Arquitetura | Da redação/com Campo Grande News | 06/03/2014 14h08

Em container, lanchonete quer criar espaço para cultura e servir o gosto mineiro

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Campo Grande (MS) - Os tapumes ainda não deixam tão visível, mas na rua Jeribá, no bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande, um container está virando lanchonete. Com portas em automático, quatro abas viram tablado para as mesas e cadeiras. Grafitado à base dos traços de Romero Britto com inspiração sul-mato-grossense, a estrutura já revela que o sabor vai caminhar junto à cultura.

A previsão é de abrir entre o final da semana que vem, começo da próxima. Entre a correria para os preparativos, a proprietária Teresa Tânia da Silva, de 43 anos, resume “é um trailer de lanches, mas moderno e bem chique”. O container é, segundo ela, lataria de aço legítimo. Vindo de Itajaí, as quatro portas laterais obedecem ao comando de um botão para o abrir e fechar da lanchonete, que quando tocam o chão viram espaço para as mesas e cadeiras.

Em meio aos pontos da cidade, do obelisco, relógio da 14, passando pela fauna campo-grandense e marcos do Parque das Nações Indígenas, da cozinha do que parece um trailer sairão lanches tradicionais, mas com um toque de mineiro. Resultado da experiência de dois anos com um carrinho de lanches na mesma rua, quadras abaixo.

Teresa é uma das donas, o negócio tem outros dois sócios, mas foi ela quem trocou o trabalho no Tribunal de Justiça do Estado para vender lanche. Advogada, passou para o ramo da alimentação já pensando no container, mas começou pequeno, até saber o que iria cair ou não no gosto popular. “Aqui se come muito aquele molho de alho, vai ter também pastas assim”, diz. O cardápio ainda não foi fechado e parece ser segundo plano quando o espaço e a vontade é de abrigar cultura.

Como o container está em dois terrenos, a área permite um jardim para clientes e artistas ficarem à vontade. “Minha ideia é produzir cultura, que viessem para cá exposições, a única coisa que não posso apoiar é música, por aqui ser área residencial”, explica.

Teresa não fechou nada com patrocinadores, para ter a liberdade de abrir as portas a quem quiser se achegar. Acima do container ainda vai um deck, mas isso pode ficar para depois da inauguração. “Vou abrir sem, porque já tem muita cobrança”, brinca.

O espaço realmente é inédito em Campo Grande. A ideia do container como arquitetura gastronômica veio do México. “Lá é comum encontrar restaurantes e bares em containers, agora com esse boom das obras é que tem vindo para cá, mas para residências”, afirma.

Entre tantos detalhes, ela desabafa que é “suspeita para falar”, já que o lugar tem até assinatura de um cenógrafo do Rio de Janeiro para harmonizar grafite, iluminação e espaço.

O muro do fundo leva também o grafite de Sullivan, artista daqui que começou os traços para uma homenagem ao mestre, Manoel de Barros. “Queria trabalhar com arte, eu enxergo arte, cultura no grafite e aqui, os bares, restaurantes, não têm a cultura de homenagear o que é daqui. Eu adotei Campo Grande e aqui mostra que eu acredito no Estado, na arte e na cultura”, reforça Teresa.

O mesmo painel que hoje abriga Manoel de Barros será livre para quem quiser grafitar, liberdade que aliás estará por todo lugar. “Quem quer expor, pode nos procurar, tem gente aqui o dia todo”, convida.

A lanchonete levará o nome da estrutura. “Contêiner Lanches”, vai abrir as portas, em automático, de terça a domingo, das 18h às 2h da manhã.

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