-3938