Arquitetura | Da redação/com Campo Grande News | 30/03/2014 12h28

Em Três Lagoas, moradores cobram conservação de casarão de 100 anos

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Três Lagoas (MS) - Moradores de Três Lagoas, a 338 quilômetros de Campo Grande, pedem a conservação, tombamento, restauração e preservação de um casarão construído na cidade em 1914, há um século. O imóvel, que fica na região central do município, na Rua Paranaíba, foi a casa de uma família de portugueses e Consulado Português, de 1928 até a década de 50, segundo levantamento preliminar da Prefeitura.

O prédio chama a atenção pelos traços e arquitetura antiga, com elementos estéticos da art nouveau, mas está abandonado, cada vez mais deteriorado, em uma área de pleno desenvolvimento.

Na cidade, quem admira o casarão branco luta para que ele ganhe a atenção do poder público e seja, pelo menos, restaurado. No Facebook, há inclusive, uma página dedicada ao imóvel. Nela, os envolvidos pedem uma solução imediata.

“Não empurrem com a barriga o que rapidamente deve ser feito com as mãos. Salvem o casarão do Consulado Português da demolição e abandono. Pela preservação da nossa história, do nosso passado e do nosso futuro”, cobram.

A “campanha” tem o apoio do vereador Nilo Cândido (PDT), autor de uma lei, aprovada em 2013, que protege o patrimônio histórico municipal. Antes, os tombamentos eram por decreto e poderiam ser derrubados a qualquer momento.

“No ano passado nós fizemos um movimento, mas não tínhamos essa lei. Agora, vamos fazer um levantamento histórico para pedir isso e fazer dali um conservatório musical, um centro cultural”, disse.

Negociação - O imóvel é de propriedade da família Mendes. A boa notícia que os herdeiros do proprietário, o cônsul Teotônio Mendes, aceitaram vender o prédio ao município, mas pedem R$ 1,4 milhão, valor bem acima do ofertado.

O coordenador do setor de patrimônio, do departamento de cultura da Prefeitura, Rodrigo Pedroso Fernandes, disse que, por enquanto, não houve acordo.

“Oferecemos R$ 800 mil, que é o valor. Ele não vale R$ 1,4 milhão, mas eles estão sendo bem orientados juridicamente. Continuamos negociando, mas ainda não podemos injetar dinheiro lá porque não é um bem público”, disse.

O levantamento histórico ainda está sendo feito, mas Rodrigo já se refere ao casarão como um projeto integrador, com valor sociopolítico e memorial pela formação da identidade três-lagoense.

“Os portugueses, quando chegavam aqui para trabalhar na estrada de ferro, eram abrigados nele. O alojamento para os imigrantes ficava no porão. Todos os trâmites legais eram resolvidos ali, como estadia, certificado de identidade, carta de chamada e outros documentos comuns”, explicou.

Igrejinha - O casarão do Consulado, no entanto, não é o único imóvel que o poder público tem a intenção de preservar, salientou. Há uma igrejinha. O templo, levantado em homenagem a Santo Antônio de Pádua, completa 100 anos em 2014 e seria mais velho que a própria cidade. Fica no centro de Três Lagoas, na Avenida Antônio Trajano dos Santos.

Tem capacidade para, pelo menos, 70 pessoas. É de alvenaria e mistura vários traços, da arquitetura religiosa portuguesa à gótica e românica, com colunas no interior e um altar, nas palavras do coordenador, “despojado, simples, sem muito requinte estético”.

A igrejinha, afirmou, assim como o casarão, já é tombada por decreto, mas deve ser protegida por lei municipal. A mesma coisa deve ser feita com outros bens materiais e imateriais da cidade, como o obelisco, relógio central, ferrovia e até um pé de jatobá.

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